Mundo
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#COMENTÁRIO
Uma associação internacional de países
com uma difícil identificação entre si, que foram reunidos por um acidente
ortográfico em título de uma reportagem há alguns anos atrás chamada “Building
Better Global Economic BRICs”, que premonizava
uma alteração na hegemonia econômica mundial com o surgimento de países em
condições de emergentes no cenário mundial com projeção de suas futuras
economias que prometiam crescer em escala muito maior que nos países
considerados ricos e mais desenvolvidos. Mas passados mais de dez anos, de
consecutivas reuniões de acertos conjuntos, de algumas realizações sem muita
repercussão e representatividade mundial, e agora começam a se defrontarem com
problemas internos insolúveis e com características próprias em cada país. A
não solução de seus problemas internos, faz com que esses promissores países
tornem-se grandes promessas de riscos à saúde da economia mundial e como numa
bola de neve, a confiança mundial fica abalada, dificultando assim a obtenção
de recursos financeiros internacionais, mesmo para o próprio banco de fomento
criado recentemente por eles. Outro fator importante que deve ser levado em
consideração em uma análise é que esses problemas internos não podem de forma
alguma obter ajuda dos parceiros para uma tentativa de solução, eles são
próprios e arraigados em seu próprio sistema, não aceitando portanto,
inferência externa.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: ig.com.br
Saiba mais sobre o que você vai ler
na matéria:
#CONVITE
Você acha que os BRICS podem se tornar uma
potência mundial?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
BBC - Andrew Walker - 30/11/2014
Assim como o Brasil, outros países do grupo que
mudaria a economia global enfrentam desaceleração
Países dos Brics enfrentam dificuldade econômicas
Em 2001, os Brics foram considerados países que
poderiam remodelar a economia mundial.
Brasil, Rússia, Índia e China - na época o grupo
não incluia a África do Sul - foram identificados como economias grandes e de
crescimento rápido que teriam papeis globais cada vez mais influentes no
futuro.
Mas a desaceleração econômica pela qual o Brasil
está passando se repete em todo o grupo. O que aconteceu com estas economias?
Hoje, China e Rússia são possivelmente as mais
preocupantes para o resto do mundo no curto prazo. Podem provocar uma
reformulação séria e bastante indesejável. No caso da China, há o risco de a
desaceleração econômica se transformar em algo mais prejudicial para a economia
mundial. Com a Rússia, há a possível consequência econômica do conflito na
Ucrânia. A desaceleração da China aconteceria mais cedo ou mais tarde. Na
verdade, é notável que não tenha vindo antes. A China tem registrado taxas
extraordinárias de crescimento econômico há muito tempo - uma média de 10% ao
ano nas últimas três décadas. Mas este crescimento é baseado em taxas muito
elevadas de investimento, atualmente em 48% da renda nacional ou PIB.
Quando o investimento é alto assim, há sempre o
risco de que muitos projetos acabem sendo um desperdício ou não rentáveis,
minando as finanças dos próprios investidores e de qualquer pessoa que tenha
emprestado dinheiro a eles.
Poucos países têm taxas de investimento mais altas
do que as chinesas - e nenhum deles tem muito a ensinar para a China. São eles
Butão, Guiné Equatorial, Mongólia e Moçambique. Outro fator que ajuda a entender
o crescimento chinês é a exportação. Mas não é possível depender disso
atualmente, quando o resto do mundo ainda luta para se recuperar da crise
financeira.
Transição chinesa
O que o governo chinês quer fazer é avançar no
sentido de um crescimento econômico um pouco mais lento e mais influenciado por
venda de bens e serviços para os consumidores chineses.
A desaceleração está acontecendo. Já nesta década,
a taxa média de crescimento caiu em mais de dois pontos percentuais. O homem
que inventou o termo "Brics", Jim O'Neill, então da Goldman Sachs,
acredita que a transição pode ser gerida sem muita turbulência. Outros são mais
cautelosos. O professor Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard, diz que a
desaceleração da China é ao mesmo tempo inevitável e desejável, mas adverte:
"Não é fácil conter o crescimento gradualmente sem provocar problemas
generalizados de projetos de investimentos ambiciosos."
