Política
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Arturo Porzecanski, diretor do Programa de Relações Econômicas
Internacionais da American University
#COMENTÁRIO
É muito bom a gente ler algo analisado
friamente, sem interesse outros que possam desviar uma real análise da situação
do País. É muito interessante que se publiquem análises derrotistas para
atender a alas que querem apontar um mandato político desastrado e da mesma
forma, não deixa de ser interessante que a análise publicada pinte de cores
vibrantes a olhos incautos, desinformados e alienados do contexto econômico
mundial, por analistas ligados ao sistema político no poder.
Lendo este artigo que Arturo
Porzecanski, um economista-chefe da American University, cede ao jornal Folha
de São Paulo, ele dá-nos uma visão fria e analítica da relação Brasil/mundo no
contexto econômico. É possível ver um Brasil sem representatividade no mundo,
perdendo terreno em todos os campos econômicos e os reflexos das camuflagens
contábeis que o negativam aos olhos da macroeconomia mundial. As explicações e justificativas a nós
passadas pela política econômica nacional não refletem a real situação do mundo
lá fora, onde o arrocho econômico mundial arrefeceu o crescimento, mas não o
paralisou enquanto nós iniciamos uma marcha à ré em nosso crescimento econômico,
os custos produtivos não se adequaram e começamos a perder mercado lá fora. Politicamente,
não queremos comercializar com os EUA e não podemos fazer frente ao mercado
europeu.
Vale a pena ler a reportagem anexa abaixo.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte:
Folha
de São Paulo
#CONVITE
Você tem conhecimento de nossa situação
econômica no exterior?
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RAUL JUSTE LORES - DE
WASHINGTON - 04/10/2014
"O mundo está colocando o polegar para baixo
ao pensar no Brasil e quem se eleger vai ter muito trabalho em mudar essa
percepção", diz o economista Arturo Porzecanski, 65, que há 37 anos estuda
a América Latina.
O uruguaio foi economista-chefe dos bancos J. P.
Morgan, ABN-Amro e Ing-Barings por quase três décadas e desde 2005 dirige o
Programa de Relações Econômicas Internacionais da American University.
Ele acha que o Brasil "andou para trás"
em inflação e protecionismo, considera que o BNDES "não tem nada a ver com
a escolha de campeões nacionais da Coreia" e que o país precisa
"desesperadamente achar novos mercados". "O Brasil está jogando
na terceira divisão", diz.
Porzecanski diz que o sucesso do Bolsa Família só
será verificado "quando menos gente precisar dele, o número de famílias
atendidas precisaria cair". Ele recebeu a Folha em seu escritório, em Washington.
Confira abaixo a íntegra da entrevista, em tópicos:
*
BRASIL DESAPRENDEU
O Brasil desaprendeu a fazer mudanças e está
andando para trás. O Brasil diz gostar de gradualismo, mas fez mudanças muito
rápidas no passado. O Plano Real foi economia vudú, ortodoxa e heterodoxa ao
mesmo tempo, e em dois anos controlou a inflação. O Bolsa Família e os planos
sociais do Lula ficaram em pé já nos primeiros dois anos. A abertura econômica
de um país que tinha um mercado fechado até para computadores foi bem rápida.
Quem vencer as eleições vai ter que reaprender a fazer mudanças rápidas.
ANDANDO PARA TRÁS
Em várias coisas, a Dilma fez o Brasil andar para
trás. Em 1999, Armínio tinha um plano ambicioso de metas e muito rapidamente
respondeu à crise cambial. O Lula em meses dissipou a dúvida que havia sobre
ele e deu luz verde para o Henrique Meirelles.
Com Dilma, o Banco Central andou para trás. O BC
foi incentivado a fechar os olhos para a inflação, bem acima da meta, dá para
passar um ônibus por essa meta agora. A Petrobras perde muito dinheiro para
mascarar a inflação real. As contas públicas pioraram e a qualidade dos dados
com manipulação contábil. Sem falar no abuso do BNDES.
BNDES E COREIA
Acho engraçado compararem a política industrial do
BNDES com a escolha de campeões nacionais pela Coreia do Sul. A Coreia ofereceu
subsídios para as empresas que produziam carros, eletrônicos e afins que
conseguissem exportar para os mercados americano e europeu. Ela não substituiu
importações, ela promoveu exportadores. Mas havia metas e prazos. O governo
ajuda a empresa por "x anos" e depois ela tem que devolver essa
ajuda.
Essa política hoje seria impossível, pois a OMC
[Organização Mundial do Comércio] proíbe subsídios para exportações. Esse
modelo é de outra época. Mas não dá para comparar o BNDES com a Coreia. Quais
foram as metas para o Eike Batista? E para os frigoríficos?
INTERVENCIONISMOS
O Obama subvencionou empresas de energia solar, sem
muito sucesso, mas era algo para a economia do século 21. O BNDES subvencionou
a economia do século 19.
Existem intervencionismos e intervencionismos. O
Tesouro americano emprestou para a indústria automobilística de Detroit e para
a seguradora AIG quando ninguém queria emprestar, e recebeu de volta com muitos
juros. O que o BNDES vai receber do Eike? É como se o FMI [Fundo Monetário
Internacional] emprestasse para países quebrados como Argentina e Venezuela sem
nenhuma contrapartida.
MUNDO SEM ESTAGNAÇÃO
A maioria dos países do mundo anda crescendo menos
do que já cresceu. Fato. Não é mais bonança. Mas o Brasil desacelerou bem mais
que os demais. O mundo não está tão ruim quanto o Brasil. O mundo não está em
recessão, nem estagnado.
CÁLCULO DO BOLSA FAMÍLIA
México, Argentina, Brasil fizeram seus Bolsas
Família. No início, uma marca de sucesso é ampliar as famílias cobertas. Mas o
verdadeiro sucesso, que não vejo no modelo brasileiro, é quando o número de
famílias que precisam dessa ajuda cair de fato. Se elas acham emprego, se têm
salários melhores, esse número deveria cair. Isso não está acontecendo.
FED EM 2015
O Fed [o Banco Central americano] está fazendo o
seu trabalho, sem ser brusco. Em maio de 2013, Ben Bernanke [ex-presidente do
Fed] disse que os estímulos seriam reduzidos. O roteiro está sendo seguido pela
Janet Yellen [atual presidente] paulatinamente. A inflação está abaixo da meta
e os juros vão subir um pouco. Não acho que o Brasil será afetado bruscamente.
80% do destino do Brasil está no Brasil, não está nos EUA ou na China.
MERCOSUL E 3ª DIVISÃO
O Brasil precisa correr para achar novos mercados.
A aposta na OMC com o Azevedo ainda não rendeu. O regionalismo e o Mercosul não
rendem mais. A negociação com a União Europeia é brecada pela Argentina. Até
quando o Brasil vai esperar pela Argentina? Não quer negociar com o império,
com os EUA? Ok, mas procura outros. China, Índia e outros emergentes até
menores têm suas agendas e querem achar mais mercados. Não dá para entrar para
jogar só se for ganhar. Parece que o Brasil tem medo e se contenta ficar
jogando na terceira divisão.
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