Mundo
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Grupo Damas de Blanco marcha em Havana com imagem de líder
Laura Pollan, que morreu em 2011
Fabiano Maisonnave/Folhapress
#COMENTÁRIO
Infeliz e incompetente o governo cujo
povo não o reconhece, não o aceita independentemente da opinião de outros
países. Enquanto o mundo fica na expectativa de alguma mudança com a
aproximação dos EUA à Cuba, uma parte dos cubanos agredidos pelo estado simplesmente
não mantém a menor esperança de melhorias. Não há como questioná-los, mas há
que se levantar as antenas para acompanharmos como as coisas acontecerão nos
próximos anos desse enlace problemático. Poderíamos dizer: - “Não temos nada
com isso.”, é bem verdade, mas nosso governo atual é muito ligado a Cuba, suas
ações estão estreitamente em parceria com o regime de Raúl Castro. É bom a gente se proteger... Começa-se a tomar
conhecimento de que volumes muito grandes de dinheiro brasileiro estão sendo
aplicados nesse país e o seu retorno...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITEAPROSA
Como você vê essa recusa do povo cubano?
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PATRÍCIA CAMPOS MELLO - FABIANO MAISONNAVE - ENVIADOS ESPECIAIS A HAVANA - 22/12/2014
No primeiro
protesto em Havana do grupo de dissidentes Damas de Branco depois do anúncio da
reaproximação entre Cuba e EUA, não houve repressão do governo.
Mesmo assim,
oposicionistas estão céticos sobre a possibilidade de mudanças na ilha e
ansiosos com a falta de notícias sobre os 53 presos políticos que serão libertados,
parte do acordo com os EUA.
A "dama de
branco" Adis Nidia Dayer, 46, que disse que teve seu braço quebrado por
uma policial em um protesto no último dia 10, caminhava calmamente ao lado de
outras 70 integrantes do grupo no domingo (21) de manhã.
"Natural que
hoje eles não façam nada, está todo o mundo olhando", disse. Segundo ela,
a policial quebrou seu braço com o cabo de uma arma, enquanto gritava:
"Mercenária, se vende para os americanos."
"Abaixo a
ditadura castrista! Cuba sim, Castro não", gritava Rebeca Rojas, mostrando
seu "sorriso de drácula", como ela se refere ao fato de ter perdido
dois dentes da frente depois de apanhar em uma manifestação em 2011.
"Até hoje não
consertei os dentes, para lembrar o que me aconteceu", diz ela, que se
tornou opositora depois que confiscaram a loja de seu pai e ela e o quatro
irmãos, pequenos na época, tiveram que sobreviver de uma pensão mínima. Em
2001, seus pais partiram para a Flórida.
Angel Moya,
ativista que ficou oito anos preso, está preocupado com a lista de 53 presos
que serão libertados.
"Como sempre,
não sabemos nada, é o mesmo secretismo que sempre cerca todas as ações do
governo", diz Moya, que é marido de Berta Soler, líder do grupo.
A vendedora
Mercedes Rico, 59, só se juntou às Damas de Branco após a prisão do filho, o
dissidente Alexander Fernandez, 39. "Comecei a vir para buscar
conforto."
Ela afirma que
Fernandez foi condenado a dois anos por desacato à autoridade, mas já está
preso há três anos. Nesse período, diz, ele fez duas greves de fome e perdeu a
visão de um olho como sequela. Também teria sido espancado na cadeia.
Ela não sabe se o
filho estará entre os 53 que serão soltos, mas está esperançosa por causa de
uma quebra na rotina: "O meu filho sempre me chama às sextas-feiras, mas
desta vez não ligou".
Outra grande
questão é se irão libertar Ernesto Borges. Ele está preso há 17 anos, acusado
de tentativa de espionagem. Era do serviço de contraespionagem cubano e tentou
entregar aos americanos, sem sucesso, uma lista com os nomes de 26 espiões
cubanos infiltrados nos EUA.
Foi condenado a 30
anos, dos quais dez passou em uma solitária. "Meu filho é um dos homens
mais odiados pela ditadura, é considerado questão pessoal para Raúl Castro, não
sei se será libertado", diz seu pai, Raul Borges.
Borges chegou a
dividir uma cela com Rolando Sarraff, que fez parte da troca de prisioneiros
esta semana entre os dois governos, junto com o americano Alan Gross.
CONTRA O ACORDO
Egberto Escobedo,
que ficou 15 anos na prisão, acha que a aproximação com os EUA não ajuda em
nada, e até atrapalha. "Obama fez todas as concessões, enquanto Raúl não
fez nenhuma: Cuba não passará a ter eleições ou liberdade de expressão",
diz. "O dinheiro que vai entrar, em investimentos e turismo, será uma
injeção de oxigênio para os ditadores."
A maioria das
damas de branco recebe 25 CUC (cerca de US$ 25, ou R$ 66), vindos de uma ONG em
Miami. "Não conseguimos arrumar emprego aqui em Cuba, nos chamam de
contrarrevolucionárias e dizem que não somos confiáveis", diz Adis.
Neste domingo,
Obama disse que, ao restabelecer relações, os EUA têm "oportunidade de
influenciar o rumo dos acontecimentos em um momento em que haverá mudança de
gerações na ilha".
O ativista Antonio
Rodiles é cético. "Depois do castrismo, teremos o neocastrismo, com
descendentes de Raúl e Fidel e filhos de generais. Queremos verdadeira
transição democrática, não autoritarismo tropical. Esse acordo legitima o
neocastrismo."
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