Saúde
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Em uma das técnicas
de fertilização ‘in vitro’ com três doadores, o núcleo do óvulo fecundado da
futura mãe é retirado e transferido para o óvulo de uma doadora com
mitocôndrias saudáveis. (foto: Christina Ramires Ferreira/ FZEA-USP)
#COMENTÁRIO
Voltando a brincar de Deus novamente? Primeiramente
ocorreu com os casos de clonagem, que foi um escândalo no meio científico e principalmente
na igreja e agora essa novidade que uma criança pode nascer de três pais
diferentes. Já paramos para pensar nos riscos que decorrem desta tomada de
decisão?
Será que os benefícios relatados como a
formação do feto sem as doenças de herança mitocondrial, justificam os riscos
de uma manipulação genética pelo ser humano, levando-se em conta que não temos bons
históricos de responsabilidade e respeito à vida humana, de respeito ao ser
humano, de respeito às normas de criação o ser humano.
Deixando de lado os valores morais e
éticos, imagine esse conhecimento todo sendo dominado por mentes insanas. Que problema
traria para a humanidade, manipulações genéticas poderiam ser feitas para
atender a interesses de características próprias ao “bel prazer” do criador.
Sob a irresponsabilidade e a irreverência, estaria colocada a disposição de
qualquer mente insana o poder de decisão sobre como manipular uma nova
vida. Isso abriria um leque de opções infinitas para a humanidade...
#Disse
Carlos Leonardo
Na transferência
citoplasmática, o óvulo da mãe doadora é centrifugado e o citoplasma deslocado
para periferia da célula, facilitando sua remoção. Corada em vermelho está a
porção de mitocôndrias (letra M) e, abaixo delas, o núcleo contendo o zigoto
(4). (foto: Christina Ramires Ferreira/ FZEA-USP)
Saiba mais sobre o que você vai ler na matéria:
#CONVITEAPROSA
Acompanhe isso através da mídia, porque na tão tradicional Inglaterra,
está-se decidindo a validade desse método pelo senado.
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Se aprovadas, as técnicas de fertilização a três podem gerar
dúvidas sobre a paternidade da criança gerada. Geneticista da USP diz, no entanto,
que é pouco provável que haja influência do DNA mitocondrial sobre suas
características fenotípicas. (foto: Pal Csonka/ Scx.hu)
Técnicas de fertilização ‘in vitro’ com três
doadores podem trazer soluções para quem sofre de doenças mitocondriais e
deseja ter filhos. Pesquisadores britânicos defendem regulamentação dos
procedimentos na legislação regional.
Por: Gabriela Reznik - em 26/05/2011
Centenas de bebês
por ano nascem com sérias doenças genéticas de herança mitocondrial. Fardo
atribuído à linhagem materna – a única capaz de perpetuar essa herança - pode
ser resolvido por meio de novas técnicas de fertilização in vitro (FIV)
envolvendo três doadores. Dois deles – os pais que desejam ter o filho – já
estão envolvidos na técnica convencional de FIV. A novidade é o terceiro
elemento, que entra na história como um “doador de mitocôndria”. As
mitocôndrias, organelas fundamentais à geração de energia e ao metabolismo
celular, localizam-se no citoplasma de todas as células do corpo e possuem DNA
próprio – ou seja, diferente daquele presente no núcleo celular.
A fertilização com
três doadores poderia evitar a transmissão de mutações genéticas mitocondriais
de mãe para filho
As que estão no
óvulo fertilizado são passadas para a nova geração e, junto com elas, as eventuais
mutações genéticas contidas em seu DNA. Cerca de 70 tipos de mutações em genes
do DNA mitocondrial estão relacionados ao desenvolvimento de doenças, muitas
vezes, fatais. A fertilização com três doadores poderia evitar a
transmissão de mutações genéticas mitocondriais de mãe para filho e, assim,
evitar a manifestação dessas enfermidades.
