Política
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#COMENTÁRIO
Esta é a verdadeira reclamação de todos
os brasileiros, profissionais e pacientes convergem-se à falta de estrutura nos
atendimentos médicos pelas unidades de saúde. É real a necessidade de uma
expansão de unidades de atendimento constantemente, porém o que mais afeta a
população é a deficiência de atendimento nos postos já existentes. A um custo
muito alto, em parte, foi solucionada a necessidade de profissionais médicos em
muitas regiões do País, poderíamos dizer que o pagamento individual por cada um
desses médicos cubanos ao país de origem, ultrapassa em muito o custo de se
pagar por médicos brasileiros para estarem nesses mesmos locais. Não sei porque
a mídia não levanta essa análise ao conhecimento da população; é fácil
constatar esses dados, conversando com médicos em atividade nos postos de
atendimento mantidos pelo governo. È bom ter havido elevação de quantidade de
atendimentos? Sim, mas a que custo?
Porque toda essa verba paga ao governo
cubano não é revertida ao médico cubano que está aqui? Ou de outra forma,
usando-se todo esse capital despendido, não poderíamos ter mais médicos e mais
postos de atendimentos se fosse investido por aqui mesmo?
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
Brasil
#CONVITE
Não algo errado nesse programa do “Mais
médicos”?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Ricardo
Senra - Da BBC Brasil em São Paulo
Em um ponto, Ministério da Saúde e Conselho Federal
de Medicina (CFM) concordam: a atenção básica - atendimento primário e de
prevenção, vista como alternativa à superlotação das emergências e hospitais -
é o eixo mais importante do sistema público de saúde. Mas a concordância
termina aí.
Especialmente
após o lançamento do programa Mais Médicos, que trouxe estrangeiros para
trabalhar na atenção básica, a principal entidade de representação da classe
médica vive em pé de guerra com o governo que, no entanto, minimizou a polêmica
em declarações à BBC Brasil.
Em meio
ao fogo cruzado, os cerca de 4 mil brasileiros especialistas em medicina de
família, que atendem pacientes nas periferias e nos rincões mais distantes do
país e são os personagens principais neste enredo, afirmam enxergar prós e
contras no discurso de ambos os lados. Conselho e Ministério os representam -
mas nenhum deles parece falar sua língua. Entre os principais fatores de
discordância entre o governo e a entidade médica estão o volume de
investimentos em infraestrutura de postos de saúde, as políticas de remuneração
e formação de profissionais e a vinda de médicos estrangeiros - especialmente
os cubanos. "Por um lado, o programa (Mais Médicos) tornou a atenção em
saúde acessível e reduziu mortalidade. Por outro, não veio uma política de
Estado de médio prazo", pondera o pediatra e professor de Atenção Básica
Luis Cutolo, que ensina na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e na
Univale. Nos dois extremos do comentário do professor estão as posições do
governo e do CFM.
"Há
cidades no interior onde pessoas morrem de pneumonia porque não têm médico nem
penicilina, em pleno século 21. Ora, era necessário uma atitude urgente para
fazer com que essas pessoas não morram", argumenta Cutolo.
"Esses
médicos vieram para ocupar espaços que os médicos brasileiros não ocupavam. Mas
o governo cometeu uma série de erros estratégicos: não foi claro, não debateu
isso com a sociedade antes."
Carreira
Em
entrevista à BBC Brasil, o clínico Carlos Vital Corrêa Lima, vice-presidente do
CFM, atacou "a falta de vontade política" para a criação de plano de
carreiras e a existência de "postos carentes de condições básicas de
infraestrutura" na atenção básica. "O problema da saúde no Brasil é
crônico, mas vem agonizando nos últimos 12 anos", diz o representante da
categoria, em referência aos governos petistas.
Representantes
do governo, por sua vez, afirmaram que os aportes financeiros na área mais que
dobraram na gestão de Dilma Rousseff. "O Ministério da Saúde está
investindo fortemente em infraestrutura para melhorar a rede de atenção à saúde
e oferecer condições adequadas de trabalho aos profissionais. São R$ 5,6
bilhões destinados aos municípios para a construção, reforma e ampliação de 26
mil Unidades Básicas de Saúde e R$ 1,9 bilhão para construção e reforma de
Unidades de Pronto Atendimento 24h."
