Saúde
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#COMENTÁRIO
A tendência à ociosidade, a desculpa de
não haver tempo por causa de ocupações, justificativas como “eu nunca fiz, não
ser agora”, leva-nos a não fazer nada pelo nosso corpo.
O não costume de
ingestão de alimentos naturais, a alta incidência de químicos de conservação
dos embutidos e enlatados a que somos constantemente expostos, vão travando a
velha máquina e nós não estamos atentos a isso. Só nos chama a atenção quando
trinca um dente de alguma engrenagem e máquina acende uma luz vermelha de
perigo. As mulheres são mais atentas às suas condições físicas e médicas, muito
embora a maioria delas não seja adepta a exercícios físicos principalmente se
forem matinais.
Os homens que já preferem exercícios
físicos matinais, até por histórico de infância e adolescência, já são meio
ariscos a frequência médica. Posso falar isso por experiência própria, sou um
exemplo típico desse formato. Sei que estou errado, mas me incluo nas desculpas
acima.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Você não acha que devemos cuidar mais dessa
máquina?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
DÉBORA MISMETTI - EDITORA
DE "CIÊNCIA+SAÚDE" - 29/09/2014
Quando o executivo Gilson Campos, 54, foi até a
clínica de check-ups do Einstein, numa manhã de abril, estava só cumprindo um
agendamento adiado havia mais de seis meses, por causa de reuniões e outros
compromissos.
Saiu da esteira do teste ergométrico direto para o
hospital: estava infartando.
Mesmo tendo pressão alta havia muitos anos, o
executivo não imaginava que poderia ter uma coronária 97% obstruída. Só tinha
marcado o check-up, aliás, porque a empresa onde ele trabalha exige exames
periódicos.
"Não fazia acompanhamento. Tomava remédio para
pressão, mas não dava bola. Só me conscientizei depois", diz Gilson. Ele
conta que sentia cansaço havia dias, mas nunca imaginou que poderia estar
infartando.
A falta de consciência sobre o próprio risco de ter
um problema cardíaco é comum, como mostra um estudo recente do cardiologista
Marcelo Katz com 6.544 pacientes da unidade de check-up do Einstein, em São
Paulo, publicado no "European Journal of Preventive Cardiology". Na
pesquisa, as pessoas preenchiam, antes de fazer os exames, um questionário
respondendo se achavam que tinham risco cardiovascular alto, médio ou baixo.
Depois, todos passaram por teste ergométrico e de
pressão, tiraram medidas de peso, altura e circunferência da cintura e fizeram
exames laboratoriais, para medir colesterol, glicemia e outros indicadores de
risco.
Com base nesses resultados, os pesquisadores usaram
uma escala científica que calcula a probabilidade de uma pessoa sofrer eventos
cardiovasculares ao longo da vida e classificaram os participantes entre os que
tinham alto, baixo e médio risco. Os médicos perceberam que havia um
descompasso grande entre o que os números diziam e o que as pessoas percebiam.
Entre os participantes com risco médio (entre 10% e 20%) de sofrer um problema
cardíaco no futuro, 72% acreditavam ter baixa probabilidade de ter um evento do
tipo. Entre os com alto risco (20% ou mais), 91% subestimavam sua condição.
Segundo Katz, autor do estudo e coordenador de
pesquisa cardiovascular do Einstein, esse tipo de trabalho busca entender por
que grande parte das pessoas é tão resistente a seguir recomendações médicas
para prevenção.
"Fatores de comportamento são 80% do risco
cardíaco. Para se cuidar, a pessoa tem de saber se está em risco." Entre
os pacientes do estudo, só 6,1% se viam como de alto risco cardíaco, mas a
escala de risco a longo prazo colocava 49,3% nessa condição.
"DEPOIS ME CUIDO"
Katz afirma que é comum um viés otimista: "A
pessoa pensa: 'Se nunca aconteceu comigo, por que vai acontecer? Vou aproveitar
a vida agora e depois me cuido'".
A maioria só desperta quando sofre um infarto ou
alguém próximo e até celebridades têm um problema.
O próximo passo, diz o médico, é investigar por que
as pessoas não se cuidam. Um problema são as prioridades: a maioria tende a
colocar tarefas imediatas de trabalho e família na frente dos cuidados que dão
frutos a longo prazo, sobretudo exercícios.
Depois do infarto, Campos mudou a alimentação,
cortou refrigerantes e perdeu 8 kg. Mas ainda não conseguiu pôr exercícios na
rotina. "Estou muito bem, mas não posso dizer que estou bem nisso",
diz.
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