Política
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#COMENTÁRIO
É desconcertante ver como regimes políticos podem destruir um país.
Veja o que acontece com a Venezuela, pessoas representativas na sociedade,
âncoras de diversos sistemas existentes no país, personalidades de
representação e auxílio popular, todos à
primeira possibilidade, vão abandonando o país. Grandes lacunas vão ficando nas
instituições, sem qualquer possibilidade de reposição. Quem não pode sair, fica
sofrendo e se sujeitando a desmandos e intempéries governamentais.
Seguindo quase que o mesmo caminho
traçado, apesar de ainda se chamar democracia, o Brasil já começa a ver
personalidades saindo pelos vãos dos dedos.
A instalação de políticas totalitárias
referenciadas pelos grandes egos de seus mandatários espalhou-se pela América
do Sul, a partir de Cuba, de uma maneira espantosa. A máquina administrativa
dos países destrói as parcas possibilidades de uma mudança política capaz de
dar um novo alento à sociedade. Outro fator que completa o montante de
dificuldades de mudança é o baixo nível educacional dos povos em sua grande
maioria em quase todos os países sul-americanos.
#Disse
Carlos Leonardo
#CONVITE
Você acha que baixo nível político
educacional dos povos é o fator preponderante por estarem sujeitos à políticas totalitárias?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
SAMY ADGHIRNI - DE
CARACAS - 06/10/2014
O dentista Samuel Parazon, 25, cansa só de lembrar
quantas vezes foi assaltado. Em julho, bandidos invadiram o prédio onde
trabalha e quase entraram no seu consultório. "Naquele dia, decidi sair da
Venezuela", diz Parazon, que embarcou neste domingo (5) para o Panamá.
Parazon aderiu ao crescente fluxo de venezuelanos
rumo ao exterior em busca de segurança econômica e política.
De 2000 a 2010, meio milhão de pessoas emigraram da
Venezuela, segundo o Banco Mundial – Caracas não divulga dados sobre o tema. O
número de residentes no exterior é hoje de 800 mil, estima a demógrafa Anitza
Freitez, da Universidade Católica Andrés Bello. Outros especialistas falam em
até 1,6 milhão de expatriados. A Venezuela tem população de 29 milhões. O
principal destino são os EUA, onde o número de venezuelanos foi de 91 mil em
2000 para 215 mil em 2009, segundo dados americanos. Na Espanha, diz o governo,
o número passou de 7.000 em 1999 para 45 mil em 2013. É uma reviravolta para a
Venezuela, tradicionalmente receptora de estrangeiros.
Era mínimo o fluxo de saída, apesar de crises e
períodos ditatoriais. "Havia mobilidade social, projetos de infraestrutura
e espaço para todo tipo de profissional. Tínhamos razões para ficar", diz
o sociólogo Tomas Páez, que está escrevendo um livro sobre venezuelanos no
exterior.
FUGA DE CÉREBROS
A emigração começou a aumentar com a chegada à
presidência, em 1999, de Hugo Chávez e sua revolução pela redistribuição de
renda. Graças aos altos preços do petróleo na metade dos anos 2000, Chávez
cumpriu a promessa de reduzir a pobreza extrema e trazer crescimento – o PIB
saltou 17% em 2004.
Mas a melhora da economia, mantida até 2009, não
estancou a violência – principal fator de saída, segundo acadêmicos e
emigrados. A taxa de homicídios pré-Chávez era de 19 para cada 100 mil
habitantes, segundo ONGs. No ano passado, foi quase cinco vezes maior. Outro
fator de saída é a polarização entre simpatizantes e opositores do governo. A
classe média se sente perseguida por pressão ideológica e políticas chavistas,
como expropriações, controle de câmbio e aparelhamento das estatais. Em 2003,
Chávez demitiu 18 mil funcionários da petroleira PDVSA que protestavam contra a
gestão socialista. Boa parte eram engenheiros que levaram sua expertise a outros
países.
Até hoje, a emigração venezuelana se caracteriza
como fuga de cérebros. Cerca de metade dos venezuelanos nos EUA tem formação
universitária, diz estudo publicado em 2011 pela OCDE, que reúne 34 países
desenvolvidos.
A taxa é superior à de qualquer outra comunidade
latina instalada nos EUA. "A emigração venezuelana é majoritariamente
composta por gente capacitada que quer emigrar de maneira legal", diz
Esther Bermudez, do site mequieroir.com, que auxilia nos trâmites de viagem.
MÉDICOS
Um dos setores mais afetados é a medicina. Só o
Hospital de Clínicas de Caracas perdeu cinco especialistas nas últimas semanas.
"Um deles era especializado em transplante de córnea. Como
substituí-lo?", diz Amadeo Leyba, chefe do hospital. O presidente Nicolás
Maduro admitiu o problema. Mas governistas chamam emigrados de traidores da
pátria e dizem que se a situação fosse tão ruim não haveria tantos estrangeiros
no país.
A socióloga Freitez rebate essa tese e diz que a
presença de estrangeiros, que se manteve em 1 milhão desde 2001, é feita de
refugiados da Colômbia e de cubanos e chineses a serviço do governo
venezuelano. "Não vieram por opção", diz. Resumindo o sentimento dos
que se foram, um advogado na Espanha diz não ter planos de retorno. "Não
creio no futuro do meu país."
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