#COMENTÁRIO
Longe a ideia de querer ser mais realista que o rei, mas era muito
provável que o que está acontecendo agora poderia ser previsto à uns tempos atrás.
A meritocracia da ideia de se elevar as propostas de trabalho às classes mais
carentes, mais desamparadas pela sociedade não pode ser discriminada e atacada por
outras correntes de pensamento econômico.
Porém, partindo de um partido político cujos objetivos sempre foram
enxergar a falta de emprego pela ótica do trabalhador e considerando que a
grande quantidade de adeptos dessa ideia, foi de trabalhadores menos
qualificados no mercado, analistas dessa área deveriam ter antecipado que o
inchaço de utilização dessa mão de obra traria um custo maior (pela quantidade
de elementos) na produção com uma conseqüente queda no final produzido, motivado
pelo incentivo governamental apontado apenas a uma direção no mercado de
trabalho.
Agora, tenta-se apontar os incentivos para outra classe de trabalhadores
e provavelmente acontecerá a mesma coisa. Haverá queda produtiva e
encarecimento do custo de produção novamente. Economicamente falando, não se
pode incentivar apenas um ou outro elo da cadeia produtiva em detrimento às
outras...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha de São Paulo
-----------------------------------------------------------
MARIANA CARNEIRO - ÉRICA
FRAGA - DE SÃO
PAULO - 12/08/2014
A expansão do emprego sustentada pela contratação
de mão de obra pouco qualificada nos últimos anos é uma das causas do baixo
crescimento da economia. Levantamento feito pela Folha nas bases de dados do Ministério do Trabalho revelou
que dez profissões de baixa formação educacional foram responsáveis por metade
das vagas geradas no mercado formal de trabalho entre 2007 e 2013. Essa
tendência contribuiu para a queda da chamada produtividade do trabalho - medida
de eficiência da economia - nos últimos anos. A explicação de economistas é que
a população empregada aumentou, o que é positivo. Porém esses trabalhadores
estão atuando em atividades menos sofisticadas e, por isso, que geram menos
riqueza e o PIB (Produto Interno Bruto) cresce menos. Sob os três anos fechados
da gestão de Dilma (2011 a 2013), a produtividade recuou de um crescimento
médio de 2% ao ano, dos primeiros três anos do segundo mandato de Lula (2007 a
2009), para 1,7% ao ano. Como resultado, o crescimento da economia encolheu,
neste período, de uma média de 3,6% para 2%. "Os mais produtivos já foram
contratados e, nos últimos anos, foram contratadas pessoas com uma qualificação
pior", diz Fernando de Holanda Barbosa Filho.
"Isso ajuda a explicar por que temos
desemprego baixo [em torno de 5%] ao mesmo tempo em que crescemos pouco: a
geração de empregos ocorreu com pessoas e em áreas menos produtivas." Com
isso, a economia entrou em um ciclo não virtuoso, que travou o crescimento. E
os trabalhadores, mesmo gerando menos riqueza, ficaram mais caros, o que
pressiona os custos das empresas e retira sua capacidade de competir com
empresas estrangeiras aqui e no exterior.
MAIS CARO
Segundo cálculo do economista Naercio Menezes,
professor do Insper, os salários dos trabalhadores com formação mais baixa
(menos de quatro anos de estudo) subiram oito vezes mais que o dos mais qualificados
(com 17 a 18 anos), entre 2001 e 2012. No governo, essa tendência já foi
identificada. Segundo Rodolfo Torelly, diretor do departamento de emprego e
salário do Ministério do Trabalho, os últimos anos foram marcados pelo avanço
da formalização no Brasil, com a inclusão de trabalhadores dos estratos mais
pobres e menos qualificados.
"Isso explica parte do forte aumento de
geração de vagas menos qualificadas", afirma. "A tendência agora é
criar empregos mais nobres." Há o risco, porém, de o próximo capítulo
dessa história ser diferente, pois com o baixo crescimento da economia cessa a
geração de empregos, até das menos qualificadas. No primeiro semestre deste
ano, a geração de novas vagas caiu à metade. Até setores mais dinâmicos, como
construção civil e comércio, perderam fôlego neste ano no primeiro semestre
deste ano. "É um processo que se esgota se não for acompanhado por uma
geração substancial de vagas também para profissionais mais qualificados, que
aumentem a produtividade. Sem isso, o crescimento estanca", diz Menezes. Os
trabalhadores com posição mais frágil em um processo de reversão são exatamente
os menos produtivos. "Os que acharam que a vida ia ser para sempre uma
festa agora tendem a ficar sem emprego. Meu conselho é: façam como o time da
Alemanha, se preparem, se especializem", diz Antonio Setin, presidente da
construtora Setin.
QUALIFICAÇÃO
Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai, observa
que também para as empresas é necessário que os trabalhadores se qualifiquem.
"Para se manter competitivas, as empresas
estão se modernizando, o que muda os requisitos de mão de obra. Processos mais
complexos demandam profissionais mais preparados".
Para sair da armadilha, economistas e empresários
afirmam que é necessário melhorar a educação. Nos últimos anos, a escolaridade
até aumentou, mas a avaliação é que os trabalhadores ainda chegam ao mercado
pouco preparados. Segundo dados do Senai, só 15% dos trabalhadores de chão de
fábrica têm ensino médio completo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qual a sua opinião sobre isso?