segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Defesa quer internar outro brasileiro para evitar execução na Indonésia


Sociedade
  
Oficial indonésio com as pranchas onde Rodrigo levava drogas em 2004 


#COMENTÁRIO

Falar, comentar, divagar sobre um sofrimento de pais de filhos desajustados é muito difícil. O comentarista não tem as informações e nem os sentimentos envolvidos nessas situações. Mas, se por um lado, a tristeza e a desolação que assolam esses pais são imensuráveis pelos sentimentos alheios, a reação das pessoas que analisam friamente a situação de tráfico de drogas, é totalmente desprovida de sentimentalismos familiares. Bandido não tem mãe.
A consciência flexível do brasileiro não cede lugar a sentimentalismo sobre um traficante. Foi incutida a ideia de o quanto mal nos faz o uso de drogas; em especial, algumas drogas chamadas ilícitas. Só na cabeça brasileira é que esse conceito de droga inaceitável e droga aceitável tem lugar para que possamos nos posicionar sobre casos que se destaquem na mídia. Nós não conseguimos distinguir claramente o enunciado que “Droga é droga em qualquer circunstância”, desde o agrotóxico que ingerimos sem opção de não fazê-lo, até um “crack” que definimos como um “selo de caixão”... Quase sempre sem retorno. Não consideramos que entre esses extremos estão incluídas as nossas queridas cervejinhas nesse calor infernal, nosso tabaco que tanto nos satisfaz e nos condenam por isso... Não paramos para pensar que a única vez que usamos sem culpa, foi a primeira, da segunda em diante já estamos viciados.
Essa confusão mental toda que vai ordenar as opiniões do próximo brasileiro preso na Indonésia por porte de cocaína e que também tem morte decretada...

#Disse

Carlos Leonardo


#CONVITEAPROSA
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RICARDO GALLO - DE SÃO PAULO - 19/01/2015

A defesa e os familiares de Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, tentam interná-lo às pressas em um hospital psiquiátrico para que o brasileiro não seja executado na Indonésia.
Neste domingo, o procurador-geral do país anunciou em Cilacap, a 400 km de Jacarta, que quer acelerar novas execuções. Rodrigo está na lista, em fuzilamento marcado para fevereiro.
O brasileiro foi condenado à morte por tráfico de drogas, tal qual Marco Archer Cardoso Moreira, 53, fuzilado na madrugada de domingo (18), horário da Indonésia. Rodrigo foi diagnosticado com esquizofrenia, atestado por laudo psiquiátrico, mas se recusa a ser internado, por acreditar que está são. Uma prima dele chega nesta segunda-feira (19) a Cilacap, onde fica a prisão em que ele está, para convencê-lo a se internar rapidamente. Abalada, a mãe, Clarisse Gularte, não quis viajar. "Sob a lei indonésia, pessoas com doença mental não podem ser executadas", disse à Folha Utomo Karim, advogado pago pelo governo brasileiro para defender Rodrigo e Marco Archer.
Não se trata de uma simples tese. Utomo ouviu de Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria-Geral, que, se fosse apresentada comprovação de que Rodrigo está doente, a execução seria adiada. A Procuradoria é o órgão responsável por levar adiante as execuções no país. Spontana confirmou à Folha a informação dada ao advogado de Rodrigo. Mas informou que a Procuradoria tem de analisar os laudos antes de se decidir.
Pelas leis locais, o governo indonésio já pode executar Rodrigo, porque cumpriu todas as etapas para tal. A última delas foi o fato de o presidente Joko Widodo ter negado clemência ao brasileiro, em 9 de janeiro último. Não há mais recursos possíveis na Justila do país asiático.

PRISÃO
Paranaense, filho de uma família abastada, Rodrigo foi preso em 2004 ao tentar entrar no aeroporto de Jacarta com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe.
Se Marco Archer nunca escondeu ter sido um traficante de drogas, Rodrigo era "mula" - recebia dinheiro para carregar entorpecentes. Com ele estavam dois amigos, também detidos na ocasião. Mas Rodrigo disse à polícia indonésia que toda a droga era sua, e os amigos foram liberados, em episódio repleto de dúvidas sobre o qual ele jamais quis falar.
Em 2005, o brasileiro foi condenado à morte.
Atualmente, está preso em Pasir Putih ("areia branca"), prisão de classificada como de "super segurança máxima" que fica dentro da ilha de Nusakambangan e onde Marco também estava. Ele e Marco mal se falavam. Diferentemente do comportamento quase alheio de Marco, Rodrigo sofria com a prisão e a ameaça de ser fuzilado. Estava deprimido e chegou a tentar se suicidar, ao colocar fogo no colchão de sua cela, alguns anos atrás.
Também ao contrário de Marco, se recusava a falar com familiares e a receber visitas, inclusive da mãe, que havia tentado vê-lo. 


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