Sociedade
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#COMENTÁRIO
Um problema constante, o tráfico de
drogas no Brasil é quase um fator utópico sua extinção. Com suas fronteiras em
meio a matas cerradas, o Brasil tem grandes dificuldades de contenção na
entrada de drogas. Outro fator importante e sem solução, são países vizinhos,
parceiros políticos, mas com larga incidência de plantações e de processos de
refino de drogas. Aliado a todo esse conjunto de fatores desabonadores para uma
possível solução, inexiste no País uma política vigorosa de “caça às bruxas”
para eliminar os grandes cartéis de tráfico de drogas.
Uma cópia real do que se vê em filmes
de gangsteres americanos, no Brasil há toda uma intricada rede de corrupção que
abrange famílias de baixas rendas, policiais em todos os escalões, políticos em
todos os níveis, já houve até notícias que vinculavam o poder judiciário às
drogas.
Dada a extensão territorial do Brasil,
as dificuldades para uma tomada de ação efetiva contra os poderosos das drogas
é uma realidade que deve ser amplamente estudada sua suplantação. Há que se
montar um esquema muito bem elaborado para que não escapem pelos vãos dos dedos
elementos que possam vir a ser problema no futuro.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Também como nos filmes americanos, não
deveríamos atacar de todos os lados a uma só vez, esse problema?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
LUCAS VETTORAZZO - DO RIO - 06/10/2014
A política de combate às drogas no Brasil fracassou
e o país vive um processo de negação da atual situação.
Quem afirma é o fundador e diretor da ONG americana
Drug Policy Alliance (Aliança para uma Política de Drogas), Ethan Nadelmann.
PhD em ciência política por Harvard e mestre em
relações internacionais pela London School of Economics, Nadelman discursará na
TED Conference 2014, que ocorre até a sexta-feira no Rio.
Para ele, o país vive um problema crescente de
abuso no uso de drogas, principalmente a cocaína e o crack.
Não tratar o assunto como uma questão de saúde
pública, focando ações na repressão a traficantes e no desencorajamento do uso
por meio da proibição, o país aprofunda os problemas.
O primeiro passo, disse, seria avançar no debate da
liberação do uso medicinal da maconha e, posteriormente, o recreativo, a
exemplo do que fazem os Estados Unidos.
Nadelmann falou de Nova York à Folha. Leia a seguir:
*
O senhor conhece a realidade das drogas no Brasil?
Sim. Eu estive no Brasil três ou quatro vezes em
cinco anos, já dei palestras em São Paulo, Rio e Brasília e conheço
congressistas e membros de ONGs. Nossa ONG trabalha próxima à Global Commission
on Drug Policy, da qual faz parte o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
E qual é a sua impressão?
Minha impressão é que o Brasil tem um problema
crescente de abuso no uso de drogas, especialmente a cocaína e sua forma
derivada, o crack. Ele é resultado do fracasso da política de proibição, que
não pensa em proteger o usuário, mas em apenas dificultar seu acesso às drogas.
Os barões do tráfico nas favelas, a violência e a corrupção não são motivados
só pelas drogas, mas esse modelo acentua a situação. O que se vê em algumas
cidades brasileiras é semelhante ao que vimos na Chicago de Al Capone, quando a
bebida alcoólica era proibida na década de 1920. Há gângsteres exercendo poder
político, ganhando dinheiro com negócios ilegais, corrompendo a polícia e o
governo e resolvendo seus problemas de maneira violenta. Me parece que o Brasil
está, em um certo ponto, em processo de negação em relação à natureza desse
problema.
O senhor enxerga algum avanço no debate no Brasil
na esfera de governo?
Ao mesmo tempo que há os retrocessos, há algum
progresso no que diz respeito ao uso medicinal da maconha. O que o prefeito de
São Paulo Fernando Haddad está tentando fazer nas cracolândias, por exemplo,
com a introdução de medidas de redução de danos, é a coisa certa a se fazer. É
um exemplo de sabedoria, pragmatismo e coragem política, que são essenciais
para que o Brasil dê um passo adiante na questão das drogas de maneira mais
inteligente. Se as lideranças políticas persistirem na política fracassada do
passado, o problema só aumentará.
De que forma?
As pessoas precisam abrir os olhos no Brasil e
enxergar honesta e realisticamente o que está acontecendo. O Brasil gasta, ano
após ano, mais e mais dinheiro na lógica da combate às drogas. Dinheiro é gasto
nas detenções de rua, em acusações judiciais e no encarceramento da população.
Enquanto isso, os problemas relacionados ao abuso no consumo de drogas
continuam a crescer. A proibição dá a falsa sensação de que se está garantindo
a segurança da população.
Algumas pessoas argumentam que a legalização da
maconha aumentará o acesso dos jovens às drogas.
A pergunta é: quem mais tem acesso à maconha hoje?
Os jovens. Quem mais tinha há dez anos atrás ou há 20? E quem terá nos próximos
20 anos se a maconha continuar ilegal? Há três pesquisas nos EUA em que os
jovens disseram ser mais fácil adquirir maconha do que álcool no país. Então,
essa noção de que a proibição está protegendo os jovens é nonsense. Legalizando
para adultos não significa legalizar para menores de idade, já que será
necessário, assim como o álcool, comprovar maioridade para comprar nas lojas.
Pode haver algum aumento de consumo em outras
faixas?
Eu acredito que o número de consumidores vá crescer
entre as pessoas de 40, 50, 60, 70 e 80 anos. Serão pessoas que descobrirão que
preferem um pouco de maconha ao invés de tomar uma bebida à noite ou de tomar
um medicamento para dormir. Serão pessoas que usarão maconha para aliviar as
dores da artrite ou no tratamento da diabetes, por exemplo.
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