Ao fim de quatro meses de tratamento, o cabelo de um doente com alopecia
areata voltou a nascer
Cabelo
voltou a nascer em três pessoas com calvície de origem imunitária
#COMENTÁRIO
Um problema de efeito mais psicológico
que somático, a queda de cabelos ocasionados por inflamação nos bulbos
capilares, cria um grande desconforto à pessoa portadora. Conheço caso que por
haver focos localizados em seu couro cabeludo, teve que raspar todo o restante
dos cabelos para se sentir melhor.
Há agora, embora sem comprovação garantida ainda um alento a essas
pessoas que sofrem com esse problema. Parece-nos alvissareiros os resultados
obtidos até então com os testes efetuados e os cientistas aguardam apenas
confirmações desses resultados, não existência de seqüelas pelo uso. Trâmites
de laboratório. Que seja bem vinda
essa novidade...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Portugal Público
#CONVITE
Se você tivesse esse
problema, usaria estes novos medicamentos?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
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NICOLAU FERREIRA - 19/08/2014
Equipe descobriu o processo de inflamação da alopecia areata, ou pelada, doença auto-imune
que afeta homens e mulheres. Ao aplicarem um medicamento já existente, os
cientistas conseguiram repor o cabelo em doentes. Ainda são necessários mais
estudos para confirmar o tratamento experimental.
É uma batalha que está a acontecer na pele e tem um
resultado óbvio: o desaparecimento de cabelo, pelos das sobrancelhas ou barba.
Os efeitos começam por surgir numa pequena mancha, que se vai alastrando,
denunciando a alopecia areata, ou pelada. Esta doença auto-imune
aparece quando células especializadas do sistema imunitário atacam a base dos
folículos capilares e impedem o crescimento de pelos ou cabelos. A guerra pode
atingir todo o couro cabeludo, tornando as pessoas carecas, e tendo muitas
vezes um impacto psicológico forte. Mas agora uma equipa de cientistas
compreendeu os pormenores desta batalha celular e, aplicando um fármaco usado
em doenças sanguíneas, conseguiu que o cabelo voltasse a nascer em três pessoas
com este problema. Tudo em menos de cinco meses. O trabalho vem explicado num
artigo científico da última edição da revista Nature Medicine. A alopecia areata,
que afeta cerca de 1% da população, ataca normalmente uma parte do couro
cabeludo. Mas pode ser total e deixar alguém completamente careca. Ou tornar-se
mesmo “universal”, no caso de se ficar sem um único pelo no corpo inteiro — o
que é muito mais raro. Esta forma de calvície de origem imunitária aparece em
qualquer idade e em ambos os sexos. Há casos em que o cabelo ou os pêlos voltam
a aparecer, fazendo desaparecer estas manchas, mas ninguém sabe porquê. Os
médicos prescrevem muitas vezes corticóides, cuja eficácia não está
estabelecida, pois há vezes em que resulta e outras em que não. Há anos a
estudar esta doença, uma equipa da Universidade de Columbia, em Nova Iorque,
liderada por Angela Christiano, começou por identificar duas moléculas na
membrana das células do tecido dos folículos capilares. Em doentes com
alopecia, essas moléculas eram produzidas em quantidades superiores ao normal e
tinha o efeito de chamar para aquele tecido uma classe de linfócitos T (células
imunitárias) com um papel importante no atrofiamento dos folículos e,
consequentemente, na queda futura do cabelo. Estavam assim implicadas no início
da inflamação.
“Os pacientes com alopecia areata sofrem
profundamente, e estas descobertas marcam um passo importante para eles”,
explicou Angela Christiano, citada num comunicado do Centro Médico da
Universidade de Columbia.
No novo estudo, a equipe analisou o efeito desses
linfócitos T numa linhagem de ratinhos que desenvolvem o equivalente à
alopecia areata em humanos. Os cientistas começaram por
confirmar a abundância destes linfócitos na pele dos ratinhos com alopecia.
Depois, fizeram o transplante dos linfócitos T ou de gânglios linfáticos destes
ratinhos doentes para a pele de ratinhos saudáveis da mesma linhagem, e notaram
que os ratinhos saudáveis desenvolviam a doença auto-imune. “Estas células são
necessárias e suficientes para a transferência de alopecia areata”,
lê-se no artigo. De seguida, a equipe foi procurar outras moléculas, desta vez
envolvidas na resposta inflamatória na zona dos folículos provocada pelos
linfócitos T mais já numa fase mais avançada. Os cientistas identificaram os
genes mais ativos na pele de ratinhos com alopecia, através da comparação com a
actividade dos genes em ratinhos sem alopecia. Segundo o artigo, estes genes
originam várias moléculas importantes para manter uma resposta inflamatória e
citotóxica naquela região da pele, agredindo assim os folículos. Além disso,
essas moléculas também são capazes de auto-alimentar a doença, permitindo que a
reacção inflamatória se alastre. Será por isso que a pelada aparece num
determinado local e depois se alastra a outras zonas. Os cientistas
demonstraram ainda esta capacidade de progressão da doença, ao transplantarem
um pedaço de pele de um ratinho com alopecia para outro ratinho da mesma
linhagem mas sem a doença. Também desta vez, quase todos os ratinhos
desenvolveram a doença auto-imune.
O passo seguinte foi tentar bloquear esta cascata
de sinais químicos que produzia e mantinha a reacção inflamatória. No fundo, os
investigadores tentaram travar a batalha que se passava na pele e que fazia
desaparecer o cabelo. Para isso, tentaram bloquear a actividade das quinases
JAK — moléculas que estão dentro das células dos folículos capilares e são
mediadoras dos sinais que chegam à membrana dessas células. Neste caso, os
sinais inflamatórios que são lidos pela membrana das células e põem as quinases
JAK a trabalhar, o que mantém a inflamação. A equipe pôs a hipótese de que se
travasse a actividade das quinases JAK, bloquearia a reacção inflamatória e os
cabelos voltariam a crescer.
Para isso, a equipe usou tanto o ruxolitinib, um fármaco
inibidor destas moléculas usado para tratar uma doença da medula (a
mielofibrose idiopática), como o tofacitinib, administrado na artrite
reumatóide, outra doença auto-imune. Ambas as substâncias químicas estão
aprovadas para estas duas doenças pela FDA, a agência norte-americana que
aprova os medicamentos que podem ser consumidos. Agora os cientistas mostraram
que estes dois fármacos impediam, por um lado, o desenvolvimento de alopecia em
ratinhos que tinham tido um transplante de pele vinda de ratinhos doentes. E,
por outro lado, faziam regredir a alopecia nos ratinhos já doentes. Por fim, os
investigadores testaram o ruxolitinib em três pessoas com alopecia areata moderada a grave. Os três tomaram
todos os dias duas doses de 20 miligramas e o cabelo voltou a nascer “quase
totalmente” ao fim de três a cinco meses, de acordo com o artigo. Para Raphael
Clynes, que co-liderou a investigação com Angela Christiano, estes resultados
são promissores: “Estamos apenas a começar a testar os fármacos em doentes. Mas
se a substância química continuar a ter sucesso e a ser segura, vai ter um
impacto positivo drástico na vida das pessoas com esta doença.”
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