Cidadania
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O professor Marcos Nobre, doutor em filosofia pela
Unicamp
#COMENTÁRIO
Depois de cinco dias de descanso, cá estamos nós dando
nossos palpites sobre as notícias... Dito isto, estive lendo uma reportagem da
Folha de São Paulo de hoje, sobre a atual situação política no Brasil e o
envolvimento das pessoas para com ela.
Com muita propriedade, Nobre fala sobre
o despertar de uma geração com relação ao posicionamento político, ainda que
sem muito conhecimento de causa. Como num processo de crescimento qualquer, a
partir de acontecer o despertar, adiciona-se gradualmente conhecimentos e
definições de posicionamento sobre os objetivos. Esses posicionamentos sempre
se definirão de dois elementos informativos previamente filtrados e devem ser
orientados por sociólogos e políticos para que a massa envolvida não derive
para situações antagônicas aos interesses da população em geral e não para uma
minoria interesseira.
Estamos engatinhando no processo de uma
consciência política plena no Brasil, o que pessoas de alta referência no País
devem ter sempre em mente, é que serão elas as bases do caminhar desses
aprendizes, todas as suas falas, suas opiniões, seus procedimentos serão vistos
e copiados, podendo estimular a compreensão e acordos públicos ou a
acirramentos de nervos com consequências drásticas...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Como fazer com que brasileiros em vez de
se dividirem, se unam por um viver melhor?
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ELEONORA DE LUCENA - DE
ENVIADA ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO (SP) - 30/10/2014
"A eleição acirrou a luta de classes. Estamos
num momento em que a democracia brasileira tem que se decidir se vai se
aprofundar ou se vai continuar patinando. As instituições até agora funcionaram
para bloquear a diminuição da desigualdade no país. É a ideia de que todo mundo
tem que andar em bloco para que todos fiquem mais ou menos onde estão."
As ideias são de Marcos Nobre, doutor em filosofia
pela Unicamp. Para ele, as eleições foram "uma guerra em torno da grade de
classes do país": o que está em jogo é a manutenção ou não dessa grade.
Nobre participou na noite desta terça (28) de
debate sobre eleições no 16º encontro nacional da Anpof (Associação Nacional de
Pós-Graduação de Filosofia) que ocorre nesta semana em Campos do Jordão (SP).
Para ele, "as revoltas de junho abriram um horizonte que parecia fechado,
e essas eleições já são expressão de que alguma coisa mudou no sistema
político".
Uma das coisas mais extraordinárias de 2014 "é
que a direita trocou os blindados do Exército por blindados privados – esses
carros enormes, que parecem militares, e que têm o adesivo do Aécio".
Sua fala arrancou aplausos e risos da plateia (mais
de 350 pessoas) que lotou a sala.
"Fico feliz que exista uma direita no Brasil
que ache que a rua é dela. É um avanço democrático enorme, mas pode haver
formas de convivência na rua menos brutais. A direita descobriu que a rua é
dela também em junho de 2013, quando a esquerda também descobriu que pode ter
mobilização de massa", disse.
ÓDIO
Alguém perguntou sobre o ódio na eleição:
"Estou contente que esse ódio tenha aparecido nesta eleição, porque não
aguentava a pasmaceira de antes. É uma coisa que deve ser cultivada. Não
devemos recuar de medo, dizendo que isso é muito perigoso. É preciso ver esse
ódio como manifestação de uma sociedade que quer aprofundar sua democracia.
Redemocratizar demorou 30 e poucos anos; democratizar espero que demore
séculos. Mas junho de 2013 foi um bom começo".
Nobre expôs sua tese sobre o peemedebismo, nome que
dá ao bloco conservador no país. Reunindo múltiplas forças políticas e formando
um bloco hipermajoritário no Congresso e na sociedade, o peemedebismo surgiu
como forma de afastar golpes do início da redemocratização. O processo de
impeachment, em 1992, reforçou a ideia da necessidade do blocão, sem oposição
forte, para garantir a governabilidade – uma marca do governo FHC.
Para ele, Lula ocupou esse bloco pela esquerda,
desidratando a oposição: "O sistema político funciona num grande
condomínio peemedebista: é sempre o mesmo bloco, o que muda é o sindico".
Em 2014, porém, a polarização está de volta: "Voltamos a ter pelo menos a
disputa, para valer, pelo posto de síndico".
Do outro lado da mesa de debates na Anpof, visão
divergente foi exposta por João Carlos Brum Torres, professor de filosofia em
Caxias do Sul (RS). Ele está preocupado com a divisão do país.
"Vejo duas derivas que seriam desastrosas para
nós. Uma se o governo fizer uma deriva argentina ou bolivariana, de conflito
com setores conservadores, a imprensa. Se for por esse lado, as coisas vão se
agravar e gerar uma crise aguda. Espero que não ocorra. A outra deriva é
ressuscitar o lacerdismo. Lula usou bem essa palavra."
Para Brum Torres, esse risco de lacerdismo não
viria das grandes lideranças do PSDB, mas da opinião pública:
"Especialmente em São Paulo há uma voz de repúdio absoluto e completo.
Aqui, no núcleo do capitalismo brasileiro, há uma profunda insatisfação com o
sistema de representação política".
Ele ressaltou que Aécio não é Carlos Lacerda, mas
aponta radicalização nas redes e na mídia: "Especialmente nas revistas
semanais há uma posição extremamente agressiva de deslegitimação e
desmoralização do governo. Isso é um elemento de tensão muito agudo e vai
criando um clima de insatisfação que é potencialmente ensejador de um
agravamento da crise".
Ele diz não ver possibilidade de ruptura agora, mas
lembra que o Brasil "não tem tradição de resolver bem situações muito
tensionadas".
A seguir, Nobre alfinetou o centro econômico do
país: "São Paulo tem que acabar com seu complexo de bandeirante".
Brum Torres deu sua explicação para o oposicionismo paulista: "São Paulo
sempre foi muito poderoso e nunca esteve propriamente mandando no Brasil. Isso
desde 1930, quando se separou o centro do poder econômico do centro político.
Dilma é intolerável para São Paulo por causa disso, porque acentua essa
distância".
Ligado ao PMDB gaúcho, ele divergiu de Nobre:
"[Eles] Cumprem uma função estabilizadora no país, que é muito importante
e vai continuar".
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