#COMENTÁRIO
É interessante como os pontos de vista sobre
um problema tem ângulos diferentes de visão olhando-se como setor privado ou
estatizado. Com conhecimento de causa posso falar sobre isso, já transitei por
ambos os lados na vida.
Estou baseando-me no fato das
reclamações dos funcionários das plataformas reclamando sobre o aumento de
trabalho na produção. Para qualquer empresa de médio ou grande porte no setor
privado, isto não é problema, mas sim, meta - tentar atingir o teto (100%) da
produção. Já no setor estatizado, prioriza-se a margem de segurança produtiva.
Longe de se tratar a priori da
segurança funcional, os acidentes com funcionários e incêndios nas plataformas
e refinarias, apontadas pelas pessoas do setor administrativo como reflexo dos
trabalhos extras para o aumento da produção, poder-se-ia considerar como
inabilidade no trato de se trabalhar sob pressão externa ao meio, o que é um
fato corriqueiro no setor privado.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: A Folha de São Paulo
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SAMANTHA LIMA e PEDRO
SOARES - DO RIO - 20/07/2014
O esforço da Petrobras para aumentar a produção de
combustíveis no país, a fim de evitar custo maior com importações, tem levado
suas 12 refinarias ao limite. O uso da capacidade de processar petróleo nas
unidades chegou a 97% em 2013, maior índice desde 2006, ante 92% há apenas três
anos. No primeiro trimestre deste ano, a média foi de 96%. O efeito colateral é
o aumento do risco de acidentes, preocupam-se trabalhadores, que já acusam
aumento no número de incidentes.
Novas refinarias -as polêmicas Abreu e Lima (PE) e
Comperj (RJ), cujas obras têm sido alvo de devassa de órgãos de fiscalização
por suspeita de corrupção- entrarão em funcionamento ao fim deste ano e em
2016, respectivamente, aliviando a excessiva exigência sobre as unidades
existentes. As duas unidades deveriam estar prontas desde 2012. "Enquanto
as novas refinarias não entrarem, as atuais ficam sobrecarregadas para atender
o aumento da demanda", disse Antônio Luiz Menezes, ex-diretor da estatal.
O consumo interno cresceu quase 5% em 2013. Por dia, a Petrobras precisa
importa 300 mil barris de combustível e vender a um preço menor do que os
praticados no exterior, por determinação do governo, que teme alta na inflação.
A defasagem da gasolina é da ordem de 18%, e a do
diesel, de 11%. Sem reajuste, o impacto financeiro para a empresa pode ir a R$
4,2 bilhões neste ano, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura. Assim,
produzir domesticamente o máximo possível de derivados freia maiores custos com
a importação. A prática, no entanto, tem preço. Trabalhadores afirmam ter
aumentado a frequência dos incidentes como resultado do que consideram pressão
para produzir mais. "Operar nesse nível atual sempre envolve um risco
maior. Paradas para manutenção são adiadas, e o risco operacional é
maior", afirma Menezes.
A solução, diz, só virá com as novas refinarias.
"Enquanto elas não entrarem, as atuais ficam sobrecarregadas. O refino tem
de acompanhar o consumo, o que não acontece hoje em razão do atraso dessas
unidades."
No início do mês, dois dias depois de a empresa
divulgar o recorde de 2,2 milhões de barris processados por dia em junho, um
trabalhador feriu-se em explosão na Refinaria Duque de Caxias (Reduc). A
empresa disse ter ocorrido uma "falha", sem explosão. "Tanto
houve explosão que um fragmento da peça, de ferro fundido, atingiu o
trabalhador, que foi afastado", disse Simão Zanardi, presidente do
Sindicato dos Petroleiros na cidade. Os trabalhadores afirmam ter ocorrido,
também na Reduc, um apagão em maio que deixou a refinaria parada por 24 horas.
O incidente teve impacto na produção industrial do mês, que caiu 0,6% em
relação a abril, em parte por causa da "queda no refino no Estado do Rio",
segundo pesquisadores do IBGE. A Reduc registrou, segundo o Sindipetro,
incêndios em janeiro, fevereiro e março; explosões em novembro e dezembro e
vazamentos. Ainda de acordo com trabalhadores, a Refinaria do Paraná registrou
dois incêndios em seis meses, em maio e novembro passados.
OUTRO LADO
A Petrobras informou que tem "o compromisso de
abastecer o mercado nacional e reduzir as importações [de combustíveis]" e
que a redução do uso das refinarias traria "prejuízos inexplicáveis".
Diz ainda que o uso das refinarias ocorre "dentro dos padrões de
confiabilidade" e que o plano de manutenção é rigorosamente seguido. A
empresa nega haver correlação entre incidentes e nível maior de processamento
das refinarias e afirma que o nível de eficiência das unidades aumentou de
95,2% para 97,2%, o que é "compatível com as melhores refinarias do
mundo" e que reduziu as taxas de ocorrências.
PETROBRAS/2013
* faturamento R$ 304,9 bi
* ebitda R$ 63 bi
* funcionários 86,1 mil
* dívida líquida R$ 221,5 bi
* principais concorrentes Exxon, Shell, BP, Rosneft, Petrochin
* faturamento R$ 304,9 bi
* ebitda R$ 63 bi
* funcionários 86,1 mil
* dívida líquida R$ 221,5 bi
* principais concorrentes Exxon, Shell, BP, Rosneft, Petrochin
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