Cidadania
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#COMENTÁRIO
Está disponível para download no site
da CNV o relatório final sobre os levantamentos das mortes e desaparecimentos
de brasileiros suspeitos de revelia ao regime ditatorial/militar. Um grande e
importantíssimo documento nacional, repleto de muitas informações e datas, de
muito dados originais buscados em arquivos premeditadamente esquecidos em porões.
Li até agora alguns itens, é uma matéria muito extensa e você poderá ir
baixando aos poucos.
Trata-se de um compêndio histórico e
como todo documento histórico tem apenas um ângulo de visão e de interesses.
Podemos dizer que se trata de pontuação na história, marca os pontos exatos dos
acontecimentos na linha da história brasileira, mas carece de uma análise
aprofundada de fatos isolados ou reunidos para se poder entender o porquê daquela
tomada de ação, friamente, sem o calor da descoberta de ossadas e valas comuns.
Não estamos de forma alguma defendendo os atos ocorridos, apenas nos situamos em
condições de solicitar estudos aprofundados, afinal toda estória tem duas
visões ou mais...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
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#CONVITEAPROSA
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trabalho.
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10/12/2014
Neste 10 de
dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a CNV (Comissão Nacional da
Verdade) chega ao final de suas atividades e entrega à presidente da República
seu relatório, contendo a descrição do trabalho realizado, a apresentação dos
fatos examinados, as conclusões e as recomendações.
Cumpre, assim,
determinação da lei nº 12.528/11, que criou a CNV e fixou para ela o objetivo
de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos ocorridas de
1946 a 1988 – período entre as duas últimas Constituições democráticas
brasileiras –, com a finalidade de efetivar o direito à memória e à verdade
histórica e promover a reconciliação nacional.
Nos seus dois anos
e sete meses de existência, a CNV se dedicou à busca e à pesquisa de
documentos, ouviu mais de um milhar de depoimentos, efetuou diligências em
locais de repressão, realizou dezenas de sessões e audiências públicas por todo
o território nacional, dialogou intensamente com a sociedade.
Com apoio de um
competente conjunto de assessores e pesquisadores, os membros da Comissão
Nacional da Verdade, levados a essa condição por designação presidencial,
dirigiram o trabalho de investigação observando estritamente os marcos e a
finalidade estabelecidos no mandato legal. A busca da verdade, o resgate da
memória e a promoção da reconciliação nacional foram, assim, o norte que guiou
toda atividade da CNV.
A lei definiu para
a CNV objetivos específicos a serem atendidos na apuração da verdade.
Competia-lhe esclarecer os fatos e as circunstâncias das graves violações de
direitos humanos – tortura, execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de
cadáveres. Sendo as violações de direitos humanos aquelas de responsabilidade
do Estado e de seus agentes, para esse esclarecimento deveriam ser
identificados, no âmbito estatal, estruturas, instituições, locais e autores
associados àquelas condutas criminosas.
Os oito relatórios
preliminares de pesquisa, divulgados a partir de fevereiro deste ano, e o
relatório final, apresentado nesta quarta-feira, responderam a esse compromisso.
Evitando-se abordagens de caráter analítico, foi dada prioridade a um enfoque
calcado na descrição circunstanciada dos fatos ocorridos no período
investigado, com especial atenção para o regime ditatorial que se prolongou de
1964 a 1985, em função da extrema intensidade do quadro de violações.
Dividido em três
volumes, o relatório contempla, no primeiro deles, a descrição das atividades
da CNV, seguindo-se a apresentação das estruturas, cadeias de comando, métodos
e dinâmica das graves violações de direitos humanos, culminando-se com as
conclusões e recomendações.
No segundo volume,
foram reunidos textos que enfocam as graves violações sob a perspectiva de sua
incidência em diferentes segmentos sociais – militares, trabalhadores urbanos,
camponeses, povos indígenas, membros de igrejas cristãs, LGBT (lésbicas, gays,
bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), professores e estudantes
universitários. Também integram esse volume textos que tratam da resistência à
ditadura militar, assim como da participação de civis no golpe de 1964 e no
regime ditatorial, notadamente empresários.
O terceiro volume,
o mais extenso, de expressivo significado para a CNV, descreve a história de
434 mortos e desaparecidos políticos, a partir dos elementos informativos que
foram examinados nos outros dois volumes.
