Mundo
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#COMENTÁRIO
Quando comecei a ler esta reportagem, a
imagem que me veio à cabeça é de um cesto de vime, daqueles bem grandes... Aí
você abre-o e dentro há uma infinidade de víboras de todos os tipos e de todos
os tamanhos possíveis, contorcendo-se entre si...
É impossível não enxergar assim o Congresso
Colombiano. A reportagem abaixo dá-nos a visão real dessa cesta. Uns querendo
comer a cabeça do oponente e ao mesmo tempo, tem de esconder a sua para que não
venha à tona a grande quantidade de podridões que ali se guarda.
Há um velho
ditado que diz: - “Um roto destruindo um rasgado”. Quem ganha com isso é o povo
que passa a ter conhecimento de seus líderes, Se bem que não sei se o próprio
povo se interesse por isso, tal a sua submissão.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Será que um dia se destampará o cesto
brasileiro?
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SYLVIA COLOMBO - DE SÃO
PAULO - 27/09/2014
Enquanto o processo de paz entre o governo
colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ocorre em
Havana, políticos que são filhos de políticos executados durante o período mais
cruel da guerra do narcotráfico (anos 80/90) se digladiam no Congresso.
Nas últimas semanas, eles trouxeram a público,
depoimentos, documentos, e cartas para acusar uns aos outros de envolvimento ou
com as guerrilhas de esquerda ou com os paramilitares. O caso foi levado à
Procuradoria-Geral, que inicia a semana investigando as denúncias.
O principal embate da "guerra dos órfãos"
se dá entre os senadores Iván Cepeda (do esquerdista Pólo Democrático) e Álvaro
Uribe, também ex-presidente, do recém-criado Centro Democrático (conservador).
O pai de Cepeda, Manuel Cepeda Vargas, líder do partido comunista colombiano,
foi morto por paramilitares, em Bogotá, em 1994. Já o de Uribe, o fazendeiro e
criador de gado Alberto Uribe Sierra, foi assassinado pelas Farc em 1983.
Durante seu governo, Álvaro Uribe (2002-2010)
promoveu um duro ataque à guerrilha, porém, com a ajuda controversa das
milícias paramilitares de direita. "O que começou a vir à tona agora é um
iceberg histórico que a Colômbia espera conhecer em toda sua dimensão",
disse o cientista político Luis Sandoval. Cepeda acusa Uribe de vínculos com os
dois lados da contenda, que dura mais de cinco décadas e já fez mais de 300 mil
mortos.
Segundo as denúncias, durante suas gestões como
governador de Antioquia (1995-1998) e como presidente, Uribe teria tanto
legalizado empresas de segurança formadas por paramilitares como favorecido
narcos com transporte e segurança. A relação com os traficantes seria antiga,
pois um irmão de Uribe teve negócios com o clã dos Ochoa, irmãos fundadores do
cartel de Medellín, ao lado de Pablo Escobar (1949-1993). "Pela primeira
vez, Uribe teve de abordar temas que sempre manteve abafado", disse
Cepeda. O ex-presidente se diz perseguido pelo atual mandatário, seu ex-aliado
e ex-ministro de Defesa Juan Manuel Santos, reeleito neste ano. Enquanto Cepeda
o acusava, Uribe levou pessoalmente à Procuradoria documentos que, segundo ele,
provam que Cepeda também tem vínculos com as Farc. A principal evidência seriam
e-mails trocados entre o senador e o líder guerrilheiro Raúl Reyes, morto numa
ação do Exército colombiano no Equador, em 2008.
REVANCHISMO
Uribe ainda acusou Cepeda de comprar os depoimentos
contra ele de dois paramilitares, Jesús Henao Aguilar e Gabriel Muñoz Ramírez. "O
caminho do revanchismo não nos levará à paz", disse a senadora da Alianza
Verde Claudia Lopez, estudiosa dos efeitos da parapolítica na Colômbia. "O
país reconheceu os méritos de Uribe, mas precisa que ele reconheça seus
vínculos com o paramilitarismo". Enquanto isso, outro órfão da violência,
o senador Juan Manuel Galán, filho do candidato a presidente Luis Carlos Galán
(1943-1989), assassinado pelo cartel de Medellín, tem enfrentado a ala mais
conservadora do Congresso com suas propostas de legalizar algumas drogas e de
defender a aprovação do casamento gay. Integram essa ala mais progressista do
parlamento, também, o senador Carlos Fernando – irmão mais novo de Galán – e
Rodrigo Lara Restrepo, filho do ministro da Justiça Rodrigo Lara Bonilla
(1946-1984), também morto pelo cartel de Medellín.
"Se antes apenas discutíamos o narcotráfico,
com esse debate passamos a uma nova fase, a de trazer à tona a participação
política no conflito. Já é algo importante", disse o escritor Jorge
Franco.
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