Política
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#COMENTÁRIO
O que era projetado para ser um marco
de um levante popular em relação à insatisfação com o rumo da política
brasileira, apresentou-se como um ato ínfimo e sem objetividade. Várias
vertentes de pensamento, diferentes entre si, mostraram-se infundíveis, cada uma
achando seu objetivo mais importante, e consequentemente o que mais marcou foi
o racha da manifestação com a separação das caminhadas para lados opostos.
Certamente a situação está “se partindo de rir”, não sem motivo. Atos
desarticulados com objetivos divergentes tendem a esvaziar um possível
movimento contrário ao sistema. Inicialmente proposto com bases sólidas de não
violência, com o objetivo de se tornar um movimento pacífico e organizado, deixaram
vazar em suas fileiras atos de agressões a opositores declarados, não se sabe
se por elementos inflados de suas alas ou de militantes disfarçados para
denegrir os objetivos. O certo disso (o acontecimento) é que essa ação isolada
só contribuiu para o descrédito da idoneidade da manifestação.
Quem mais perde com tudo isso é o
Brasil, certamente as pessoas pensarão muito antes de aderir a qualquer futuro
movimento que se diga a favor de melhorias ao País. Os ânimos que começavam a
se exaltar tomaram ontem (15/11/14) um balde de água fria em suas aspirações e
esperanças. Faltam ainda ao povo brasileiro gotas e gotas de sangue
verde/amarelo a correr em suas veias, a tradição de subordinação e não levante,
de aceitação faz com que seu sangue esteja cada vez mais vermelho e em meio à
nossa tradicional desorganização nata, só resta-nos chorar e reclamar de sermos
tocados como “um rebanho”, pois é o que somos!
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Carta
Capital
#CONVITE
Você viu imagens das manifestações pelo
Brasil afora?
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Segundo a PM, 2,5 mil pessoas foram à avenida
Paulista pedir a deposição de Dilma. Entre os presentes estava Aloysio Nunes
(PSDB-SP), candidato a vice de Aécio Neves - 16/11/2014
A
manifestação contra a presidenta Dilma Rousseff neste sábado em São Paulo foi
marcada por um racha. Cerca de 2,5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar,
reuniram-se no Masp para pedir a queda de Dilma, mas divergiram quanto ao
método: parte pedia o impeachment. Outros clamavam pela “ajuda” do exército.
Dilma foi reeleita no último dia 26 de outubro com mais de 54 milhões de votos.
A
divergência foi tamanha que o ato, após a concentração no Masp, dividiu-se em
três, cada um com seu carro de som: uma parte ficou por ali mesmo. Outros
marcharam até a Praça da Sé, descendo pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. E
um terceiro grupo, formado pelos defensores de uma “intervenção militar”, rumou
com seu carro de som para o Comando Militar do Sudeste, um quartel do exército
ao lado do parque do Ibirapuera.
Alguns
políticos marcaram presença na Avenida Paulista: o senador Aloysio Nunes
(PSDB-SP), candidato a vice na chapa de Aécio Neves, não discursou mais foi
bastante festejado e tirou muitas fotos com admiradores. O deputado estadual
Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ)
estava em um dos três carros de som. Eduardo, flagrado com uma arma na cintura
no ato anti-Dilma de primeiro de novembro, desta vez afirmou a jornalistas que
estava desarmado. Outro muito assediado pelos presentes foi o ex-comandante da
Rota e deputado estadual eleito Coronel Telhada (PSDB-SP). Estava ainda no ato
Gilberto Natalini, candidato a governador pelo PV nas eleições deste ano.
Lobão
“traidor do movimento"
Um dos
líderes e maiores divulgadores da manifestação, o cantor Lobão, evidenciou o racha,
ameaçou abandonar o ato e deixou aflitos seus seguidores no Twitter. Chegou a
descrever o protesto como “cilada infame”, e complementou: “Chego no Masp e a
primeira coisa que vejo é um carro de som com os dizeres ´Intervenção Militar
Já!´. Palhaçada!”. A reação foi imediata: o roqueiro foi chamado de “burro”,
“petista” e “covarde” por seus seguidores. Depois que a manifestação partiu-se
em três, o artista, contudo, mudou de ideia e juntou-se ao grupo que desceu até
a Praça da Sé. E tranquilizou seu fãs: “Voltei!”.
Tirando o
bate-boca entre as diferentes facções (defensores do impeachment X defensores
do golpe militar), o ato transcorreu sem maiores problemas. O único relato na
imprensa de agressão é da reportagem do UOL, que presenciou um rapaz de camiseta
vermelha sendo agredido (sem gravidade) por dois idosos de verde e amarelo.
As
bandeiras tinham em comum o desejo de retirar Dilma do poder imediatamente e
o ódio a Lula, ao PT, ao Foro de São Paulo, a Cuba, a Venezuela, ao
bolivarianismo, ao comunismo e a qualquer coisa “de esquerda”. Cartazes
saudavam Olavo de Carvalho, as Forças Armadas, a revista Veja e o ex-ministro
do STF Joaquim Barbosa. Também havia muitas menções à operação Lava-Jato e à
Petrobras. Havia ainda críticas a alguns veículos de comunicação em faixas e
cartazes. Jornalistas do Grupo Folha, por exemplo, foram chamados de “imprensa
petralha”.
O
dress-code do ato era usar cores da bandeira do Brasil. Quem não vestia camisas
da seleção, trajava alguma outra peça verde, amarela ou azul. Foram
distribuídas fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim, e camelôs vendiam bandeiras do
Brasil. Marcaram presença também bandeiras do Estado de São Paulo, empunhadas
por jovens tatuados com camisetas aludindo à Revolução de 32 ou pedindo a
“volta do CCC”, o Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar
responsável por espancamentos e mortes durante a ditadura militar.
Na trilha
sonora do protesto, músicas como Reunião de Bacana, do Fundo de Quintal (“Se
gritar pega ladrão...”), Até Quando Esperar (Plebe Rude) e o Hino Nacional.
Teve
também um Pai-Nosso puxado do alto do carro-de-som mais potente por um padre
não identificado. Antes de começar a rezar o homem de batina discursou contra
“o crescimento do Islã no Brasil”, contra o “gayzismo”, “pela família” e
concluiu afirmando que um golpe militar “ainda não é necessário”.
Em outras
cidades
Neste
feriado de Proclamação da República, outros atos aconteceram no Brasil afora. A
adesão, contudo, foi bem inferior a São Paulo. Em Porto Alegre eram “centenas”
de manifestantes, segundo o jornal Zero Hora; em Belo Horizonte a Polícia
Militar estimou em 600 os presentes; em Brasília, um pequeno grupo se reuniu em
frente ao Congresso Nacional.
No Rio de
Janeiro a PM falou em 150 manifestantes em Copacabana. Na capital carioca a
estrela foi o deputado federal Jair Bolsonaro. Primeiro o parlamentar
“denunciou” o plano do governo para “impor o socialismo no nosso País”, para em
seguida afirmar: “O socialismo é o nome de fantasia para o comunismo”. E
concluiu: “são poucos [os manifestantes], mas valem pela qualidade”.
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