Cotidiano
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#COMENTÁRIO
Mil justificativas, mil problemas, mil
dores de cabeça para o resto da vida! É, é isso que se ganha numa escapadinha,
num segundo de vacilada e um “affair”. O parceiro do dia a dia nunca mais será
o mesmo, por mais que diga perdoar. Muitos não admitem a situação, mas não há
ninguém que não tenha passado por uma situação de “saia justa” para se safar.
Há ainda muitos que procuram por aventura, por gostar de viver em perigo, por
um instante de prazer com ares diferentes. Mas, independente do modo que
ocorreu a traição, os efeitos são eternos, transpassam nossa própria
existência. Se não houver acusações posteriores por terceiros ou mesmo do
próprio parceiro, sempre irá existir uma sensação de “mea culpa” em nosso íntimo.
Podemos admitir todas as desculpas do
mundo, mas sempre vamos-nos lembrar de uma promessa dita publicamente ou não,
de uma jura de fidelidade, que quebramos e isso nos faz sentirmos muito mal
perante o nosso eterno cúmplice amoroso.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
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JULIANA VINES - COLABORAÇÃO
PARA A FOLHA - 25/11/2014
Esqueça a máxima "quem ama não trai". Há
outras razões por trás da infidelidade que vão além da falta de amor, de acordo
com John Gottman, terapeuta americano e autor do recém-lançado "O que Faz
o Amor Durar?" (Fontanar, 248 págs., R$ 29,90).
Na obra, Gottman, que é professor da Universidade
de Washington, discute as causas da infidelidade baseado em 40 anos de
experiência com terapias de casais.
A traição é previsível, diz. Os principais motivos
seriam a solidão, a perda da confiança e a sensação de que não pode contar com
o parceiro.
"A maioria das pessoas trai em busca de um
amigo, não de sexo. Querem ser valorizadas quando estão solitárias."
Não é bem isso que os infiéis dizem. Um
levantamento com 8.840 usuários do site de traição Ashley Madison no Brasil
revelou que 37% dos homens e 25% das mulheres dizem trair por falta de sexo.
Fernanda (todos os nomes foram trocados), 29,
advogada, é casada há quatro anos e trai o marido desde o segundo ano do
casamento. "Meu marido viaja muito a trabalho e eu fico em casa. No começo
tentava 'me virar sozinha', mas não nasci para isso."
"Já saí com quatro homens que conheci em um
site de traição. É só desejo sexual."
Renata, 35, dona de casa, é casada há 13 anos e
trai regularmente, desde sempre. Segundo ela, por prazer.
"Gosto da sensação de variar de parceiros e do
desafio da sedução. Mas amo muito meu marido, ele é o homem mais incrível que
eu conheço. Não penso em me separar, somos felizes juntos."
Para a terapeuta colombiana Pilar Jaramillo, que
relata casos reais de infiéis no livro "Infidelidad" (sem edição no
Brasil), esses motivos não passam de desculpas.
"Eles sempre culpam o parceiro, a falta de
sexo, o tédio. Mas nessa busca pelo prazer muitos encontram a dor."
AMOR E SEXO
A psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa
de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria da USP, conduziu uma
pesquisa sobre sexo com 8.200 brasileiros. Além de concluir que a maioria dos
homens já traiu alguma vez (de 65% a 70% do total), o estudo mostrou que dois
terços deles diferenciam afeto de sexo.
Já a maior parte das mulheres acha que as duas
coisas são indissociáveis. Elas também dizem trair menos – o número variou de
acordo com a faixa etária; de 18 a 25 anos, 48,9% admitiram ter traído.
"Entre aqueles que separam afeto de sexo é
comum a ideia de que não traíram – afinal, não estão envolvidos."
Entre aqueles que separam sexo de amor, uma
justificativa frequente é que simplesmente surgiu uma oportunidade
irresistível. Pelo menos é o que disseram 41,4% dos usuários do site de traição
Second Love que participaram de uma pesquisa on-line sobre o tema.
Rafael, 28, professor, afirma ter traído a
ex-namorada por um deslize. "Fui a uma festa sozinho com meus amigos, não
tinha planejado nada, mas acabei bebendo demais e traí."
Ele se arrependeu e terminou contando para a
ex-namorada, que o perdoou. O acontecimento serviu de lição. Há um ano
comprometido, ele continua saindo sozinho com os amigos, mas garante que nem
pensa em trair.
"Eu me controlo e não dou espaço para outras
mulheres", garante.
De acordo com o psicólogo Ailton Amélio, professor
da USP, a traição tende a não compensar no longo prazo.
"Trair é excitante, faz bem para o ego. Se
fosse ruim, ninguém trairia. O problema é que ficar enganando o outro por muito
tempo é degradante demais."
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