No Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, professores de todas as
disciplinas trabalham a questão das intrigas virtuais nas aulas (Foto: Ana
Carolina Moreno/G1)
#COMENTÁRIO
Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou
físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais
colegas. O termo bullying
tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma
denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão,
intimidação, humilhação e maltrato.
Estava de manhã escrevendo meu comentário para a postagem e como todo
dia, faço-o ouvindo jornais comentados pelo rádio. Passei por várias estações e
o assunto do dia era o mesmo: - “bulliying na internet”.
Não vou aqui neste comentário entrar no mérito da questão, os traumas e opressões
que sofrem os afetados pelo bullying, por ser motivo já amplamente divulgado,
analisado e comentado pela mídia, vou me ater ao que está por trás todas essas
notícias.
Os pais e nós avos, estamos criando “bichinhos cor de rosa de
apartamento”. Digo isso porque neste mundo em que vivemos com tecnologia de
ponta, que nos assusta, que não faz parte de nossa realidade, que temos
dificuldade de assimilar, e ainda com essa agressividade incomensurável e
descabida, temos o instinto até animal, de proteger nossos filhotes.
Gabriela, ao lado de Alexandre, diz que colegas de
sala usam o Secret para enviar
indiretas ofensivas
uns aos outros (Foto: Ana Carolina
Moreno/G1)
O problema se torna grave quando os colocamos em uma redoma de vidro e
abrimos as asas sobre eles. Não damos oportunidade de crescimento sustentável
de vida a eles. Os meninos estão se tornando uma coisinha indefesa e frágil,
sem os rompances de garotos e quando o instinto de adolescente se faz mais
forte, trocam os pés pelas mãos e só fazem besteiras e à vezes tomam atitudes agressivas
à sociedade. Estamos nós, adultos, deixando-nos levar por problemas que
deveriam ser resolvidos por eles, isso faz parte de seu crescimento. Problemas
de adolescentes. Proteja-os dos bandidos que agem de todas as maneiras e por
todos os motivos, isso é a parte dos pais. Quem em sua adolescência não sofreu “bullying”?
Pare e pense um pouco... Não estamos exagerando?
Claudia Mestieri, mãe de Sofia, não tem Facebook,
mas checa o histórico de buscas das filhas na
internet (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
mas checa o histórico de buscas das filhas na
internet (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Globo.com
#CONVITE
Não estamos exagerando
na proteção?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Colégio Oswald de Andrade permite uso de tablets
com fins pedagógicos (Foto:
Divulgação/Colégio
Oswald de Andrade)
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Posts de estudantes nas redes sociais afetam relacionamento na classe.
Segundo pesquisa, 40% dos alunos já sentiram medo por ofensas na web.
Segundo pesquisa, 40% dos alunos já sentiram medo por ofensas na web.
Ana Carolina MorenoDo G1, em
São Paulo
O bullying na internet entre
colegas da mesma escola sai da web e vira problema na sala de aula, segundo
pesquisa feita com professores de escolas particulares. De acordo com os dados,
64% dos docentes afirmam que percebem casos de ofensas pela internet entre os seus
alunos, e 73% dizem que as publicações feitas pelos estudantes nas redes
sociais provocam problemas de relacionamento entre os colegas. Da parte dos
alunos, 16% relataram já ter sofrido preconceito na internet, 23% revelaram que
já sofreram insultos ou outras formas de violência na web, 40% já sentiram medo
por alguma situação que aconteceu na rede, e 4% admitiram que evitaram ir à
escola ou até sair de casa por causa de ameaças ou ofensas sofridas pela web.
Efeito
do bullying virtual na escola
Os dados estão na
edição de 2014 da pesquisa "Este Jovem Brasileiro", realizada pelo
Portal Educacional, mantido pelo Grupo Positivo, e obtida com exclusividade
pelo G1. A pesquisa ouviu 4 mil estudantes de 13 a 16 anos, além de
300 pais de alunos e 60 professores de 36 escolas particulares em 14
estados brasileiros para traçar um perfil sobre o comportamento deles na
internet. Eles responderam às perguntas de forma anônima por meio de um
formulário on-line. O estudo foi feito em parceria com o psiquiatra Jairo
Bouer. O uso da internet e das redes sociais não só já faz parte diária da vida
de 95% dos estudantes que responderam à pesquisa como também ocupa uma parte
considerável: 85% deles dizem que passam pelo menos duas horas navegando pelos
sites nos quais se relacionam com outras pessoas. O acesso à web pelos jovens
não acontece só em casa ou na rua. O uso exagerado da internet em sala de aula
é apontado como a origem de problemas escolares por 80% dos professores que
participaram da pesquisa. Mais da metade dos professores (59%) dizem que os
alunos de 13 a 16 anos não têm consciência dos riscos aos quais estão expostos
na internet. Além disso, esse hábito se tornou a terceira maior preocupação dos
professores em relação aos seus alunos – atrás apenas do rendimento escolar e
das dificuldades emocionais.
