Cidadania
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Segundo a Comissão
Nacional da Verdade, 210 pessoas mortas na ditadura seguem desaparecidas
Foto: Agência Brasil
#COMENTÁRIO
Como já é de praxe, os atos executados
pelo partido do governo atual, quaisquer levantamentos ou números apresentados
são tendenciosos e unidirecionais. O exemplo maior disso é o que foi divulgado
ontem, sob lágrimas e soluços teatrais de Vossa Excelência senhora “Presidenta”,
que me perdoem os que defendem “presidenta”, meu cérebro não aceita isso, para
mim, presidente é presidente e não presidenta.
Retornando ao assunto, a
Comissão Nacional da Verdade encerrou seus trabalhos com uma brincadeira de
resultados, poderíamos textualmente chamar de Compêndio dos Militantes Mortos,
afinal todo trabalho que só serve de referência a datas na história, como
dissemos ontem, não traz em hipótese alguma a verdade verdadeira sobre o
assunto tratado, uma vez que só olhado por um prisma, por um lado de interesses
da militância armada no Brasil.
Não aborda em instante algum as pobres
vidas inocentes ceifadas pelos atos terroristas dos muitos grupos criados nos
anos de chumbo, incluindo nossa excelentíssima “Presidenta” no meio deles.
Eleitos como vítimas de um regime
Carlos Marighela, Carlos Lacerda e tantos outros, e talvez por falsa modéstia e
por que ainda está viva, nossa “Presidenta”, está se tentando mudar a aceitação
de brasileiros que não tem nem ideia de como foi isso, “os gados do rebanho”,
para que? Cá entre nós, tenho uma desconfiança...
Será que teremos de ressarcir os
familiares desses “heróis” também? Só falta essa...
#Disse
Carlos Leonardo
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#CONVITEAPROSA
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Epaminondas Gomes
de Oliveira foi o único desaparecido identificado pela CNV
Foto: IML DF
Relatório da
Comissão Nacional da Verdade (CNV) trouxe alento apenas parcial a parentes que
ainda não sabem onde estão os restos mortais de seus entes queridos
BBC BRASIL.com
Sem trazer respostas sobre o paradeiro de pessoas
desaparecidas durante a ditadura militar, o relatório da Comissão Nacional da
Verdade (CNV), apresentado nesta quarta-feira, trouxe alento apenas parcial a
parentes que ainda não sabem onde estão os restos mortais de seus entes
queridos.
Instalada em 2012, a CNV conseguiu identificar
apenas três desaparecidos – entre elas o de Epaminondas Gomes de Oliveira,
morto em 1971 em um hospital do Exército –, cujos restos mortais estavam
enterrados em Brasília. Os outros corpos são de Paulo Torres Gonçalves e Joel
Vasconcelos Santos.
"O relatório foi um divisor de águas, por
concluir (uma etapa) e para abrir novas investigações. Ele fecha um ciclo para
abrir um novo", diz à BBC Brasil Tessa Moura Lacerda, filha do militante
Gildo Macedo Lacerda, preso, torturado e morto em 1973 no DOI-CODI de Recife,
onde foi enterrado como indigente. Seus restos mortais nunca foram
identificados. "Mas eu também preciso fechar um ciclo. Eu preciso dar um
enterro digno ao meu pai. Devo isso a ele. Nesse sentido, há certa frustração
(com a CNV)."
O jurista Pedro Dallari, coordenador da comissão,
admitiu que o baixo número de desaparecidos localizados é "a maior
frustração" do órgão. "O sentimento comum é de que o trabalho da
Comissão não deveria ser encerrado, deveria ser um ponto de partida", diz
à BBC Brasil Thais Barreto, assessora da Comissão da Verdade do Estado de São
Paulo e sobrinha de José e Otoniel Campos Barreto, ambos mortos em 1971 na
Bahia na operação militar Pajussara, que matou também Carlos Lamarca, um dos
líderes da oposição armada.
Os corpos dos Campos Barreto nunca foram
encontrados.
Sua família fez um ofício à CNV e à comissão estadual
paulista pedindo "empenho" para localizar e trasladar os corpos, que
acredita estarem no Cemitério do Campo Santo, em Salvador, sem identificação.
"Sabemos das dificuldades, e a entrega dos
mortos e desaparecidos (a suas famílias) depende de mais tempo e da
continuidade dos trabalhos", agrega Thais.
