Saúde
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#COMENTÁRIO
Um grande problema que está se
alastrando pelo continente americano. Sempre houve casos de obesidade, porém hoje,
com a disseminação no uso dos fast foods que inicialmente eram para atender
emergências de tempo, a assunção da cultura de embutidos e enlatados
industriais, onde sobram conservantes e outros químicos que compõe esse tipo de
alimentação, era de se esperar um resultado desses a que estamos deparando.
Aliada da falta de persistência nos
controles de ingestão, de exercitar o corpo para consumir tudo o que se comeu,
o vício de comer e comer mal, tão natural nos americanos, tornou-se moda aqui
no Brasil, e o resultado está aí. Cirurgias e cirurgias corretivas, que talvez
não tivessem necessidade se os hábitos alimentares e de exercícios físicos
fossem outros, estão se multiplicando cada vez mais e o pior, se tornando
modismo.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
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CLÁUDIA COLLUCCI - SÃO PAULO - 06/12/2014
Um quarto dos
pacientes que fazem cirurgia bariátrica reganha peso e pode ter indicação para
ser reoperado, aumentando os riscos de complicações pós-cirúrgicas. A principal
delas é a fístula, o rompimento dos grampos usados na redução do estômago. O
risco passa de 1%, após a primeira cirurgia, para 13%, depois da segunda. As
reoperações para a redução de peso e as complicações foram discutidas em
congresso de cirurgia bariátrica que ocorreu na semana passada no Rio de
Janeiro. O Brasil é o vice-campeão mundial em cirurgias bariátricas, com cerca
de 80 mil procedimentos por ano (10% feitas no SUS), atrás apenas dos EUA, com
140 mil.
Segundo os
especialistas, é esperado ganhar até 10% do peso perdido na cirurgia
bariátrica. Por exemplo: se a pessoa perdeu 50 kg, é normal que ela ganhe 5 kg.
O sinal vermelho acende quando o reganho de peso é maior, chegando a 50% ou
mais. Pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) com 80 pacientes que tinham
sido operados havia mais de dois anos mostrou que 23% engordaram além do esperado.
Outro estudo da
Universidade Federal de Alagoas com 64 obesos operados revelou que, cinco anos
após a bariátrica, 28% estavam obesos. "O problema é que, além dos quilos
a mais, o obeso volta a ter os mesmos fatores de risco, como hipertensão e
diabetes", diz o cirurgião Almino Ramos, presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Segundo ele, a principal razão
que leva ao reganho é a não aderência do paciente a um novo estilo de vida, que
inclui dieta equilibrada e prática regular de exercícios.
"A cirurgia
não faz milagre. O paciente precisa aderir a um programa multidisciplinar, com
nutricionista, psicóloga. Se ele não cumprir esse acordo, o estômago vai
dilatar e ele vai ganhar peso." O Spa Med, em Sorocaba (SP), tem ao menos
150 pacientes nessas condições: fizeram cirurgias de redução de peso e
praticamente já ganharam quase todo peso perdido. Alguns são reoperados. "No
começo, eles restringem [alimentos calóricos], mas depois vão driblando as
barreiras, tomam milkshake, comem chocolate, pipoca, bebem e, quando se dão
conta, estão obesos de novo", conta Lucas Tadeu Moura, endocrinologista do
spa. Muitos desses pacientes, explica o médico, apresentam deficiência de
vitaminas, como a B12. A falta desse nutriente pode levar à anemia grave e
contribuir para danos cardíacos e neurológicos. O empresário Antônio, 46, fez
redução do estômago há quatro anos, com 195 kg. Hoje pesa 170 kg, tem diabetes
e hipertensão. "Dieta e exercício não funcionam comigo."
Outro estudo
apresentado no congresso do Rio mostrou que 80% dos obesos à espera da cirurgia
bariátrica em um serviço de saúde tinham transtornos psiquiátricos (de humor e
de ansiedade).
"Isso tem que
ser tratado antes da cirurgia. Não adianta colocar a carroça na frente dos
bois", diz Ramos.
Segundo Lucas
Moura, é frequente também o paciente trocar a comida pela bebida, tornando-se
alcoólatra.
"É
complicado. Ele faz a cirurgia, acha que está curado e some do radar do
médico."
VICIO
Obeso desde
sempre. É como o engenheiro João, 56, se autodefine. "Fui um bebê Johnson,
cheio de dobrinhas. Na infância e na adolescência, sempre fui gordinho."
Na década de 1980,
João atingiu 250 kg e decidiu ir morar em um spa. Após um ano de restrições
alimentares e exercícios físicos diários, chegou aos 90 kg. "Foi a melhor
época da minha vida."
Mas, aos poucos,
foi ganhando peso de novo até bater nos 200 kg. "Já viu, né? Família de
italianos, tudo gira em torno de comida. Brincando, eu comia duas, três
pizzas", conta. O pai e os irmãos também são obesos. Na década de 1990,
João fez duas cirurgias bariátricas. Em ambas ocasiões, conseguiu chegar aos
130 kg. Hoje está com quase 200 kg e não pretende fazer uma nova cirurgia por
contas dos riscos de um terceiro procedimento.
"Obeso é como
alcoólatra, não pode chegar perto de comida. A gente opera, mas a cabeça
continua igual. Eu sei que me alimento de forma errada, como muito pão e massa.
Deveria levar a reeducação alimentar a sério, mas não consigo." Ele também
diz ter dificuldades em praticar exercícios físicos em razão do inchaço nas
pernas, provocado por uma infecção de pele grave. Apresenta ainda deficit de
vitamina B12, ferro e cálcio, o que o fez perder os dentes. "Minha pele
está seca, as unhas descamadas. Além de não emagrecer, fiquei com muitas
sequelas. Comigo não deu certo", relata o engenheiro, que mantém
acompanhamento psiquiátrico.
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