Política
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Plataforma da
Petrobras: imaginar que a vida voltará ao normal com a urgência que a economia
precisa parece um devaneio
#COMENTÁRIO
Sem entrar no mérito da questão sobre
bandidagem, roubalheira, subornos, desvios de verba que estão sendo amplamente
comentado e divulgado pela mídia, o estrago causado ao já claudicante progresso
brasileiro, é algo imensurável. O cumprimento de cronogramas, que nunca foi o
forte no País, está fadado a ser muito pior para os próximos anos, o
levantamento de verbas no exterior deverá se tornar impossível com as
avaliações das empresas brasileiras, que já eram problemáticas anteriormente,
agora deverão se tornar muito mais difíceis. O financiamento direto pelos
governos federal e estadual são normalmente morosos e nem sempre atingem a
totalidade das necessidades para a obra. Há ainda que se acrescer às
dificuldades o olhar desconfiado do brasileiro que deverá acontecer depois de
toda essa publicidade negativa em andamento. Trabalhar com empresas marcadas
por operações fraudulentas deverá ser outro grande problema de aceitação pela
sociedade, com outras talvez sejam quase impossíveis por falta de competências
e de experiências. Nos próximos anos certamente deveremos ter um retrocesso em
desenvolvimento e há muito pouco que o governo poderá fazer em contrário.
#Disse
Carlos Leonardo
#CONVITE
Como você enxerga nosso futuro com
relação ao desenvolvimento?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
São Paulo - Tão ou mais críticos do que os estragos políticos, os passivos econômicos da operação Lava Jato devem
se fazer sentir nos próximos meses, à medida que o escândalo de corrupção da
Petrobras se alastra para as maiores empreiteiras do Brasil.
Juntas, Odebrecht, Camargo Corrêa, Mendes Júnior,
OAS e Queiroz Galvão, todas citadas nas investigações da Polícia Federal, são
nomes frequentes em licitações de infraestutura, área vista por governo e setor
privado como a tábua de salvação para o investimento, cuja participação no Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro só faz cair há quatro trimestres seguidos.
Diante da gravidade das notícias, envolvendo
prisões de altos executivos de algumas dessas empresas, seria ingênuo imaginar
que o pacote de concessões federais de rodovias, ferrovias e portos, hoje na
prateleira, não vai atrasar ainda mais.
De um lado, as empresas poderão ser alvos de
potenciais constrangimentos regulatórios, já que companhias consideradas
inidôneas são proibidas de participar de licitações públicas. De outro, elas
próprias vão consumir bastante de seus esforços para lidar com questões,
digamos, mais delicadas, especialmente nos casos das que têm altos executivos
atrás das grades.
Uma amostra dos estragos potenciais de uma
investigação por denúncias pode ser o caso Alstom, em que a empresa francesa
foi acusada de pagar propina a vários políticos do Estado de São Paulo
relativas a obras do metrô. O episódio foi apontado como um dos fatores que
contribuíram para o adiamento da licitação do trem de alta velocidade, que vai
ligar São Paulo e Rio de Janeiro.
Assim, mesmo que o suposto envolvimento das
empreiteiras no caso Petrobras não chegue às últimas consequências, imaginar
que a vida voltará ao normal com a urgência que a economia precisa parece um
devaneio.
Ciente disso, a recém-eleita presidente Dilma
Rousseff se adiantou no domingo, afirmando que não vai "demonizar as
empreiteiras" nem colocar "carimbo" nas empresas. Isso parece
indicar que a estratégia para evitar a exclusão sumária e generalizada de
empreiteiras das concessões -- justamente no momento em que elas são peça
fundamental do esforço federal para se distensionar a atribulada relação que
marca o primeiro mandato Dilma -- será defender a punição apenas das pessoas ou
subsidiárias envolvidas.
A Odebrecht, por exemplo, deixaria de fora do
tiroteiro a Odebrecht Energia, membro do consórcio da hidrelétrica de Santo
Antônio, e a Odebrecht Transport, do consórcio da BR-163 (MT), e que administra
o aeroporto do Galeão (RJ). Sozinho, o conglomerado baiano tem, ou tinha,
planos de investir 53 bilhões de reais entre 2014 e 2016.
Na mesma linha, uma subsidiária da Queiroz Galvão
compõe o consórcio que venceu o leilão de concessão da rodovia BR-153, no
trecho entre Tocantins e Goiás, em maio.
Essa pode ser a solução para evitar que outra pedra
no caminho atrase ainda mais o Programa de Investimentos em Logística (PIL),
promessa da presidente em 2012, incluindo quase todas as concessões de
ferrovias e portos, num total estimado em 120 bilhões de reais.
A indicação da presidente de que as empreiteiras
não devem ser sacrificadas pelos eventuais malfeitos de alguns executivos pode
ser um aceno para reaproximação com o setor privado. A relação tem ficado
estremecida nos últimos anos, com empresários acusando o governo de
interferência excessiva no ambiente de negócios.
Acender o cachimbo da paz com o empresariado parece
ser a melhor, senão a única chance de Dilma retomar a confiança na economia,
cujo fraco desempenho quase pôs sua reeleição a perder e que já promete
comprometer um naco do seu segundo mandato.
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