Sociedade
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Até 2008, Brasil teria tido inflação pró-pobre segundo estudo
#COMENTÁRIO
A inflação quando se apresenta é cruel.
Quem já viveu essa situação, sabe perfeitamente do que estamos falando. É muito
fácil se prever onde ela estará atacando mais forte no momento. Quando os
programas do governo federal subsidiam um determinado setor da economia,
certamente a inflação atacará o outro lado que está desamparado pelo governo. Enquanto
o governo segurava (subsidiava) os preços de energia elétrica e combustíveis,
quem era penalizado pela alta do custo de vida eram os ricos e a classe média.
Isso porque os custos de mão de obra e serviços eram supervalorizados. Os
custos de transporte estavam submissos à oferta e procura no mercado, os custos
de mão de obra eram regidos também pela demanda desses serviços.
Agora que o novo governo, para
equilibrar-se em seu rombo criado pelos subsídios com fins eleitoreiros,
resolve retirar os subsídios dos combustíveis e energia elétrica, esses preços
estancados ou com pouca oscilação no mercado, deverão disparar e os que mais
sofrerão será a população da baixa classe-média e os pobres. São eles que mais utilizam
desses serviços. Os preços finais dos produtos em gôndolas de supermercados
estarão certamente com esses custos embutidos. Estará então acionada a
engrenagem da espiral inflacionária... Maior preço, menor procura – Menor procura,
menor produção – Menor produção, maior preço. E acompanhando a isso, para
equilibrar as indústrias, demissão... Vide noticiários da indústria
automotiva... Mais ou menos, doze mil demissões nos últimos três meses...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
Brasil
Saiba mais sobre o que você vai ler na matéria:
#CONVITEAPROSA
Você ainda acredita que a inflação está sob controle, como anunciam?
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Ruth Costas - BBC Brasil em São Paulo
Ao contrário do
que ocorreu até 2008, nos últimos anos a inflação "dos pobres"
brasileiros teria sido maior que a "inflação dos ricos" segundo o
economista Fábio Ferreira da Silva, membro do Conselho Federal de Economia.
A pedido da BBC Brasil, Silva atualizou os dados de
um estudo que havia feito em 2011 para entender como a alta de preços afetava
diferentes faixas de renda da população em diferentes regiões do país.
Na época, o pesquisador havia analisado o período
de 1995 a 2008 e concluído que, depois do Plano Real o Brasil teve uma inflação
"pró-pobre" - ou seja, os preços dos produtos e serviços que têm um
peso maior no orçamento das famílias de baixa renda teriam aumentado menos que
os dos itens de maior peso para as famílias ricas e de classe média. Segundo
seus cálculos, porém, desde 2009 tem havido uma reversão dessa tendência - com
uma inflação pró-ricos. "Pelo quinto ano consecutivo, a inflação dos
pobres é mais alta que a média - uma tendência diferente daquela que se
observou em anos anteriores", diz Silva.
Em 2014, por exemplo, enquanto a inflação no Centro
Sul teria sido de 6,4%, os pobres da região teriam sentido uma alta de preços
de 6,8%. Já no caso do Nordeste, enquanto a inflação média teria sido de 6% no
ano passado, para a classe baixa a alta foi de 6,4% e para os ricos, de 5,5%. De
acordo com o estudo inicial do economista, publicado na revista Economia
Aplicada, de 1995 a 2008 o Brasil teve uma inflação média de 8% ao ano.
No período, a alta de preços no Nordeste teria sido
de 7,4% para os pobres, 7,9% para a classe média e 8,3% para a classe alta. No
Sudeste, a inflação teria sido de 7,8% para os pobres, 8,1% para a classe média
e 8,2% para os ricos.
Já o novo levantamento indica que desde 2009, a
inflação média foi de 5,8%.
No Nordeste, a alta teria sido de 6,2% para os
pobres, 5,7% para a classe média e 5,1% para a classe alta. E no Sudeste, de
6,1% para os pobres, 5,8% para a classe média e 5,7% para os ricos.
Causas
Segundo Silva, essa mudança de tendência se deve a
pelo menos dois fatores. O primeiro seria a alta combinada dos alimentos e do
item habitação - de grande peso para famílias de baixa renda.
"Os alimentos em domicílio têm maior peso na
cesta dos pobres, e seus preços subiram, em média, 7,9% em 2014 devido
principalmente a choques de oferta", diz o economista.
No caso dos alimentos, os preços teriam sido
impulsionados em 2014 pela seca e, nos últimos anos, pelo aumento da demanda no
mercado internacional. "Já o grupo habitação – que também tem maior peso
entre os mais pobres – teve inflação de 9,2%, influenciado pela energia
elétrica residencial."
O segundo fator por trás da mudança de tendência da
inflação seria a desaceleração do grupo transporte, de maior peso para famílias
de renda alta. "Em 2014, por exemplo, esse grupo - que inclui despesas com
veículo próprio, como combustível, estacionamento e pedágio – teve inflação de
3,6%", diz Silva acrescentando que a "postergação do aumento do preço
da gasolina e do diesel em função do ano eleitoral também pode ter
afetado" o resultado do ano passado. Para o pesquisador, ainda é cedo para
saber se essa "inflação pró-ricos" será uma tendência duradoura -
caso em que poderia ter alguma repercussão sobre a questão da distribuição da
renda.
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