Ele diz que, se o crescimento chinês entrar em
colapso, a queda global poderia ser muito pior que a causada por uma recessão
normal nos EUA.
Já a Rússia é uma história diferente. Seu impacto
econômico potencial sobre o resto do mundo em um futuro próximo está altamente
relacionado com questões políticas. O conflito na Ucrânia já prejudicou a
Rússia economicamente.
As sanções impostas pelo Ocidente e o receio entre
os investidores de que elas possam aumentar agravaram uma desaceleração que
ocorreria de qualquer maneira. O país já perdeu US$ 85 bilhões este ano, de
acordo com dados do Banco Central. A Rússia é muitas vezes criticada por ter um
ambiente de negócios difícil, devido à burocracia e incertezas sobre o sistema
legal. O FMI já falou disso antes, e Jim O'Neill também afirma que a Rússia
precisa de normas confiáveis de direito empresarial.
Os problemas da Rússia já tiveram impacto econômico
além de suas fronteiras, notadamente na Alemanha.
As exportações para a Rússia caíram acentuadamente
- o que é um fator importante por entender por que a Alemanha está perto da
recessão. Olhando para o futuro, o FMI também advertiu que "riscos
geopolíticos", ou seja, a crise na Ucrânia e no Oriente Médio, são algumas
das principais ameaças para a recuperação da economia global que já é, nas
palavras do próprio FMI, "fraca e desigual".
Força da Índia
Outros dos Brics com problemas claros é o Brasil -
apesar de o país representar menos perigo no contexto global.
Assim como a Rússia, é uma economia em que as
exportações de commodities desempenharam um papel importante para os bons
resultados da década de 2000.
Na Rússia, o que se exportava era de petróleo e
gás. Já o Brasil tem minério de ferro e commodities agrícolas como soja, café e
açúcar. Jim O'Neill diz que ambos precisam tomar medidas para tornarem-se menos
dependentes do setor de commodities. Devem melhorar a sua competitividade de
trabalho, diz, e se tornarem mais atraentes para o investimento privado em
outras indústrias. Entre os países do Bric original - que não inclui a África
do Sul -, a Índia aparentemente é o que está causando menos ansiedade nos
mercados financeiros e instituições econômicas internacionais no momento. O
crescimento ganhou força este ano, embora esteja muito aquém daquele da década
anterior. Muitos investidores receberam bem o novo governo de Narendra Modi,
que assumiu o cargo em maio.
"Estou mais otimista do que estive por algum
tempo sobre a Índia", diz Jim O'Neill.
Então, os Brics estão desmoronando? É bom lembrar
de onde este conceito veio. Ele apareceu pela primeira vez em um artigo escrito
em 2001 por Jim O'Neill. Não era um grupo, mas apenas uma maneira conveniente,
com uma sigla agradável, para detectar tendências importantes. Somente anos
depois os países começaram a fazer cúpulas anuais e, nesta fase inicial, o
grupo não incluia a África do Sul. O "s" no final de Brics aparecia
apenas como um plural.
Alcançando o crescimento
O objetivo do trabalho era mostrar o papel cada vez
mais influente que esses países desempenhariam na economia global pelos
próximos 10 anos, e argumentar que a cooperação econômica internacional deveria
mudar para refletir esta realidade diferente. E isso ocorreu.
