domingo, 20 de julho de 2014

Sob pressão, Petrobras leva refino ao limite


#COMENTÁRIO

É interessante como os pontos de vista sobre um problema tem ângulos diferentes de visão olhando-se como setor privado ou estatizado. Com conhecimento de causa posso falar sobre isso, já transitei por ambos os lados na vida.

Estou baseando-me no fato das reclamações dos funcionários das plataformas reclamando sobre o aumento de trabalho na produção. Para qualquer empresa de médio ou grande porte no setor privado, isto não é problema, mas sim, meta - tentar atingir o teto (100%) da produção. Já no setor estatizado, prioriza-se a margem de segurança produtiva.

Longe de se tratar a priori da segurança funcional, os acidentes com funcionários e incêndios nas plataformas e refinarias, apontadas pelas pessoas do setor administrativo como reflexo dos trabalhos extras para o aumento da produção, poder-se-ia considerar como inabilidade no trato de se trabalhar sob pressão externa ao meio, o que é um fato corriqueiro no setor privado.

#Disse

Carlos Leonardo






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SAMANTHA LIMA e PEDRO SOARES - DO RIO - 20/07/2014  

O esforço da Petrobras para aumentar a produção de combustíveis no país, a fim de evitar custo maior com importações, tem levado suas 12 refinarias ao limite. O uso da capacidade de processar petróleo nas unidades chegou a 97% em 2013, maior índice desde 2006, ante 92% há apenas três anos. No primeiro trimestre deste ano, a média foi de 96%. O efeito colateral é o aumento do risco de acidentes, preocupam-se trabalhadores, que já acusam aumento no número de incidentes.
Novas refinarias -as polêmicas Abreu e Lima (PE) e Comperj (RJ), cujas obras têm sido alvo de devassa de órgãos de fiscalização por suspeita de corrupção- entrarão em funcionamento ao fim deste ano e em 2016, respectivamente, aliviando a excessiva exigência sobre as unidades existentes. As duas unidades deveriam estar prontas desde 2012. "Enquanto as novas refinarias não entrarem, as atuais ficam sobrecarregadas para atender o aumento da demanda", disse Antônio Luiz Menezes, ex-diretor da estatal. O consumo interno cresceu quase 5% em 2013. Por dia, a Petrobras precisa importa 300 mil barris de combustível e vender a um preço menor do que os praticados no exterior, por determinação do governo, que teme alta na inflação.
A defasagem da gasolina é da ordem de 18%, e a do diesel, de 11%. Sem reajuste, o impacto financeiro para a empresa pode ir a R$ 4,2 bilhões neste ano, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura. Assim, produzir domesticamente o máximo possível de derivados freia maiores custos com a importação. A prática, no entanto, tem preço. Trabalhadores afirmam ter aumentado a frequência dos incidentes como resultado do que consideram pressão para produzir mais. "Operar nesse nível atual sempre envolve um risco maior. Paradas para manutenção são adiadas, e o risco operacional é maior", afirma Menezes.
A solução, diz, só virá com as novas refinarias. "Enquanto elas não entrarem, as atuais ficam sobrecarregadas. O refino tem de acompanhar o consumo, o que não acontece hoje em razão do atraso dessas unidades."
No início do mês, dois dias depois de a empresa divulgar o recorde de 2,2 milhões de barris processados por dia em junho, um trabalhador feriu-se em explosão na Refinaria Duque de Caxias (Reduc). A empresa disse ter ocorrido uma "falha", sem explosão. "Tanto houve explosão que um fragmento da peça, de ferro fundido, atingiu o trabalhador, que foi afastado", disse Simão Zanardi, presidente do Sindicato dos Petroleiros na cidade. Os trabalhadores afirmam ter ocorrido, também na Reduc, um apagão em maio que deixou a refinaria parada por 24 horas. O incidente teve impacto na produção industrial do mês, que caiu 0,6% em relação a abril, em parte por causa da "queda no refino no Estado do Rio", segundo pesquisadores do IBGE. A Reduc registrou, segundo o Sindipetro, incêndios em janeiro, fevereiro e março; explosões em novembro e dezembro e vazamentos. Ainda de acordo com trabalhadores, a Refinaria do Paraná registrou dois incêndios em seis meses, em maio e novembro passados.

OUTRO LADO
A Petrobras informou que tem "o compromisso de abastecer o mercado nacional e reduzir as importações [de combustíveis]" e que a redução do uso das refinarias traria "prejuízos inexplicáveis". Diz ainda que o uso das refinarias ocorre "dentro dos padrões de confiabilidade" e que o plano de manutenção é rigorosamente seguido. A empresa nega haver correlação entre incidentes e nível maior de processamento das refinarias e afirma que o nível de eficiência das unidades aumentou de 95,2% para 97,2%, o que é "compatível com as melhores refinarias do mundo" e que reduziu as taxas de ocorrências.

PETROBRAS/2013
faturamento R$ 304,9 bi
ebitda R$ 63 bi
funcionários 86,1 mil
dívida líquida R$ 221,5 bi
principais concorrentes Exxon, Shell, BP, Rosneft, Petrochin 

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