#COMENTÁRIO
Sem entrarmos na questão de os salários estarem defasados ou não, o
que podemos analisar é o aumento da oferta de profissionais de níveis superiores em suas áreas, oriundos das
classes C e D, aceitando empregos
oferecidos a salários mais baixos pelo empresariado,
eles gradativamente ajustaram para baixo o patamar de negociação das novas contratações no mercado.
As empresas sentiram que apesar das
contratações terem sido feitas com grande capacidade de negociação de seus
setores de RH, a qualidade profissional
caiu e isso fez com que reavaliassem suas metodologias
de contratação. Exigindo maiores qualificações,
no entanto sem elevarem muito o custo de desembolso salarial, voltaram a
encontrar problemas para suas novas contratações. Eis o quadro atual dos
empregos de nível superior,
exigência de alta qualificação com baixos salários.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Você acha que os salários de mercado
contemplam o tamanho da qualificação exigida?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
ÉRICA FRAGA - DE SÃO
PAULO - 08/09/2014
Quase metade dos trabalhadores com ensino superior
que atuam no mercado formal no país ganhavam, no máximo, quatro salários
mínimos em 2013 (o equivalente na época a R$ 2.712). A faixa de renda entre
dois e três salários mínimos era a que agrupava a maior fatia dos que possuem
diploma universitário (16% do total). Apenas 5,3% dos trabalhadores com ensino
superior tinham remuneração média superior a 20 mínimos. Entre trabalhadores
com mestrado e doutorado, o percentual dos que recebiam o teto de quatro
mínimos no ano passado era de, respectivamente, 36% e 23%. Os dados – que foram
levantados pela Folha na
Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho– são um
retrato da realidade salarial do país. "Os salários pagos no Brasil, de
forma geral, ainda são baixos, apesar de a renda ter aumentado", afirma o
economista Naercio Menezes Filho, do Insper.
Menezes Filho e outros especialistas destacam
também que os dados podem refletir diferenças na qualidade dos cursos de ensino
superior. "Existe uma heterogeneidade grande na formação superior",
diz Fernando Veloso, economista da FGV. Um estudo de Menezes Filho mostra que,
nos últimos anos, os salários pagos em carreiras com grande número de formados
caíram. É o caso de áreas como enfermagem, administração de empresas e
marketing.
Já carreiras como medicina, engenharias, economia e
ciências sociais registraram aumento de salários.
"Parece existir um efeito de mudanças de
demanda e oferta no mercado, mas fatores como diferenças na qualidade da
formação também podem influenciar os salários", diz Menezes Filho.
"PRÊMIO"
SALARIAL
Economistas ressaltam, no entanto, que a recompensa
em termos de renda a mais ("prêmio" salarial) por um diploma
universitário no Brasil permanece elevada, embora tenha caído. Em 2011,
trabalhadores com diploma universitário tinham remuneração, em média, 160%
maior do que aqueles com ensino médio. Segundo dados da OCDE (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), esse "prêmio" era o segundo
maior em um grupo de 34 países desenvolvidos e emergentes grandes. Isso se explica,
em parte, pela fatia ainda baixa – embora crescente – da população adulta (25 a
64 anos) com ensino superior no país.
De acordo com a OCDE, em 2011, esse percentual era
de apenas 12%, o mais baixo entre os países para os quais a instituição tem
estatísticas. Os dados da Rais mostram que a parcela dos trabalhadores no
mercado formal com ensino superior aumentou pouco. Entre 2007 e 2013, passou de
15,2% para 17,8%.
As estatísticas da Rais incluem tanto trabalhadores
regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) quanto servidores públicos
com estabilidade (estatutários) e sob regime especial. Em 2013, o total de
trabalhadores computado na Rais era de 48,9 milhões. O economista Simon
Scwhartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade afirma
que a ampliação de bolsas e do financiamento estudantil representa um incentivo
a mais para a conclusão do ensino superior no Brasil: "Como o custo do
ensino superior é baixo e muitos cursos são à noite e não requerem muito estudo
nem formação anterior, acho que vale a pena".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qual a sua opinião sobre isso?