Cotidiano
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#COMENTÁRIO
Realmente esse é um grande problema. Se
compararmos diretamente o uso por residências e indústrias, é discrepante a diferença
no consumo. Poderíamos falar de algo em torno de cem residências para uma
empresa. O grande problema é o custo estrutural, de manutenção do serviço, e de
pessoal especializado para limpeza da água já utilizada. Os governos deveriam
criar condições, incentivos e a exigência no cumprimento das normas ambientais
para indústria. Órgãos como a Cetesb deveriam acirrar a inspeção ambiental no
seio de empresas já antigas e conhecidamente, grandes poluidoras de mananciais.
Há muito trabalho a se fazer nessa área, mas precisamos de muito boa vontade
para comece a mudar esse quadro. Por trás dessa morosidade nas ações estão
ocultos interesses e favorecimentos especiais para deixar para depois o fechamento
de um processo.
Fiscalizações à parte, o governo
federal antes de ações estaduais, deveria criar mecanismos de incentivo à
indústria nacional a reutilizar suas próprias águas e desestimular o despejo em
mananciais com multas severas e reais irrecorríveis, como um crime hediondo,
que é o que está acontecendo na realidade.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Como você vê a política de reuso das
águas?
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EDUARDO GERAQUE - DE SÃO
PAULO - 18/11/2014
O setor industrial utiliza 40% de toda a água
disponível para abastecimento em rios, poços e reservatórios da Grande São
Paulo e da Baixada Santista, mostram números oficiais do DAEE (Departamento de
Águas e Energia Elétrica de São Paulo).
Apesar do volume, a política de reuso é considerada
insuficiente por especialistas.
Segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), os 42 projetos de conservação e reuso de água do setor na Grande
São Paulo geram economia de 10 milhões de litros de água por ano – o
equivalente a 1% da vazão do sistema Cantareira no mesmo período.
O valor representa menos de 5% da demanda anual do
segmento na mesma área.
"A indústria não tem atrativos' para
economizar sua água bruta", afirma Mateus Simonato, consultor e
pesquisador do CEPAS (Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas do Instituto de
Geociências da USP).
O pesquisador diz que não vê a indústria como um
vilão, mas afirma que a sociedade está perdendo uma grande chance com a atual
seca.
"A crise deveria deflagrar, entre outras
medidas, políticas públicas de incentivos às empresas que adotassem ações para
a diminuição do consumo de água", afirma.
Atualmente, os custos de captação da água são bem
inferiores aos tratamentos necessários para o reúso, afirma Simonato.
Para ele, a diminuição do consumo deveria ser
discutido por todos os segmentos diante da atual crise. "A obrigação de
consumir menos está ficando somente na conta do cidadão comum
(residências)", afirma.
Já Anícia Pio, gerente de meio ambiente da Fiesp,
afirma que o uso da água pela indústria não compete com o abastecimento da
população. "Retiramos água de rios poluídos, como o Tietê", afirma.
Dentro dos 40%, existe 17% que é destinado a produção de energia, na usina
Termoelétrica de Piratininga.
Nem toda a água que chega à torneira dos moradores
da Grande São Paulo está computada nos números da Grande São Paulo. Em outras
regiões do Estado, a irrigação também gasta bastante água da natureza.
Para o geógrafo Wagner Ribeiro, professor titular
da USP, se a indústria não mudar seu padrão de consumo, medidas mais drásticas
podem entrar em discussão – inclusive a saída das indústrias da região
metropolitana.
"Já passou da hora de discutirmos a presença
de grandes consumidores de água na região metropolitana, que é uma área de
escassez hídrica reconhecida no mundo. É fundamental reavaliar a conveniência
de manter indústrias funcionando aqui", diz.
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