domingo, 21 de setembro de 2014

Carro, celular e geladeira são cortados e mostram perda de fôlego da classe C


Sociedade







#COMENTÁRIO

Era de se esperar que essa ilusão de classe média emergente não durasse muito. Embalados pelo quadro pintado por um governo que melhora seu índice per capita incentivando o consumo e não a produção, o brasileiro ascendente está começando a se sentir em uma armadilha de consumo alto e renda curta. Já é possível se ver os índices de inadimplência começar a sair da linha de estabilização e agora começam a medir também o poder de compra dessa classe média ascendente.

Vê-se que pequenas coisas e regalias conseguidas não se sustentam, existe um abismo que está se abrindo entre o que acreditaram e o que realmente existe aí. A verdadeira classe média já vinha se sentindo achatada nos últimos anos e se sentiu completamente extinta quando a classe C passou a ser chamada de classe média emergente. A ilusão da elevação consumista animou a produção industrial que agora começam a medir estoques enormes parados à espera de um comprador que emergiu sem qualquer experiência de administrar seu parco dinheirinho que havia se elevado. As possibilidades dessas pessoas estarem completamente endividadas muito em breve, são enormes. E como sabemos “decor”, quanto menos se vende, mais desemprego, e quanto maior o desemprego, menos dinheiro no bolso para comprar. É a lógica da macroeconomia, não tem como mudar...

#Disse

Carlos Leonardo



#CONVITE

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PEDRO SOARES - LEONARDO SOUZA - DO RIO
JOANA CUNHA - DE SÃO PAULO
21/09/2014  

Itens típicos de consumo "popular" ilustram o enfraquecimento da classe C.
Com inflação mais alta, crédito restrito, juros maiores e piora do mercado de trabalho, o consumo dessa, que sustentou a economia nos últimos anos, perde o fôlego e tende a declinar ainda mais nos próximos meses.
A nova realidade mostra queda de 15% (acima da média) das vendas de carros populares e redução de 4,5% no valor das recargas de celulares pré-pagos da TIM no segundo semestre – operadora líder nesse segmento.
Movido pela ascensão da classe C, até 2012 o mercado de higiene e beleza crescia a dois dígitos, ritmo que começou a mudar em 2013. Dados mais recentes da Nielsen mostram que as vendas do setor nos supermercados cresceram 4,8% no segundo trimestre deste ano, abaixo dos 6,4% do primeiro trimestre.
"O esforço tem sido maior para manter vendas", diz Cesar Tsukuda, diretor da Beauty Fair, feira anual do setor.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, "não há mais espaço para os fortes ganhos de renda que tivemos no passado".
"Não há mais tanto espaço para o desemprego para cair. A formalidade parou de subir e o salário mínimo não tem margem para elevações tão significativas como as dos últimos anos."

CARRO
Na casa da empregada doméstica Maria Elizabeth de Morais, 55, chegaram nos últimos anos geladeira, TV, micro-ondas e guarda-roupas.
"Fui comprando uma coisa por vez. Tudo parcelado."
Neste ano, recebeu uma herança e planejou a compra do carro com o recurso, que adicionaria ao décimo terceiro salário e às férias.
Ao fazer as contas, porém, concluiu que a despesa que passaria a ter com IPVA, seguro e combustível não era compatível com o dinheiro que sobra no fim do mês.
Hoje, supermercado, feira e farmácia consomem parte considerável da renda mensal, restando pouco para o supérfluo. Até o crédito do celular pré-pago foi racionado.
"Diminuí o plano. Pagava R$ 25 e agora só ponho R$ 15."

CELULAR
Item considerado de primeira necessidade para a secretária Maria do Socorro da Silva, 30, o celular foi trocado com frequência nos últimos anos. "Tive muitos celulares, acho que uns dez nos últimos três anos. Sempre queria o melhor, mas agora só comprei porque fui roubada no caminho do trabalho."
O mercado de eletroeletrônicos, que também se beneficiou da avidez da classe média, já registra queda, segundo a Eletros (associação do setor). A entidade não segmenta resultados por classe social, mas indica que a venda da linha branca (refrigeradores, lavadoras e fogões) caiu 5% no primeiro semestre ante igual período de 2013.
O universitário Felipe Ribeiro, 21, sentiu o ritmo mais lento da economia quando seu contrato de estágio acabou há quatro meses. Ainda não conseguiu se recolocar.
Suspendeu a primeira viagem à Europa e a compra do carro: "Financiar ficou difícil com os juros altos". Na vida noturna, menos bares.
Ribeiro relata que a família freou o consumo. "As lojas de eletrodomésticos têm dado incentivo com promoções, mas agora não é hora. Vamos esperar passar a recessão para voltar a comprar."




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