Intrigas
virtuais
Alunas do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, contam que a convivência dos amigos do colégio nos ambientes virtuais cabam criando inimizades quando todos ficam cara a cara na escola e mencionaram por cima diversos casos que se passaram com colegas de suas turmas. "As pessoas ficam postando indiretas. Tem o aplicativo Secret, que todo mundo usa só para criticar os outros", explicou Gabriela Santini, de 16 anos. Ela diz que a fonte dos comentários é anônima, mas o conteúdo deixa bem claro o destinatário da ofensa, com nome, sobrenome e o colégio em que estuda. As pessoas ficam postando indiretas sobre os colegas. Tem o aplicativo Secret, que todo mundo usa só para criticar os outros" - Gabriela Santini, 16 anos, aluna do Dante Alighieri
Sua irmã, Sofia, de 14 anos,
diz que não tem Secret e mal usa o Instagram. Para ela, a grande graça do
computador é buscar notícias de bandas de quem gosta. Para falar com os amigos,
ela prefere o Whatsapp no smartphone. Mas, mesmo sem participar assiduamente
das redes sociais, Sofia diz que os efeitos das intrigas virtuais chega até
seus ouvidos entre uma aula e outra. "Já vi bastante coisa acontecer, mas
não me intrometo, só peço para pararem de brigar", comentou a aluna do 9º
ano do ensino fundamental.
As meninas costumam conviver
pouco com desconhecidos on-line. Além do Secret, Gabriela usa o Facebook e o
Instagram, todos fechados para quem não é amigo dela. Antes de aceitar um
desconhecido que pede para segui-la no aplicativo de fotos, ela pergunta para a
mãe se é conhecido dela. "Mas se é um desconhecido que estuda no mesmo
colégio eu aceito", disse.
Além dos amigos, os únicos
desconhecidos que Eduarda Vitorino Ferreira Costa, de 14 anos, segue no Instagram
são celebridades, mas ela costuma aceitar qualquer pedido para ser seguida. Ela
relatou apenas uma situação estranha, quando uma dessas pessoas deixou um
comentário chamando-a de "linda" em uma das fotos que publicou.
"Eu apaguei, mas depois fui ver e era uma menina da minha idade
também", contou.
A jovem também relatou um
caso de bullying pelo Facebook que marcou a turma do 9º ano do colégio,
motivado por ciúmes. Segundo a jovem, uma menina da sua sala ficou com um
colega e outra menina do mesmo ano, que gostava do menino, pediu para as amigas
importunarem a primeira garota. "Elas postavam comentários, marcavam a
minha amiga, diziam coisas como 'você quer o chiclete que ela mastigou
também?'", relatou Eduarda. O caso, segundo ela, aconteceu em um sábado, e
no domingo houve a briga virtual. "Mas as outras pessoas do colégio
ficaram contra elas. Na segunda, elas viram que ninguém tinha gostado e
apagaram os comentários." O que você posta está indo para uma rede
mundial, e os alunos postam sem ter essa dimensão. O papel da escola é ajudar o
aluno a perceber o bom uso da ferramenta."
André Meller, coordenador do Colégio Oswald de
Andrade, de São Paulo
Coordenadores de colégios de
São Paulo ouvidos pelo G1 compartilham das preocupações
apontadas pelos professores na pesquisa. "Há um uso muito indiscriminado e
pouca percepção da internet como espaço público", disse André Meller,
coordenador do Colégio Oswald de Andrade. "O que você posta está indo para
uma rede mundial, e os alunos postam sem ter essa dimensão." O colégio,
porém, procura não "demonizar" as redes sociais e aplicativos mais
usados pelos adolescentes. "O papel da escola é ajudar o aluno a perceber
o bom uso da ferramenta."
Para Valdenice Minatel de
Cerqueira, coordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional do Dante
Alighieri, apesar de os adolescentes estarem anos-luz à frente dos adultos em
relação ao conhecimento e uso habitual dessas tecnologias, falta neles a
experiência e a maturidade para lidar com os aspectos da internet relativos à
convivência. Por isso, ela diz que uma das tarefas da escola é mostrar aos
adolescentes informações para as quais muitas vezes nem os pais atentam.