Hoje, de
acordo com o governo, existem 37.319 equipes de saúde da família no país,
cobrindo uma população de 116.417.019 pessoas. Em resposta às cobranças de
planos de carreira, o governo diz que "estimula a implantação e a
reestruturação dos planos de carreira nos âmbitos estaduais e municipais"
e que financia "projetos estaduais para criação de planos de carreiras,
cargos e salários e para a desprecarização de vínculos trabalhistas no
SUS".
"O
SUS é interfederado, tem atribuições de Estados, Municípios e da União",
diz Marcos Pedrosa, médico de família e professor da UFPE. "Para
federalizar toda a mão de obra seria preciso acabar com a lei de
responsabilidade fiscal, que estabelece teto para a participação da folha de
pagamento do funcionalismo público no orçamento da União. Em cidades pequenas,
o salário do prefeito muitas vezes é menor que o salário necessário para atrair
um médico", afirma.
Profissionais
de medicina familiar entrevistados pela BBC Brasil disseram considerar a
criação de planos de progressão salarial para médicos do SUS um dos pontos
críticos para que mais estudantes decidissem se especializar na atenção básica.
Hoje, apenas um em cada dez desses profissionais tem esta especialização -
considerada a formação mais adequada para o atendimento primário de saúde.
De acordo
com a Constituição brasileira, a gestão e os serviços de saúde devem ser
descentralizados - portanto, a responsabilidade federal é compartilhada com
Municípios e Estados.
O médico
de família Paulo Klingelhoefer de Sá, que há mais de 20 anos trabalha na
atenção básica e hoje é coordenador do curso de medicina da Faculdade de
Medicina de Petrópolis (FMP), opta pelo meio termo entre os discursos do
governo e da entidade representativa.
"O
Partido dos Trabalhadores, quando no poder, não criou condições adequadas de
contratação, de salário e de condições de trabalho para o profissional. Ele
teve iniciativas que foram interessantes, mas não suficientes. Se você não
botar dinheiro no bolso do cara para ele ter condição de pagar as contas dele,
ele não vai ficar."
Segundo o
governo, mesmo com ofertas de salários acima de R$ 20 mil, apenas 12% das vagas
foram preenchidas antes da abertura do processo de cooperação com médicos
estrangeiros.
Hoje,
segundo o Ministério, quase 80% dos mais de 14,4 mil participantes do programa
Mais Médicos vêm de Cuba. Ainda de acordo com o governo, 2,7 mil cidades são
atendidas exclusivamente por cubanos.
O
vice-presidente do CFM novamente bate de frente. "A vinda dos cubanos é
parte de um processo de sustentação econômica dessa bela ilha do Caribe",
diz Vital. "É um interesse de Cuba, haja vista a resistência natural (dos
brasileiros) fundamentada pela falta de condições de trabalho", afirma.
"Por isso há dificuldade de preenchimento dos espaços."
O
ministério contra-argumenta. "(As localidades atendidas pelo programa)
agora têm o médico atendendo, de segunda a sexta-feira, em tempo
integral". Rodrigo Lima, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família
e Comunidade (SBMFC), critica a "ideologização" da discussão. Segundo
o médico, a discussão hoje é muito mais política (direita X esquerda) do que
efetivamente construtiva. "Há um componente ideológico forte, porque as
corporações médicas historicamente têm se posicionado mais à direita. E o
governo anuncia que vai trazer tantos médicos cubanos, sem validar o diploma e
passando o dinheiro direto para o governo cubano. Foi uma declaração de
guerra", diz.
Para o
médico, o Mais Médicos "tem muitos defeitos", mas vale a pena
trabalhar para aperfeiçoá-lo.
"Temos
que estar junto para construir algo que é melhor", diz. "Fomos muito
criticados dentro da corporação médica por isso."
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