Futuro
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#COMENTÁRIO
Eis aí uma boa ideia que deve ser
valorizada e apoiada. Um sistema talvez rudimentar, mas que pode se mostrar
muito prático e eficiente. Tudo o que possa ser aplicado na proteção da
natureza, na dificuldade aos contraventores, deve ser aceito pela sociedade.
Deve ser considerado ainda que a administração será feita por ONG´s
especializada, o que deverá dar mais credibilidade ao projeto, uma vez que não depende
dos braços de poder governamental.
A iniciativa sendo apoiada pelos indígenas
e moradores da região, com interesses e envolvimentos declarados a favor da
preservação das matas, leva-nos a crer que o serviço de proteção será muito bem
executado. Uma proposta séria de
proteção ambiental só poderia ser tomada se houvesse conluio dos habitantes da
região com a sociedade brasileira, e parece haver uma forte corrente de
sentimento de necessidade dessas providências para com a Amazônia.
Vamos aguardar e esperar que esse
projeto, vingue.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Se depender de você, dê sua ajuda ao
projeto.
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
RAFAEL GARCIA - SÃO PAULO
- 24/11/2014
Quando madeireiros clandestinos entram na terra
indígena Alto Rio Guamá, em geral não há ninguém por perto para flagrar a
invasão. Se o sistema de alerta que os índios querem implementar der certo,
porém, celulares farão o ruído das motosserras viajar dezenas de quilômetros e
chegar até seus caciques.
Localizada no Pará entre duas rodovias estaduais,
amplamente desmatada e invadida por madeireiros, grileiros e traficantes, a
reserva foi o local escolhido por organizações que, em parceria com o governo
paraense, implementarão o novo esquema de monitoramento.
O sistema consiste de uma rede de telefones
celulares alimentados por energia solar. Escondidos nas copas das árvores,
ficam programados para captar sons de caminhões ou motosserras e enviar alertas
aos responsáveis por guardar a reserva. O dispositivo feito com aparelhos
doados e painéis fotovoltaicos baratos foi desenvolvido pelo engenheiro Topher
White, da ONG Rainforest Connection. Após obter sucesso num teste em uma
reserva de 2 km2 na ilha de Sumatra (Indonésia), a ONG firmou
acordos para levar a ideia a uma reserva ecológica nos Camarões, onde está
agora trabalhando numa área de 100 km2, que espera cobrir usando
menos de 40 celulares.
No começo de 2015, o sistema deve começar a ser
implementado no Brasil, na terra dos tembés, que se estende por 2.800 km2 –
quase o dobro do município de São Paulo. A ideia não é cobrir a área toda,
apenas os pontos de acesso a áreas florestadas, já que madeireiras ilegais
sempre começam a degradar a mata pelas bordas.
A Rainforest Connection não dispensa praticamente
nenhum aparelho doado. "Os que temos nas árvores agora são todos Android,
por causa de uma limitação de programação que vamos solucionar em breve",
diz o engenheiro. Aparelhos iPhones e Blackberrys doados são usados pelos
agentes em campo, que recebem os alertas e coordenam ações in loco.
DESAFIOS TÉCNICOS
White precisou superar dois desafios técnicos para
implementar sua ideia. Como fazer painéis solares funcionarem no ambiente de
sombra sob o dossel da floresta? E como fazer telefones celulares de sistema
GSM operarem em áreas de baixa ou nenhuma cobertura? O primeiro problema é que
painéis fotovoltaicos precisam de luz em toda sua superfície para gerarem
corrente elétrica. Uma pequena sombra pode cortar a energia.
Para operar com a luz fragmentada de raios solares
que atravessam a copa das árvores, foi preciso fragmentar também os painéis. Em
vez de um captador grande, White liga painéis pequenos ao celular de forma que
algum deles sempre esteja coberto de luz. Isso é possível porque o dispositivos
de escuta foram otimizados para operar com pouca eletricidade. O problema do
sinal de celular na floresta teve soluções mistas. Em primeiro lugar, o
engenheiro se deu conta de que as áreas da mata que tendem a ser cobertas são
aquelas próximas a estradas – justamente as mais vulneráveis à extração ilegal
de madeira.
Essa coincidência resolveu o problema em Sumatra,
mas o território dos tembés tem várias áreas descobertas.
No ano passado a ONG ECAM (Equipe de Conservação da
Amazônia) firmou uma parceria com White e visitou a reserva dos tembés para
estudar a situação. O que descobriu foi que os próprios índios já tinham
aprendido a construir antenas de médio porte para ampliar o alcance de seus
celulares.
"A Rainforest Connection está chegando com o
topo da tecnologia, mas a comunidade indígena já tinha achado uma série de
soluções para um problema que nós tínhamos identificado", conta Vasco van
Roosmalen, da ECAM.
REAÇÃO
"Ficamos animados, porque esse sistema
facilitaria nosso trabalho de vigilância", disse Puyr Tembé, coordenadora
indígena do Alto Rio Guamá. "Se recebermos um sinal de alerta que nos
mostra onde está sendo retirada madeira, sabemos o que fazer. Recorremos à
Funai, que recorre à polícia." Conflitos entre madeireiros e índios na
região são frequentes. Em agosto deste ano, madeireiros que trabalhavam
ilegalmente em uma terra indígena da etnia kaapor foram amarrados e agredidos
por índios antes de serem expulsos da reserva Alto Turiaçu, no Maranhão. Os índios
criaram até um "exército" com 150 pessoas contra os madeireiros.
Já em 2012, um grupo de fiscais do Ibama
acompanhados de um cacique tembé foi recebido a tiros por mais de cem
madeireiros armados durante uma tentativa de flagrante. O líder indígena conseguiu
fugir, mas ficou desaparecido por três dias. É nesse cenário de conflito que o
sistema de escuta na floresta deve ser implantado. "No final das contas,
quem faz a nossa segurança somos nós mesmos", diz Puyr.
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