Uma delas é o mito do
anonimato. "Tecnicamente a gente sabe que não é possível, mas as pessoas
embarcam na ilusão do anonimato", explicou. Outro conceito trabalhado pelo
colégio é a relação do tempo na internet. "As coisas jamais são apagadas
das redes sociais, e o tempo digital pode ser constantemente revivido."
Pais se preocupam menos
De acordo com a pesquisa, para os pais, o comportamento dos filhos na internet é o quarto motivo de preocupação, atrás dos problemas emocionais, da violência e das notas no colégio, e à frente das drogas, do cigarro, do álcool e da sexualidade. Mas só 16% dos pais afirmaram que seus filhos já enfrentaram problemas ou dificuldades na escola ou com seus amigos por causa do que fizeram nas redes sociais. A advogada Claudia Mestieri, de 43 anos, é mãe de Gabriela e Sofia. Embora ela saiba que as filhas usam as redes sociais, ela mesma se diz contra o Facebook e decidiu não manter um perfil no site. "Elas são um pouco tranquilas, eu não vejo muito problema. Mas de vez em quando checo o que elas fizeram", afirmou ela, admitindo que busca no histórico do navegador os sites visitados pelas filhas. Seus irmãos que têm Facebook também procuram observar o comportamento das duas sobrinhas. "Elas usam para falar com os amigos, e eu alerto sempre dos problemas", disse ela.
A administradora de empresas
Janiara Vitorino Arruda, de 39 anos, faz o mesmo com a filha Eduarda, de 14,
mas diz que se preocupa menos que o pai com o que a adolescente faz on-line.
"Ele faz de tudo para pegar meu telefone desbloqueado", afirma
Eduarda, que ganhou seu primeiro celular aos 4 anos. A mãe diz que as duas
conversam normalmente, mas não sabe se a filha esconde coisas dela. "Ela
não conta porque eu não pergunto, mas ela é muito estudiosa, nunca faz nada
errado", explicou Janiara. "Eu conto tudo para a minha mãe. Não conto
o que é irrelevante, mas se tem a ver comigo eu falo", diz a filha.
Alunos evitam o papo sobre a web
Para 40% dos adolescentes que participaram da pesquisa, não é preciso ter conversas com seus pais sobre segurança na internet, e metade não usa qualquer tipo de filtro para controlar quem pode ver as fotos que publicam nas redes sociais.
As escolas, porém, se
preocupam em tratar a questão de forma transversal. No Dante, as equipes que
atuam com a tecnologia educacional e com a orientação e o aconselhamento
incluem questões como o anonimato, o respeito ao próximo e até aspectos legais
do conteúdo postado nas redes. Os demais professores também podem lidar com os
temas nas suas aulas. Além disso, os alunos do ensino médio – que recebem
tablets pessoais para uso pedagógico, e o colégio instituiu um comitê de alunos
que se reúne com a direção toda semana e aborda as questões técnicas e
comportamentais. No Oswald, segundo André Meller, os professores são incentivados
a mostrar outros usos das redes sociais aos alunos, sempre respeitando a idade
mínima determinada pelos próprios sites. Um exemplo é a criação de grupos no
Facebook destinados a um certo tema pesquisado em um projeto. Mas a escola
também mostra para os alunos que há outras ferramentas úteis na internet além
das redes sociais, e o próprio colégio desenvolve algumas delas. Os celulares e
tablets não são proibidos e podem ser usados sempre que há um fim pedagógico
para eles, como o acesso a sites de pesquisa ou de reprodução de um vídeo, por
exemplo. "As ferramentas entram no momento que está combinado", diz
Meller. Nenhuma das alunas ouvidas pelo G1 admitiu ter
publicado conteúdo ofensivo sobre terceiros na web. Mas, de acordo com os dados
da pesquisa, 72,5% admitiram já ter mentido na internet e 37% disseram que já
agiram de modo agressivo ou ofensivo com alguém pela web. Os alunos concordaram
que a internet torna mais fáceis a agressão, o preconceito e as mentiras, e
37,5% já se arrepederam de algum conteúdo que publicaram. Para Valdenice, do
Dante, hoje vivemos em uma cultural digital "que ninguém escolheu" e,
por isso, é preciso definir com os mais jovens algumas regras de conduta para
que eles não se percam por trás do anonimato. "É papel da escola trazer os
alunos para o mundo dos adultos. E é assim que o mundo dos adultos
funciona", diz Valdenice.
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