domingo, 23 de novembro de 2014

Racionamento voluntário vira briga em condomínios de São Paulo


Cotidiano
  
Contra a crise hídrica, a síndica Paula Bardal pretende começar um racionamento noturno no prédio e fechar a piscina 


#COMENTÁRIO

Dois grandes problemas da humanidade: “Tomada de decisão coletiva, isoladamente e falta de interesse em discutir uma situação antes de partir para briga”. Pois é, as pessoas por mais se instruam ainda continuam a criarem atrititos de graça, sem a menor necessidade. Um bocadinho de “bom senso” não custa nada a ninguém, mas parece que os egos salientes são mais fortes que o razão. Este caso é um caso típico de intolerância desmedida sem uma pré-negociação de interesses. Ambas, não deixam de ter razão sob suas óticas, mas o que levou a tomarem essas decisões insensatas? E agora com o estrago já feito, só podem resolver essa pendenga judicialmente.
As pessoas deveriam procurar conversar mais, negociar antes de agir, por mais sejam de interesses coletivos as ações. Está-se perdendo o poder do relacionamento, enclausuramos entre quatro paredes em nossa vida e às vezes achamos que o que vamos fazer melhorará para todos, mas esquecemos de perguntar se realmente as pessoas querem que as coisas melhorem... E se quiserem, eles querem que sejam da maneira que imaginamos? Falta muito diálogo no mundo!

#Disse

Carlos Leonardo



#CONVITE

Não acha que deveríamos conversar um pouco mais?

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 O advogado Cesar Barbone conseguiu uma liminar contra seu condomínio que, segundo ele, cortava o fornecimento de água



EMILIO SANT'ANNA - FERNANDA MENA - SÃO PAULO - 23/11/2014

A disputa pela melhor vaga na garagem, o salto alto no andar de cima, a música alta da festinha noite adentro e, agora, as torneiras secas. A crise hídrica se juntou ao nada seleto rol das reclamações em condomínios que ensejam brigas entre vizinhos e vão parar até na Justiça.
Longe de atingir as metas de economia, um edifício em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, resolveu seguir, no mês passado, o que outros prédios da cidade já fizeram: instituir o "autorracionamento" de água.
O corte no fornecimento foi estabelecido das 23h30 à 6h em caráter experimental - sem que o tema fosse levado à assembleia de condôminos.
Afixado no elevador, o aviso informava que era preciso economizar - na sexta (21), o sistema Cantareira operava com 9,7% de sua capacidade - e que, com a baixa pressão do fornecimento da Sabesp, a medida era necessária para abastecer a caixa-d'água.
Em menos de um mês, a conta do prédio de R$ 3.200 caiu quase à metade, e a meta da Sabesp para o desconto de 30% na fatura foi atingida.
Com a boa notícia, porém, veio uma surpresa menos agradável: uma liminar obrigou o condomínio a reestabelecer o abastecimento 24 horas por dia, sob pena de multa diária de R$ 100.
Síndica do prédio, a professora Maria Bachcivangi Garcia não sabia, mas a poucos andares do seu apartamento, "dormia o inimigo".
Incomodado com a falta de água quando chegava em casa após o trabalho, o advogado Celso Henrique Barbone, 34, resolveu acionar a Justiça.
Para ele, não havia justificativas para a medida. "A síndica tomou uma atitude completamente arbitrária. Pela lei, o que ela deve fazer é zelar pelo fornecimento", diz.
O oficial de Justiça chegou ao edifício quase na hora em que o registro seria fechado, para surpresa da professora. "Nunca deixei de dialogar, por isso não imaginava que ele fosse à Justiça."
O tema ainda divide opiniões. Para Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), o que deve imperar é a decisão aprovada em assembleia.
"Se a maioria aprovar que não vai ter água, é uma decisão soberana", diz Gebara.

Já o presidente do Comitê de Habitação da OAB-SP, Marcelo Tapai, afirma que não basta a decisão da maioria: é preciso que 100% dos moradores concordem. Agir por conta própria, então, muito menos. "Em casos assim, cabe até indenização por danos morais", diz ele. 

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