Três alternativas
Ela pode ser feita
de três formas: por transferência de núcleo entre gametas, por transferência do
núcleo na fase de zigoto ou por transferência de citoplasma.
A primeira técnica
consiste na passagem do núcleo do óvulo da futura mãe para outro óvulo portador
de mitocôndrias saudáveis cujo núcleo tenha sido removido. O gameta proveniente
do futuro pai fecunda, então, esse óvulo híbrido.
No segundo tipo de
procedimento, o gameta masculino fecunda o óvulo da mãe doadora. Quando o óvulo
fecundado se torna um zigoto, seu núcleo é então transferido para o óvulo da
terceira doadora – previamente enucleado – com mitocôndrias saudáveis.
O terceiro método
de fertilização a três – a transferência citoplasmática – foi desenvolvido por
uma equipe da Universidade de São Paulo (USP), em
Pirassununga, coordenada pelo
geneticista Flávio Vieira Meirelles.
Nessa técnica, o
óvulo da mãe doadora é centrifugado e o citoplasma deslocado para uma porção
periférica da célula, facilitando sua remoção – junto com as mitocôndrias. O
citoplasma de uma doadora saudável substitui o da primeira doadora e o óvulo é
fertilizado pelo gameta masculino.
Além de evitar
doenças mitocondriais, a transferência citoplasmática é capaz de fazer com que
doadoras inférteis apresentem embriões viáveis. Os pesquisadores da USP verificaram que o novo
citoplasma introduzido pode ajudar no desenvolvimento do embrião.
Proibidas por lei
Embora a ciência
já permita que uma mulher com mutações no DNA mitocondrial tente ter filhos
saudáveis, por meio das técnicas mencionadas, ela ainda não poderia fazê-lo. O
procedimento é proibido por lei em diversos países, inclusive no Brasil. Hoje,
não é permitido utilizar óvulos geneticamente modificados, mesmo que a
alteração seja feita no DNA mitocondrial. Pesquisadores britânicos, em conjunto
com cientistas de outros países, incluindo o Brasil, estão pleiteando uma
mudança na legislação do Reino Unido para permitir o início da fase de estudos
clínicos em humanos da fertilização com três doadores. Em última instância,
pretende-se admitir a aplicação dessas técnicas nas clínicas de
fertilização.
As técnicas não
eliminam todas as mitocôndrias maternas, mantendo o risco de restarem organelas
afetadas
Relatório publicado pela Autoridade em Embriologia
e Fertilização Humana (HFEA) do
Reino Unido, no mês passado, indica que não há evidências de que as técnicas
apresentem riscos. No entanto, há necessidade de mais estudos em animais para
que os procedimentos sejam aceitos. “As técnicas de fertilização in
vitro com três doadores não eliminam todas as mitocôndrias maternas,
mantendo o risco de restarem organelas afetadas”, afirma Meirelles, que estuda
fertilização in vitro em modelos bovinos. “Mas sobram poucas
nessa condição: em geral, 4% a 5% da quantidade original”, pondera. O
pesquisador acrescenta que o objetivo das técnicas seria enriquecer o óvulo com
mitocôndrias saudáveis, mesmo sem a eliminação total das mitocôndrias
alteradas. Mesmo antes de as técnicas serem aprovadas, já surge a dúvida: essa
criança, fruto da fertilização in vitro com três doadores,
terá três pais?
Meirelles diz que
não. Para ele, é pouco provável que haja influência do DNA mitocondrial sobre
as características fenotípicas do indivíduo gerado – aquelas que fazem os pais
parecerem morfologica e fisiologicamente com seus filhos. “As funções e a
forma dos genes mitocondriais têm se mantido iguais para maioria dos organismos
ao longo de todo o tempo evolutivo e isso é um bom indicativo de que a
mitocôndria do terceiro doador será tão parecida com a dos pais doadores que
não afetará o fenótipo da criança”, complementa o pesquisador.
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