Vítimas
O relatório da CNV conseguiu confirmar que houve 434 vítimas mortais do regime militar, sendo que 210 continuam desaparecidas. Dezenas delas são da Guerrilha do Araguaia, movimento de oposição à ditadura que tentou formar um grupo armado na selva Amazônica no início da década de 1970. Em entrevistas recentes, Pedro Dallari disse que muitos corpos foram incinerados ou atirados em mares e rios, impossibilitando sua localização. Mas ele citou também a falta de colaboração de parte das Forças Armadas resistente em abrir seus arquivos (os quais poderiam indicar locais onde militantes foram enterrados).
O relatório da CNV conseguiu confirmar que houve 434 vítimas mortais do regime militar, sendo que 210 continuam desaparecidas. Dezenas delas são da Guerrilha do Araguaia, movimento de oposição à ditadura que tentou formar um grupo armado na selva Amazônica no início da década de 1970. Em entrevistas recentes, Pedro Dallari disse que muitos corpos foram incinerados ou atirados em mares e rios, impossibilitando sua localização. Mas ele citou também a falta de colaboração de parte das Forças Armadas resistente em abrir seus arquivos (os quais poderiam indicar locais onde militantes foram enterrados).
Fontes do governo alegam que o Exército faz parte
desde 2009 de um grupo – o Grupo de Trabalho Araguaia – criado para tentar
localizar ossadas da guerrilha. Vinte e sete restos mortais, que se acreditam
ser de militantes assassinados, estão sob investigação.
Muitos desses restos mortais estariam extremamente
danificados pelo tempo e pelas condições do local, o que dificulta sua
identificação.
Na entrevista coletiva de apresentação do relatório
da CNV, Dallari disse que foram criadas condições para que se mantenha uma
"estrutura permanente" de análise forense - em referência ao centro
de antropologia forense da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que tem
como um de seus objetivos ajudar na identificação de restos mortais de
militantes assassinados e enterrados com nomes falsos ou em valas comuns.
Ao mesmo tempo, a Comissão Especial de Mortos e
Desaparecidos Políticos, ligada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República, diz que seus trabalhos de identificação de corpos "já
aconteciam independentemente da CNV e continuarão". Resultados parciais da
análise de ossadas no cemitério de Perus (em São Paulo, onde foi encontrada uma
vala clandestina) serão divulgados nesta sexta-feira.
Memórias doloridas
Para Wadih Damous, presidente da CEV-Rio (a
Comissão Estadual da Verdade no Estado fluminense), a CNV permitiu
"avanços na identificação da autorias de alguns casos (de crimes), mas na
localização dos restos mortais não se avançou nada". Criméia Almeida,
esposa de André Grabois – desaparecido em uma emboscada na região do Araguaia,
em 14 de outubro de 1973, aos 27 anos -, diz esperar que as denúncias e
responsabilidades levantadas pela CNV tenham continuidade em investigações e
depoimentos no Ministério Público.
"Dois pontos são fundamentais: a localização e
o esclarecimento dos destinos dos corpos e a responsabilização penal por isso.
Nesse aspecto a relatoria tem muito a contribuir", diz Crimeia à BBC
Brasil.
Ela diz que, ao mesmo tempo em que a Comissão fez
reviver memórias doloridas, mostra que as histórias das famílias "não
foram esquecidas". "A ferida não vai fechar. Para as vítimas, esses
crimes não prescrevem nunca. Mas terei certo conforto quando eu vir as punições
dos responsáveis." A família do militante e ex-presidente da União
Nacional dos Estudantes Honestino Guimarães, desaparecido em 1973 aos 26 anos,
também espera que a busca por respostas continue. Seu caso foi considerado
"único" por não haver nenhum rastro sobre seu paradeiro. Em outubro
passado, a família lançou uma campanha para resgatar a memória de Honestino e
buscar pistas sobre o caso.
Sua ex-mulher, Isaura Botelho, disse à BBC Brasil
que também espera que o Ministério Público dê continuidade aos trabalhos da
CNV, bem como os grupos estaduais que têm investigado localmente abusos
cometidos na ditadura.
"Estamos na mesma situação, mas com alguma
esperança de que, quando começarmos a puxar o fio, vão aparecer coisas
(informações sobre os restos mortais de Honestino)", comenta Isaura.
"Os trabalhos (da CNV) continuarão de outra forma. Ela foi importante para
dar visibilidade ao tema e abriu portas para as buscas dessas histórias."
Tessa Lacerda acha que o fato de o relatório da CNV
ter sido aberto e divulgado à sociedade civil também permite que novas gerações
tenham conhecimento dos atos brutais praticados na época.
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