Desde 2008, um dos fóruns-chave para questões de
política econômica tem sido o grupo G20, que inclui todos os Brics entre os
seus membros. Os Brics eram as maiores economias emergentes. Não havia nenhum país
africano quando a ideia foi usada pela primeira vez, e em termos do seu peso
econômico a África do Sul estava bem atrás dos outros, e também de alguns que
não foram incluídos, como a Indonésia e o México. Um artigo de acompanhamento
de dois outros economistas do Goldman Sachs estendeu a análise até 2050 e
sugeriu que os Brics, em conjunto, poderiam ser maiores que os seis principais
países industrializados somados em 2039. A rigor, os artigos do Goldman Sachs
não eram previsões. Eram retratos de como o mundo poderia ser se os países
crescessem o quanto podem.
As taxas de crescimento previstas eram muito
maiores do que a de países ricos.
Eles têm a possibilidade de alcançar esses países
ao investir rapidamente em tecnologia, o que já está estabelecido em economias
desenvolvidas. Eles também têm mão de obras disponível, para as indústrias em
rápida expansão, por causa da população em crescimento e urbanização, com as
pessoas se mudando do campo para as cidades.
Nas projeções originais de Jim O'Neill, o crescimento
chinês ao longo dos próximos 10 anos foi fixado em 7%, da Índia de 5%, e Rússia
e Brasil, em 4%. O Brasil foi o único que não atingiu essa projeção. Mas todos
os Brics têm desacelerado na década atual, por mais de dois pontos percentuais
cada, com exceção da África do Sul.
Potencial para o futuro
O FMI investigou a desaceleração dos países em
desenvolvimento.
Uma parte significativa dele reflete a demanda
internacional mais fraca por suas exportações e políticas governamentais dos
próprios países, que se tornaram uma limitação ao crescimento, à medida que
reverteram políticas de estímulo anteriores - cortando gastos ou aumento
impostos para reduzir as necessidades de financiamento.
Mas também há outros fatores que afetam a
capacidade das economias emergentes de crescer no futuro - que limitam o que o
FMI chama de "potencial de crescimento". As taxas de juros tendem a
subir gradualmente de seus atualmente baixos níveis nos países ricos -
particularmente nos EUA e no Reino Unido. Isso vai afetar as taxas globais e
tornar o investimento mais caro em economias emergentes. Muitos também terão de
lidar com o envelhecimento da população e um crescimento mais lento do número
de pessoas em idade ativa. Para alguns, a vantagem demográfica que tinham
anteriormente está desaparecendo. Rússia e China estão entre nesse grupo. Isso
foi levado em conta nas projeções do Goldman Sachs. Jim O'Neill diz que, mais
recentemente, suas políticas nesta área têm sido "surpreendentemente
boas". A China está afrouxando sua política de filho único e, diz ele,
"a Rússia tem tido algum sucesso no aumento da expectativa de vida com
políticas muito mais inteligentes sobre o consumo de álcool."
Apesar de todos os Brics terem desacelerado nesta
década, os que apresentam perfomance mais fracos agora são Brasil e Rússia.
Suas taxas médias de crescimento têm sido
inferiores a dos Brics asiáticos o tempo todo e, neste ano, eles desaceleraram
ainda mais. Para 2014 como um todo, o FMI projetou crescimento para os dois,
mas muito pouco - de 0,3% para o Brasil e 0,2% para a Rússia. Os dois números,
aliás, são um bem menores do que foi previsto este ano até para a zona do euro
- apesar de ela ainda estar em crise e ter sido descrita como assombrada pelo
"fantasma da estagnação" por Mark Carney, do Banco da Inglaterra. Jim
O'Neill ainda não achar que é o caso de tirar Brasil e Rússia do Brics - mas os
últimos anos têm certamente sido uma decepção. Portanto, não é hora de
abandonar os Brics.
Os países do grupo estão passando por alguns
problemas, certamente. Para mudar o quadro, a China, em particular, está
embarcando em uma operação audaciosa, enquanto busca uma forma diferente e,
talvez, em última análise, mais sustentável de desenvolvimento econômico. Os
Brics e seu desempenho importam para o resto do mundo, mais do que importavam
na virada do século - o que é, afinal, o ponto principal do conceito original.
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