Sociedade
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Paulo Eduardo Arantes, filosofo 71 anos
#COMENTÁRIO
Numa abordagem muito profunda sobre o assunto,
o filósofo Paulo Arantes identifica no seio da população brasileira o surgimento
de um novo conceito político, apartidário e sem vínculo com qualquer ideologia
política. Com tendências claramente de direita, por se colocarem contra as
promessas, os feitos e os métodos administrativos da situação que são
declaradamente de esquerda. A oposição explícita, que também é de esquerda, não
consegue arrebanhar essa nova classe que já se mostrou arredia à todas as
buscas por políticos desesperados pelos números de seus quase quarenta por
cento de abstenções e votos nulos e em branco no último pleito.
Buscou-se incessantemente o
arrebanhamento desse contingente de pessoas para suas alas e nada se conseguiu.
Enquanto esquerdistas de situação e oposição se digladiaram antes do pleito e
continuam ainda depois, esse novo grupo permanece atento aos aumentos de preços
e impostos que começam a se mostrar, as tarifas represadas começam a serem
elevadas, os acordos e conchavos políticos afloram e mostram suas garras, para
desespero de um povo que ainda está inebriado pela vitória ou derrota de seus
partidos e coligações nas urnas.
Projeta-se um novo cenário de disputa e
cobrança para as próximas eleições e os atuais políticos devem se adaptar para
encarar e se saírem bem nas próximas contendas e disputas, simples palavras e
promessas vazias não vão convencer ninguém às suas causas. Nomes pomposos e
tradicionais de partidos não serão passaporte para uma vitória nas urnas,
haverá necessidade de um melhor estreitamento de relações entre político e
eleitor, em breve começarão a serem levados em consideração os currículos
políticos de cada candidato que tentar se aproximar do eleitor. É bom pensarem
nisso, senhores políticos...
#Disse
Carlos Leonardo
#CONVITE
Como você vê essa nova classe de
eleitores em formação?
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ELEONORA DE LUCENA - ENVIADA
ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO (SP) - 31/10/2014
O "surto de impaciência" revelado pelas
manifestações de junho de 2013 "provocou um surto simétrico e antagônico
que é o surgimento de uma nova direita, um dos fenômenos mais importantes do
Brasil contemporâneo. Uma direita não convencional, que não está contemplada
pelos esquemas tradicionais da política".
Quem faz a análise é o filósofo Paulo Eduardo
Arantes, professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo). Ele compara o
que acontece aqui com a dinâmica nos Estados Unidos:
"A direita norte-americana não está mais
interessada em constituir maiorias de governo. Está interessada em impedir que
aconteçam governos. Não quer constituir políticas no Legislativo e ignora o
voto do eleitor médio. Ela não precisa de voto porque está sendo financiada
diretamente pelas grandes corporações", afirma.
Por isso, seus integrantes podem "se dar ao
luxo de ter posições nítidas e inegociáveis. E partem para cima, tornando
impossível qualquer mudança de status quo. Há uma direita no Brasil que está
indo nessa direção", diz o filósofo.
Segundo ele, "a esquerda não pode fazer isso
porque tem que governar, constituir maiorias, transigir, negociar, transformar
tudo em um mingau". Nesse confronto, surge o que sociólogos nos EUA
classificam como uma "polarização assimétrica", com um lado sem
freios e outro tentando contemporizar.
Na avaliação de Arantes, o conceito de polarização
assimétrica se aplica ao Brasil. "A lenga-lenga do Brasil polarizado é apenas
uma lenga -lenga, um teatro. Nos Estados Unidos, democratas e liberais se
caracterizam pela moderação – como a esquerda oficial no Brasil, que é
moderada. O outro lado não é moderado. Por isso a polarização é
assimétrica".
"Fora o período da eleição – que é um teatro
em se engalfinham para ganhar – um lado só quer paz, amor, beijos, diálogo,
tudo. Uma vez que se ganha, as cortinas se fecham e todo mundo troca beijos,
ministérios – e governa-se. Mas há um lado que não está mais interessado em
governar", afirma.
JUNHO DE 2013
Arantes fez essa análise no final da tarde de
quarta-feira (29), em palestra sobre as manifestações de junho de 2013 no 16º
Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação de Filosofia, que acontece
nesta semana em Campos do Jordão (SP).
O filósofo contestou a visão de protagonistas dos
protestos, para quem o movimento não foi um raio em céu azul, já que foi
precedido por várias rebeliões por melhoria no transporte público pelo país
afora nos últimos anos.
Na opinião de Arantes, todos foram apanhados de
surpresa: "Ninguém esperava que isso acontecesse, nem os próprios
protagonistas, nessas proporções. Foi absolutamente inesperado. Não temos mais
ouvido para decifrar qualquer sinal de alarme".
Ele criticou o que considerou uma tentativa de
sufocar a originalidade do movimento de junho. Discutiu também a visão de que
os protestos tiveram fôlego curto.
Citando o compositor Geraldo Vandré, o pensador
Ernst Bloch (1885-1977), texto literário, documentário, o filósofo fez um
desenho do país: "Desaprendemos a esperar. Isso é que mudou. Mudou a
relação entre tempo e política", disse.
Para ele, essa mudança se reflete em esgotamento de
paciência: não dá mais para esperar: "E houve uma reviravolta também do
outro lado". Daí a nova direita.
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