Mundo
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Governo brasileiro apostou em investimentos
em Cuba à espera do fim de embargo
#COMENTÁRIO
Sinceramente? Nada.
Pode-se dizer que politicamente isso
foi um sucesso e será vangloriado pelo governo e por simpatizantes do PT, mas
comercialmente, não nada em termos vantajosos para o Brasil.
O que pode esperar em termos de mundo é
que para um país condenado há mais de oitenta anos de ditadura, onde uma
geração nasceu e morreu sem conhecer o que significa “liberdade”, liberdade de
expressão, liberdade de direitos, liberdade de pensamentos, muita coisa nova e
boa deve estar por acontecer.
Brasil financiou modernização de porto cubano com dinheiro do BNDES
Para nós brasileiros, além de um
partido “ululante” e seus adeptos, podemos dizer que gastamos uma fortuna do
BNDES na construção do porto de Mariel que deverá ser pouco utilizado pelo
Brasil e é administrado por empresa de Cingapura; continuamos a investir na
ilha de Fidel e Guevara na construção do aeroporto José Martí, em Havana e no
desenvolvimento de um programa de produção agrícola e industrial no setor
sucroalcooleiro para ilha, conforme declarações da Odebrecht.
Isso quietinho, quietinho...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
Brasil
Saiba mais sobre o que você vai ler na matéria:
#CONVITEAPROSA
Você acredita que Raúl Castro dará preferência
comércio/industrial ao Brasil em detrimento aos EUA?
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Críticos não enxergam vantagens em financiamento do porto de Mariel
Luis Guilherme Barrucho e Ruth Costas - BBC Brasil
em São Paulo
A reaproximação
entre Cuba e Estados Unidos representa um ganho diplomático para o governo
brasileiro, na opinião de analistas ouvidos pela BBC Brasil, mas seus frutos
econômicos gozam de menos consenso.
Estudiosos em comércio e relações internacionais
afirmam que o início do diálogo entre os dois inimigos históricos é uma
"vitória política" para Brasília, que sempre pressionou por uma
reaproximação.
Por outro lado, os analistas divergem sobre como um
eventual, porém ainda distante, fim do embargo à ilha comunista (que só pode
ser decretado pelo Congresso americano) poderia beneficiar o governo
brasileiro, fiador do maior investimento privado já feito naquele país – o
porto de Mariel.
Para Geraldo Zahran, professor da PUC-SP e autor de Tradição Liberal e Política Externa nos Estados Unidos,
o governo brasileiro sempre militou por uma distensão das relações entre
Washington e Havana e deve apresentar a retomada de relações como uma vitória
política.
"Em certa medida esses avanços também ajudam a
criar condições para uma reaproximação do Brasil com os EUA", afirma
Zahran, lembrando que o vice-presidente Joe Biden deve fazer uma visita ao
Brasil na semana que vem.
Na avaliação de Rubens Barbosa, embaixador do
Brasil em Washington entre 1999 e 2004, o reestabelecimento das relações
diplomáticas entre os dois países foi um "ganho político para todos".
"Havia uma ansiedade política para que Cuba
voltasse a integrar a comunidade latino-americana. Tanto é que vários países,
incluindo o Brasil, já vinham pressionando para que a ilha participasse da
próxima Cúpula das Américas em maio no Panamá, a despeito, até então, da
oposição da Casa Branca", diz Barbosa.
Oliver Stuenkel, professor-adjunto de Relações
Internacionais da FGV-SP, observa que "o embargo marcou de maneira
profunda não só a relação bilateral entre os dois países, como influenciou as
tentativas de se estabelecer alianças regionais no continente".
"O reestabelecimento das relações diplomáticas
entre Cuba e Estados Unidos é uma mudança histórica e de grande importância
para as dinâmicas políticas nas Américas."
Já Christopher Garman, diretor de Mercados
Emergentes e América Latina do Eurasia Group, é cético sobre o impacto da
distensão com Cuba nas relações dos Estados Unidos com o resto da América
Latina. "Acho que esse tema sempre foi superdimensionado", diz.
Aposta estratégica
Se os ganhos políticos, para o Brasil, da
reaproximação entre Estados Unidos e Cuba são evidentes, os frutos econômicos
ainda continuam sendo uma espécie de aposta, indicaram os analistas.
Nos últimos anos, Brasil e Cuba estreitaram laços
fortalecidos por uma natural sintonia ideológica entre os governos. Como resultado,
o intercâmbio comercial entre os dois países cresceu quase sete vezes, passando
de US$ 92 milhões em 2003 para US$ 625 milhões em 2013. Atualmente, o Brasil é
o terceiro maior parceiro comercial de Cuba, após a China e a Venezuela.
