Cidadania
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#COMENTÁRIO
Há muita contestação dos simpatizantes
do partido no poder sobre os comentários em massa na internet, alguns até
maldosos, outros sem noção nenhuma do que se diz, alguns instigando atos de
violência. O problema disso tudo é o separativismo que está surgindo, não
regional como erroneamente se apregoa, mas de esquerda radical e liberal.
Apesar de toda essa situação ruim no
País, de brigas e agressões verbais entre brasileiros, é impossível se deixar
levar pela chegada diária de notícias ruins, pela revelação e tomada de ações contrárias
a tudo aquilo que foi prometido e imputadas como situações adversas do opositor
caso fosse eleito.
Esse quadro que
poderia facilmente ser chamado de catastrófico, reflete muito bem o que se vê
nas ruas, em conversas em filas de supermercados, em bate papo descompromissado
de idosos na praça: - “Nunca se viu em pós-eleição alguma no Brasil um clima tão
deprimente, os eleitores derrotados não se conformam e continuam buscando
provas cabais para destituir o candidato eleito, os eleitores vencedores do
pleito, murcham-se, escondem-se e não apresentam a sua tão conhecida empáfia
como que desiludidos, seus heróis políticos agem contrariamente ao que
prometeram, seu próprio partido político está se digladiando entre si”.
Para complicar tudo isso, o outro terço
da população não alinhada a qualquer partido, dispara fortemente contra todos
os políticos independentes das siglas que trazem no peito...
#Disse
Carlos Leonardo
Saiba mais sobre o que você vai ler na matéria:
#CONVITE
Qual o futuro deste País após as
eleições?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
A jovem Janecleide Fernandes cata sururu desde menina para sobreviver.
Estudou até o quinto ano, mas mora com o filho de 3 anos numa palafita sem
direito a banheiro, água encanada nem ligação oficial de luz elétrica -
Hans von Manteuffel
Percentual
de extremamente pobres passou de 3,6% para 4%, um acréscimo de 371 mil pessoas
CLARICE
SPITZ - 05/11/2014
RIO - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) disponibilizou em seu banco de dados na internet dados que vinha
mantendo sob sigilo durante as eleições e que mostram o aumento do número de
miseráveis no país em 2013, pela primeira vez em dez anos. Com base nos dados
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013), o instituto
calculou que o número de pessoas extremamente pobres passou de 10,081 milhões,
em 2012, para 10,452 milhões, em 2013, um acréscimo de 371.158 pessoas entre as
pessoas com renda inferior a R$ 70 por mês. A alta de 3,68% no número de
miseráveis fez com que o percentual de extremamente pobres passasse de 3,6%
para 4%.
Não foi o único instituto que constatou um aumento
dos miseráveis no ano passado. Os pesquisadores associados do Instituto de
Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) Andrezza Rosalém e Samuel Franco já
tinham calculado um aumento do número de miseráveis 6,1% para 6,2% em todo o
país no último ano. Os pesquisadores consideram miserável quem tem renda de até
R$ 123, um patamar acima daquele usado pelo governo, de R$ 70, em 2013.
A pedido do GLOBO, eles traçaram um perfil do miserável no país e
mostraram que a piora do mercado de trabalho já pesou sobre a população mais
desfavorecida. A taxa de desemprego dos mais pobres subiu de 25,5%, em 2012,
para 30,4%, em 2013. Enquanto 43,8% dos trabalhadores no país são informais,
entre os miseráveis essa é a regra: 96% vivem sem proteção social.
A reportagem, publicada em 5 de outubro, mostrou a
história de Janecleide Fernandes, de 18 anos, que, diferentemente da mãe, sabe
ler e estudou até a quinta série. Isso não impediu a moradia precária no
Recife. Ela mora com o filho Leonardo, de 3 anos, numa comunidade quase
invisível, fincada em pleno manguezal, entre duas pontes que dão acesso aos
bairros do Pina e Boa Viagem, na Zona Sul da capital. As casas têm tábuas
irregulares, que margeiam becos estreitos sobre pedaços velhos de madeira, sem
direito a banheiro, água encanada nem ligação oficial de luz elétrica. Para se
ter acesso à comunidade, é preciso escalar uma mureta da ponte e subir uma
escada enterrada entre a lama e as “ruas” de madeira que dão acesso às
palafitas onde moram catadores de sururu, marisco disputado por restaurantes da
capital. A casa de Janecleide tem dois pequenos cômodos, não possui latrina. Os
moradores carregam baldes d’água tirada de uma mangueira comum. — Aqui é assim,
cada um no seu chiqueiro. Quem tem filho, tem que ter o seu lugar para cuidar
dele — diz ela, que trabalha desde os 12 anos de idade e ganha hoje menos de
meio salário mínimo por mês para a família.
INFLAÇÃO PESA
A inflação também teve impacto sobre os mais
desfavorecidos, segundo o estudo dos pesquisadores. Entre os miseráveis que
trabalhavam, o salário caiu de R$ 129,7 para R$ 123,9. Nessa parcela, o
orçamento das famílias era composto sobretudo por outras rendas
(transferências, como Bolsa Família), e o rendimento no domicílio dividido
pelos moradores era de R$ 58,5, em 2013, abaixo dos R$ 62,2, de 2012. O grupo
dos 5% de brasileiros mais pobres viu sua renda encolher 11%. A pesquisadora
Sonia Rocha, especialista em desigualdade e pobreza e também do Iets, foi outra
que constatara a alta da miséria. Pelos cálculos da economista, houve aumento
do percentual de miseráveis de 4,1%, em 2012, para 4,7% (sem o Norte rural), no
ano passado, a maior alta desde 2008. Em outubro, o diretor de políticas
sociais do instituto, Herton Araújo, colocou seu cargo à disposição por
discordar da decisão do Ipea de não divulgar novas pesquisas enquanto durar o
período eleitoral, o que foi minimizado na época pelo presidente, Sergei
Soares.
Procurado, o Ipea ainda não informa porque os dados
estão no site sem que fossem oficialmente divulgados.
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