O relatório não representa o começo ou o fim da investigação desses temas pela sociedade brasileira. A CNV se beneficiou de trabalho que vinha sendo realizado já há bastante tempo pela Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e pela Comissão de Anistia, ambas do governo federal, por entidades da sociedade, por sobreviventes e por familiares de mortos e desaparecidos.
O relatório não representa o começo ou o fim da investigação desses temas pela sociedade brasileira. A CNV se beneficiou de trabalho que vinha sendo realizado já há bastante tempo pela Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e pela Comissão de Anistia, ambas do governo federal, por entidades da sociedade, por sobreviventes e por familiares de mortos e desaparecidos.
No curso de suas
atividades a CNV contou ainda com a contribuição de órgãos públicos nacionais e
organismos internacionais, de Estados estrangeiros e de comissões da verdade
estaduais, municipais e setoriais – que, com o advento da CNV, passaram a ser
instaladas por todo o país. Caberá a essas comissões, assim como à universidade
e a outros entes da sociedade e do Estado, continuar e aprofundar as
investigações.
O relatório – que
propõe, também, a criação de um órgão público para seguimento das ações e
recomendações da CNV – deve ser visto como uma plataforma de apoio ao trabalho
que ainda será executado. É certo, por exemplo, que o rol de vítimas do
terceiro volume não é definitivo; e que as investigações seguintes certamente
acarretarão a identificação de número maior de mortos e desaparecidos,
especialmente entre as populações camponesa e indígena.
Mesmo que
adequadamente consagrada, a verdade não promove o resgate da memória social se
não é revelada e compartilhada. Essa constatação – e a de que mais de 80% dos
brasileiros nasceram após o golpe de 1964 e que 40% (80 milhões) nasceram depois
do final da ditadura, em 1985 – levou a CNV a dar especial atenção à efetivação
do direito à memória, também uma de suas finalidades legais.
Com a evolução da
investigação e a consolidação de resultados, estes passaram a ter divulgação
pública por diversas formas, entre elas relatórios preliminares de pesquisa.
Apresentados em sessões e audiências públicas, com ampla cobertura da imprensa,
e disponibilizados a toda a sociedade por meio do sítio da CNV
na internet (www.cnv.gov.br) e das redes sociais, esses relatórios preliminares
se prestaram à disseminação de informações sobre as graves violações de
direitos humanos e o contexto em que ocorreram. Essa publicidade dos trabalhos
da CNV contribuiu para melhor conhecimento da ditadura militar, cujo cinquentenário,
em março deste ano, por força dessa compreensão, não foi alvo de comemoração
por qualquer segmento de expressão social. O relatório final estará disponível
no sítio da CNV a partir de hoje e deverá se tornar um instrumento importante
para a preservação da memória social sobre esse período da história brasileira.
A emergência da verdade histórica é condição essencial para a promoção da
reconciliação nacional, terceira finalidade definida legalmente para a CNV. O
trabalho conduzido permitiu à Comissão Nacional da Verdade concluir que as
graves violações de direitos humanos ocorridas no período investigado,
especialmente nos 21 anos da ditadura instaurada em 1964, foram resultado de
uma ação generalizada e sistemática do Estado, configurando crimes contra a
humanidade.
Nessa conduta
estatal, o protagonismo foi das Forças Armadas. Seu exercício envolveu cadeias
de comando originadas nos gabinetes dos presidentes e ministros militares, como
está fartamente demonstrado no relatório. Em consideração ao resultado do
trabalho da CNV e assim como já feito por outras instâncias do Estado, é
imperativo que haja, por parte das Forças Armadas, o reconhecimento de sua
responsabilidade institucional.
Trata-se de gesto
que abrirá caminho para a superação definitiva do passado, consolidando em base
permanente o compromisso dos militares com o Estado democrático de Direito, e
reconciliando-os plenamente com a sociedade brasileira.
Essas foram as
diretrizes que guiaram o trabalho da Comissão Nacional da Verdade e a elaboração
do relatório a que hoje se dá conhecimento. Ele é oferecido ao país com a
convicção de que os fatos nele descritos não se repetirão nunca mais.
* PEDRO
DALLARI, 55, é coordenador da Comissão Nacional da Verdade - CNV,
JOSÉ CARLOS DIAS, 75,
JOSÉ PAULO CAVALCANTI
FILHO, 66,
MARIA
RITA KEHL, 62,
PAULO SÉRGIO
PINHEIRO, 70, e
ROSA CARDOSO, 67,
são integrantes da
CNV
*
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