O ápice das relações entre os dois países veio com
a construção do porto de Mariel, obra tocada em grande parte pela brasileira
Odebrecht a um custo de US$ 975 bilhões e financiada com dinheiro do BNDES.
O terminal ocupa uma área de 400 quilômetros
quadrados que abriga a "zona de desenvolvimento especial" de Cuba,
uma zona franca e industrial para a qual o governo pretende atrair indústrias
estrangeiras por meio de incentivos.
Ali vigora um sistema diferente do resto da ilha,
onde empresas têm poucas restrições para contratar, contam com isenção de
impostos e não são obrigadas a se associar a companhias estatais.
Por causa da origem dos recursos de financiamento,
o terminal portuário foi alvo de críticas de opositores da presidente Dilma
Rousseff, que criticaram a realização da obra em Cuba, segundo eles, motivada
pelo alinhamento ideológico entre os dois países.
O governo argumenta que o investimento gerou
emprego e renda no Brasil, beneficiando mais de 400 empresas fornecedoras de
equipamentos.
Inaugurado em janeiro deste ano, o porto de Mariel
é operado por uma empresa de Cingapura. A Odebrecht agora "trabalha na
ampliação do aeroporto Jose Martí, em Havana, e desenvolve um programa de
melhorias e incremento da produção agrícola e industrial no setor sucroalcooleiro",
informou a empresa em nota enviada à BBC Brasil.
De grande profundidade, o terminal pode receber navios
gigantes, capacidade que poucos portos da região têm, inclusive na costa
americana. Além disso, vem sendo modernizado no mesmo momento em que são
realizadas obras de ampliação do canal do Panamá, que passará a receber navios
que transportam até o triplo da carga dos navios atuais.
"A região é estratégica, já que boa parte do
comércio da Ásia para a costa leste dos EUA passa pelo canal do Panamá",
disse à BBC Brasil Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos
Econômicos Internacionais da Unesp.
"Do ponto de vista estratégico, o investimento
foi feito de olho no potencial da região. A ideia é que empresas brasileiras
possam se estabelecer na zona de livre comércio ao redor do porto e de lá
exportem diretamente aos Estados Unidos e a outros países da América
Central", afirmou.
"Cuba criou muitas facilidades para a
instalação de empresas nesse local. O Brasil chegou primeiro e pode se
beneficiar disso", completou.
Que benefício?
Porém, diferentemente das nações vizinhas, Cuba não
pode aproveitar as oportunidades comerciais devido à proibição de Washington,
que já dura mais de cinco décadas.
Na opinião de Ayerbe, o Brasil considerou o
investimento no porto como uma aposta na suspensão do embargo.
Para Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações
Exteriores no governo Fernando Henrique e vice-presidente emérito do Centro
Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) o Brasil não colhe "nenhuma
vantagem em financiar o porto de Mariel".
"O porto não vai servir para nada. Nosso
comércio para os Estados Unidos nunca precisou passar por ali e o local não é
um entreposto comercial", afirmou.
Lampreia lembra que o mercado interno cubano ainda
é pouco atrativo para empresas brasileiras.
"O poder aquisitivo do cubano ainda é muito
baixo e nada indica que isso vai mudar rapidamente. Além disso, o tamanho desse
mercado é irrisório se comparado ao de outros países", acrescenta.
Para Roberto Abdenur, embaixador do Brasil em
Washington entre 2004 e 2006, as empresas brasileiras instaladas na zona franca
cubana poderiam se beneficiar da "mão de obra barata e capacitada" do
país.
Ele pondera, no entanto, que, "com um eventual
fim do embargo", o terminal portuário "vai ser muito mais útil para
os Estados Unidos do que para o Brasil".
"Em curto prazo, não vejo benefício para o Brasil.
Cuba tem o potencial para se tornar o que os ex-países do bloco soviético se
tornaram. Nesse contexto, por que privilegiar o Brasil em detrimento dos
investimentos de outros países?", questiona Abdenur.
Para Zahran, da PUC-SP, no entanto, a distensão
pode ajudar a impulsionar a economia cubana, o que beneficiaria o Brasil e em
especial as empresas brasileiras que nos últimos anos começaram a fincar o pé
na ilha.
Garman, da Eurasia Group, concorda: "É claro
que no caso de um eventual fim do embargo poderia haver uma diminuição da
posição do Brasil como parceiro comercial de Cuba, mas seria pouca coisa. Por
outro lado o bolo da economia cubana também iria crescer – então seria de se
esperar uma fatia maior para os brasileiros que já estão apostando na ilha".
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