Cotidiano
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#COMENTÁRIO
Retrato do descaso político-administrativo
da cidade paulista, esse conglomerado de comunidades observadas, apenas
observadas pela polícia, de viciados e agentes de vendas de drogas, começa a se
espalhar por cidades menores no estado.
Situação degradante desses viciados
alguns em estados terminais, e o que a máquina aparelhada do estado faz?
Observa. Trafica-se e morre-se às vistas de autoridades inertes e preocupadas
apenas com os movimentos eleitorais. Enquanto isso a população acuada,
aterroriza-se por ter que sair de suas casas a qualquer hora e passar por
frente de viaturas policiais observadoras, viciados amontoados e esparramados
pelo chão e... Traficantes caminhando tranquilamente.
Além do medo da população, a vida
desses pobres desgraçados está passando como a um trágico filme na frente de
executivos do poder, sentados em suas poltronas sob ar condicionado. Sem nada
fazerem... A cidade emporcalhada, porque inevitavelmente, onde juntam essas
desalentadas almas que seguem firme à morte, há muita sujeira, muita degradação.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Não acha que deveria haver alguma
providência por parte dos governos, nesse sentido?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
NATÁLIA CANCIAN - DE SÃO
PAULO - 28/09/2014
A poucos metros do parque Villa Lobos, um grupo de
50 usuários de crack se enfileira colado aos muros da obra de um prédio
comercial. São homens, mulheres e idosos que consomem e vendem a droga,
vigiados pelo trânsito caótico do final da tarde e ao lado de uma caçamba de
entulho revirada pela calçada.
O grupo compõe um retrato de um conjunto de
"minicracolândias" que, discretamente, se espalha pelos bairros de
São Paulo - um fenômeno que já leva a prefeitura a estender o Braços Abertos,
programa voltado à recuperação de usuários, para além do centro da cidade. A
expectativa é que duas novas versões do programa, cujos projetos serão
finalizados nesta semana, iniciem na Vila Leopoldina e em Santo Amaro ainda
neste semestre. A expansão ocorre após um levantamento da prefeitura que
apontou ao menos 30 pontos fixos uso de crack no sul, leste, oeste e norte da
capital paulista - locais onde foi verificada concentração superior a 30
pessoas durante mais de quatro meses.
As "minicracolândias" foram mapeadas por
equipes das unidades básicas de saúde e dos Caps (centro de atenção
psicossocial) e confirmadas por meio de câmeras da Guarda Civil Municipal. O número
de pontos de crack não fixos, porém, é ainda maior. Na zona sul, usuários se
espalham entre colchões e barracas embaixo do viaduto Jabaquara, ao lado da
avenida dos Bandeirantes.
Cena semelhante é vista no viaduto próximo às
avenidas Paulista e Dr Arnaldo. Na tentativa de afastar o grupo, carros
policiais param no local com as luzes acesas - vigiados, usuários migram para a
parte de cima da estrutura.
Em Santo Amaro, usuários se dividem entre o
canteiro central da avenida Atlântica e um posto de gasolina desativado. O
crack é compartilhado atrás de um cavalete com propagandas eleitorais. O
aumento no número de cracolândias em São Paulo, porém, não indica um aumento no
número de usuários de crack, afirma Solange Nappo, pesquisadora do Cebrid
(Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas). "A maior visibilidade dá
uma ideia de crescimento. Mas o que há é um fracionamento da antiga
cracolândia. É uma situação nova", diz ela, que atribui o fenômeno à
operação policial contra o tráfico de drogas na região da Luz, deflagrada em
2012. Desde então, usuários que estavam no centro da cidade começaram a migrar
para a periferia, afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, que atende dependentes há
27 anos.
A concentração de programas anticrack na região
central, o que fez com que outras regiões tivessem menos atenção, e
"questões de mercado" são outros fatores que podem levar ao
surgimento de pequenas cracolândias nos bairros, aponta o psiquiatra Hamer
Palhares, do Inpad (instituto de políticas públicas do álcool e outras drogas).
NOVA ROTINA
Na Vila Leopoldina, a constante ampliação de
minicracolândias fez com que moradores da região criassem uma nova rotina.
Temendo furtos, funcionários de um prédio comercial próximo à avenida Manuel
Bandeira, onde há concentração de usuários, tentam ao máximo desviar do local.
Outros passaram a andar em grupos.
"Aqui é superperigoso, sempre tem roubo,
assaltos", diz Vanessa Rocha, 30. "Nunca chegaram perto, mas
intimida. Ficamos com medo", diz a analista financeira Pâmela Castro, 24. "Antes
eu via muito pouco. Agora vejo no mínimo 50 por dia", diz Eloisa Carneiro,
37, proprietária de uma loja de artigos domésticos em Santo Amaro.
A maioria dos usuários ouvidos pela Folha em
bairros como Vila Leopoldina e Santo Amaro afirma ter parentes próximos ao
local. Outros buscaram endereços conhecidos, como a Ceagesp. Após oito anos às
voltas com o crack, Fernando de Jesus, 35, diz ver a expansão do Braços Abertos
com desconfiança. "Por que só agora, em época de política?",
questiona. Já Alexandre Alves de Souza, 46, o "Tremedeira", diz que
espera uma nova oportunidade. "Quero sair da rua e viver como
trabalhador", diz.
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