Cotidiano
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Apenas uma reflexão...
#COMENTÁRIO
Estava eu há uns dias atrás conversando
com meu filho de mais de trinta anos de idade, profissionalmente bem
encaminhado na vida, culturalmente evoluído, falava a ele sobre minha
preocupação com a chegada do ano novo (dois mil e quinze), sobre a provável
inflação que começa a mostrar a cara. E
ele contra-argumentava que minha suposição era simplesmente ridícula e quase
improvável. Tentei dar-lhe amostras de como era difícil conviver com uma
inflação que corroia nosso salário diariamente, como supermercados remarcavam
os preços de manhã e à tarde, de como itens simplesmente sumiam de prateleiras
de uma hora para outra, de como o salário durava cada vez menos em relação ao
mês trabalhado, mesmo com o gatilho acionado mês a mês.
O que mais me assustava nessa conversa
é de que quanto mais eu falava sobre os possíveis problemas, mais eu lia em
seus olhos uma descrença sobre os fatos, a certeza de que eu exagerava nos
relatos. E o pior, dentro de sua visão de esquerdista, ele afirmava com toda
sua certeza, que isso seria impossível voltar a ocorrer, a equipe econômica
tomaria todas as providências para contenção do processo. Essa conversa durou
muito tempo entre argumentações e contra-argumentações, sem se chegar a um consenso.
E agora quieto em meu canto e
escrevendo isso fico pensando: - “Como uma geração toda pode ignorar os riscos
e sofrimentos ocasionados por desmandos governamentais. Como podem continuar a
responsabilizar o tempo de validade de um plano econômico que freou o sistema
inflacionário brasileiro e doze anos depois de mandato, não tomaram qualquer
providência para contenção do que está por vir? E ainda acreditam que nada disso acontecerá?”
#Disse
Carlos Leonardo
#CONVITEAPROSA
Será preciso novamente viver na pele os
problemas da inflação para podermos lutar contra?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
JOANA CUNHA - DE SÃO PAULO - 29/12/2014
O consultor de TI
Felipe Frederigh, 36, e sua mulher, a arquiteta Taianna Sant'Ana, 36, já
apontam o lápis para as contas de início de ano.
Só na última
semana foram anunciados aumentos de energia elétrica, água e transporte público
em São Paulo, valendo a partir de janeiro.
Os aumentos vão
agravar o tradicional aperto de começo de ano, que traz IPTU, IPVA e material
escolar.
Além disso, as
perspectivas são que a inflação siga pressionada em 2015.
Para o orçamento
de Felipe, uma das piores notícias é o aumento da gasolina: ele vai trabalhar
de carro e usa o veículo para levar à escola os filhos Teodoro, 5, e Maria
Carolina, 9. Mas a alta do ônibus encarecerá o transporte da doméstica.
A educação dos
filhos, item de maior peso no orçamento da família, vai ser reajustada.
"Trocamos a Maria Carolina de escola. Nem foi por causa do preço. Mas
vamos aproveitar que essa nova escola é um pouco mais barata e usar a diferença
para ajudar no curso de inglês", diz Taianna.
O gasto frequente
com veterinário devido a uma doença crônica de Tom, o gato de estimação, também
será equacionado. "Estou pensando em tirar do veterinário particular e
levar a uma clínica de universidade pública."
A economia de água
não será tão difícil de atingir, segundo Felipe, porque a família já aprendeu a
evitar desperdícios. "Mas a economia de energia é algo que a gente ainda
não começou a praticar. Vamos esperar ao longo do ano para entender melhor o
impacto desses aumentos."
Em uma simulação
realizada pelo professor da FGV e colunista da Folha Samy Dana, um paulistano que tem renda líquida de R$ 7.000 e
gastos mensais de R$ 800 com gasolina, R$ 300 de energia, R$ 70 de transporte
público, R$ 150 de água e R$ 2.000 em matrículas escolares terá um impacto
adicional de quase 7,3% em seu orçamento a partir das próximas semanas, quando
os reajustes entrarem em vigor.
Se a renda mensal
for de cerca de R$ 5.000, o reflexo inflacionário no bolso sobe para 10%.
O impacto varia
conforme a renda e a cesta de consumo, lembra a consultora financeira e
colunista da Folha Marcia
Dessen. "Cada família tem uma cesta de consumo, que pode ficar muito
distante da média."
Dessen diz que, quando a inflação começa a corroer o poder de compra, as famílias têm duas reações: consumir menos ou fazer substituições por itens mais baratos, como trocar carne por frango.
Dessen diz que, quando a inflação começa a corroer o poder de compra, as famílias têm duas reações: consumir menos ou fazer substituições por itens mais baratos, como trocar carne por frango.
Para Mauro Calil,
especialista em investimentos do Banco Ourinvest, o ajuste no orçamento de cada
família depende de suas prioridades.
Segundo Calil,
principalmente nos três primeiros meses do ano, muitos paulistanos terão de
abrir mão de gastos ligados a conforto e lazer.
"Também vai
sobrar menos recurso para formar poupança, o que é muito importante em termos
macroeconômicos", diz o consultor. "Isso, em última instância,
acelera a inflação."
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