Cotidiano
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Heloísa Fleury, 62, que buscou em academia
terapêutica de Higienópolis uma saída para sua dor lombar
#COMENTÁRIO
Um novo nicho de mercado está surgindo
de uma maneira muito interessante. Inicialmente, ele vem atender a necessidades
que até agora eram consideradas exclusivas de práticas médicas. A recuperação e
tratamento muscular de idosos sempre foi um desafio para as clínicas médicas
por tratarem essas necessidades com as tarjas de jalecos brancos. Com o
desenvolvimento desse processo através de academias particulares, retira-se a
exclusividade dos jalecos brancos e passa a ter um caráter mais social, mais
esportista e menos médicos.
Logicamente os acompanhamentos médicos
para os exercícios não podem em hipótese alguma ser deixados de lado, e esse é
grande problema que deverá aparecer com o decorrer do tempo e a popularização
da ideia. Infelizmente no Brasil as coisas começam de uma maneira muito correta
e atendendo as normas exigidas, mas com o decorrer do tempo, vai se relaxando
as relações entre a entidade prestadora dos serviços e o próprio usuário. Aí é
que as coisas devem ser muito bem controladas e acompanhadas pelas entidades médicas
reguladoras.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Como você vê o surgimento dessas
academias terapêuticas?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Sebastião Costa, 66, que tinha dor na coluna
cervical faz musculação em academia terapêutica
GABRIEL ALVES - DE SÃO
PAULO - 11/11/2014
Música alta e corpos sarados? Não nestas academias,
que estão mais preocupadas em tratar lesões e em envelhecer com bem-estar. Voltadas
para idosos e para pacientes em tratamento de lesões, as "academias
terapêuticas", como são chamadas por seus donos, começam a surgir em São
Paulo. Heloísa Fleury, 62, é uma cliente. Antes de entrar na B-active, em
Higienópolis, zona oeste de São Paulo, sentia dores na coluna lombar.
"Precisava ganhar massa muscular", afirma ela. As dores
desapareceram. A finalidade estética, embora presente, fica em segundo plano
nas academias terapêuticas. Isso porque um dos processos que ocorrem com o
envelhecimento é o desgaste das articulações. Daí surgem as dores que tanto
incomodam os idosos. A alternativa que resta para frear o desgaste das
articulações, que gera a dor, é justamente o fortalecimento dos músculos, diz o
ortopedista Benjamin Apter, dono da B-active, que já conta com cinco unidades
na cidade. O médico defende que os pacientes evoluam, após a fisioterapia, para
a musculação terapêutica, que teria resultado mais expressivo.
APARELHOS
Várias dessas academias têm aparelhos especiais,
projetados para reduzir o nível de esforço necessário no começo e no fim do
movimento, momentos em que o risco de agravamento de lesões é mais crítico. O
fisiatra e reumatologista José Maria Santarém, proprietário do Instituto
Biodelta, centro de ensino e pesquisa que também conta com uma academia, foi um
dos pioneiros no ramo de academias terapêuticas e projetou ele mesmo vários
desses aparelhos.
A analista de RH Jeni Idy, 53, realizou toda sua
reabilitação em uma das academias que utilizam esses aparelhos, a CQV, na Vila
Mariana em São Paulo. Antes de chegar na musculação, passou por hidroterapia e
RPG. Ela avalia que a dor, antes constante, hoje "aparece raramente".
Caso semelhante ocorreu com o engenheiro Sebastião Costa, 66, que procurou a
academia para tratar um problema na coluna cervical. Segundo Santarém, esses
equipamentos especiais não são mais caros do que os tradicionais. "Eles
também podem ser utilizados por esportistas", afirma.
MERCADO
Os empresários do setor apontam que o mercado de
pacientes e idosos é a próxima fronteira na expansão das academias – no fim de
outubro, uma pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que já há mais brasileiros
praticando a musculação do que jogando futebol. "Já existem academias para
mulheres, para crianças e para a classe C – a "smart", que custa
menos. Por que não ter uma para a terceira idade?", indaga Waldyr Soares,
empresário no mercado de fitness há mais de 30 anos. Ele lembra que o Brasil
passa por um processo de envelhecimento da população. "A demanda é real. É
um segmento que chega muito forte." Para ele, as grandes redes de
academias ainda não conseguiram entender e explorar bem esse nicho. Um problema
das academias especializadas ainda é o preço. Na CQV, na Biodelta e na
B-active, duas aulas semanais (de 1h) custam cerca de R$ 300 por mês. Entre os
mais pobres, políticas públicas têm também estimulado a demanda. No Estado de
São Paulo, por exemplo, o Cartão VidAtiva, criado no fim de 2013, oferece a
idosos que ganham até três salários mínimos R$ 57 por mês para gastar em uma
das 130 academias cadastradas. Há hoje 3.340 beneficiados. Um benefício das
academias é que elas são também local de interação social. "Tem até
paquera na terceira idade", conta Santarém.
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