Cidadania
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Mulheres
serão apenas 10% dos deputados e 13,6% dos senadores no novo Congresso eleito
para 2015
#COMENTÁRIO
Esta reportagem dá-nos a real dimensão
de o quanto o brasileiro é excludente. Disfarçadamente, como é peculiar no
brasileiro, os diferentes ao meio são excluídos e se forem aceitos é porque há
alguma razão muito forte para que o façam.
Com a mulher não é diferente, em
âmbitos diferentes elas são elementos diferenciais que podem ser bons ou ruins.
Some-se a essa situação desconcertante, a rejeição gratuita das próprias
mulheres. Elas próprias não vêm com bons olhos, outra mulher em cargo
mandatório.
É uma característica inata do povo brasileiro
o fato de excluir diferentes e as mulheres encontrarão grandes dificuldades
para superar esse conceito, uma vez que primeiro elas deverão se unir, chegar a
um consenso sobre seus objetivos para então dividir as contendas que lhes são
de direito. Nada é mais justo que ambos os sexos dividam responsabilidades em
igualdades de condições, nada deveria ser excludente, mas sim complementares,
porém, a realidade é outra e reafirmamos que ambos os lados discutem situações
com escudos levantados e olhares de soslaio...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
Brasil
#CONVITE
As responsabilidades e direitos não
deveriam ser partilhadas de formas iguais entre os sexos?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Mariana
Schreiber - Da BBC Brasil em Londres - 6 outubro 2014
As três candidatas à Presidência da República
receberam mais de 67 milhões de votos, o equivalente a 64,5% dos votos válidos
na eleição de domingo.
Dilma
Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (PSOL) ficaram
respectivamente em primeiro, terceiro e quarto lugar, em uma disputa com mais
oito homens. O bom desempenho na corrida presidencial, no entanto, não se
repete nos demais pleitos. No caso do Congresso Nacional, os brasileiros
elegeram apenas 51 deputadas federais mulheres, o que representa 9,9% dos 513
eleitos para a Câmara. O número representa apenas uma pequena melhora em
relação a 2010 (45 eleitas). Dos 27 novos senadores, cinco (18,5%) são do sexo
feminino. Com isso, serão 11 mulheres senadoras no próximo ano, ou 13,6% do
total de 81. Nas eleições para governador, as vitórias masculinas foram ainda
mais predominantes. Entre os 13 eleitos no primeiro turno, nenhum é mulher.
Outros 14
governadores ainda serão escolhidos no segundo turno, mas apenas em Roraima há
uma candidata na disputa. E a única mulher ainda com chances de se tornar
governadora é uma candidata de última hora que está concorrendo porque teve que
substituir o marido, considerado "ficha suja" pela legislação
eleitoral.
Suely
Campos (PP) entrou na disputa em setembro deste ano, a menos de dois meses da
eleição, depois que o candidato Neudo Campos (PP) teve o registro de
candidatura negado duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima
(TRE-RR). É certo, portanto, que haverá uma redução no número de governadoras
no próximo ano. Atualmente, há duas no cargo: Roseana Sarney (PMDB-MA) e
Rosalba Ciarlini (DEM-RN). Nenhuma delas estava concorrendo dessa vez.
Cotas
Do total
de 176 candidatos ao cargo de governador nesta eleição, apenas 11,4% eram
mulheres.
A
legislação atual exige que no mínimo 30% do total de candidatos aos cargos de
deputado estadual e federal sejam do sexo feminino. O número de eleitas, porém,
não chega a esse percentual. Feministas ativistas e acadêmicas ouvidas pela BBC
Brasil dizem que as candidaturas femininas recebem menos apoio dos partidos e,
por isso, acabam sendo menos competitivas. Proporcionalmente, a região Norte
foi a que elegeu mais mulheres para a Câmara dos Deputados. Elas são 15 dos 65
deputados eleitos pelos Estados da região, ou seja, 23% do total. Já a região
Sul é a que apresenta percentual mais baixo de deputadas federais eleitas
(6,5%), seguida de perto pelo Nordeste (6,6%). Os índices para o Sudeste e o
Centro-Oeste são, respectivamente, 9,5% e 9,8%. No caso do Senado, a nova
eleição aumentará a bancada feminina em apenas uma parlamentar. Dos 27 novos
senadores, cinco são mulheres: Kátia Abreu (PMDB-TO) e Maria do Carmo Alves
(DEM-SE) foram reeleitas. Duas atuais deputadas vão substituir senadoras. Rose
de Freitas (PMDB-ES) entrará no lugar de Ana Rita (PT-ES), enquanto Fátima
Bezerra (PT-RN) ocupará o posto de Ivonete Dantas (PMDB-RN). A quinta eleita é
Simone Tebet (PMDB-MS), que é filha de Ramez Tebet, senador de dois mandatos e
presidente do Senado entre 2001 e 2003. Com isso, serão 11 mulheres no Senado,
apenas 13,6% dos 81 senadores.
Clube do Bolinha
"Candidatas
como Marina e Dilma têm trajetórias extraordinárias e são a expressão máxima da
exceção. São candidatas que têm forte apoio político, o que não acontece
normalmente", observa a diretora do Instituto Patrícia Galvão, Jacira
Melo. "Há muitas mulheres que são lideranças em suas comunidades, mas esse
tipo de liderança não é valorizada nos partidos. É o grupo do bolinha. Os
convites para candidaturas são feitos em cima da hora apenas para cumprir
cota", acrescenta. A socióloga feminista Maria Betânia Ávila destaca a
importância de já termos uma mulher na presidência para inspirar outras
lideranças femininas. "Isso altera a percepção das mulheres. Mostra que a
possibilidade existe, apesar da profunda desigualdade e discriminação da nossa
sociedade".
Ela
ressalta, porém, que isso não é suficiente para alavancar a participação da
mulher na política porque "os partidos são profundamente
patriarcais". A socióloga defende uma reforma política que amplie o espaço
da mulher.
Sônia
Coelho, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, também considera
fundamental essa reforma. Ela destaca a importância do financiamento público de
campanhas, já que o financiamento privado tem favorecido os homens. "As
candidatas não têm acesso a financiamento e não conseguem concorrer em pé de
igualdade", afirma.
Ela
também defende o voto em lista para deputado, com alternância entre homens e
mulheres. Nesse sistema, o eleitor vota no partido, que decide a ordem dos
candidatos que serão eleitos.
Deputadas Federais eleitas
Número
de mulheres e percentual do total de deputados eleitos em cada Estado:
Tocantins - 3 (37,5%)
Amapá - 3 (37,5%)
Goiás - 2
(25%)
Rondônia
- 2 (25%)
Roraima -
2 (25%)
Piauí - 2
(20%)
Pará - 3
(17,6%)
Rio de
Janeiro - 6 (13%)
Santa
Catarina - 2 (12,5%)
Rio
Grande do Norte - 1 (12,5%)
Mato
Grosso do Sul - 1 (12,5%)
Distrito
Federal - 1 (12,5%)
Acre - 1
(12,5%)
Amazonas
- 1 (12,5%)
Minas
Gerais - 5 (9,4%)
Ceará - 2
(9,1%)
São Paulo
- 6 (8,6%)
Bahia - 3
(7,7%)
Paraná -
2 (6,7%)
Maranhão
- 1 (5,6%)
Pernambuco
- 1 (4%)
Rio
Grande do Sul - 1 (3,2%)
*Espírito
Santo, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Mato Grosso não elegeram nenhuma deputada.
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