Estudo mostra que morte de pessoas
queridas aumenta chances de problema cardíaco
#COMENTÁRIO
Não sabemos se existe comprovação médica para isso, mas é muito comum
nos depararmos com situações análogas a estas citadas na reportagem. Quando a
gente chega a uma determinada idade, convivendo juntamente com o cônjuge escolhido,
criamos uma co-dependência que supera em muito os desencontros e rusguinhas que
ocorreram durante toda uma vida. Essa dependência entre ambos é tão envolvente
e tão forte que um chega a cuidar do outro em demasia ao ponto de reclamações
de excesso de zelo.
Então um falece. O vazio criado é imenso, não há como preencher esse
buraco criado. Não há domínio das coisas à sua volta, pois eram todas
partilhadas nas suas decisões. Não há mais com quem tramar um conluio. Por um
tempo, não há interesse em continuar...
Isso é o que nos contam pessoas que conseguiram superar essa fase. Não
são muitos a conseguirem quando estão enquadrados nessas condições... Coração
partido!
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
#CONVITE
Acredita nisso?
Já viu casos assim?
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Edmund escreveu um poema para o velório de Margaret, mas morreu antes da homenagem
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Stephen Evans - Da BBC News
Quando Margaret Williams
morreu, no País de Gales, no mês passado, seu marido Edmund escreveu um poema
para o velório. Eles estavam casados há 60 anos e, aos 80, ainda caminhavam no
jardim de mãos dadas. Uma semana após a morte de Margaret, Edmund morreu.
O funeral dela virou de ambos e os caixões ficaram lado a lado. O poema que ele
havia escrito para ela foi lido para os dois. Em abril, Helen Felumlee morreu
em Ohio, nos EUA, e seu marido Kenneth a seguiu 15 horas depois. Ambos estavam
na casa dos 90 anos. A família disse que o casal tinha dividido a cama por 70
anos - quando foram colocados em beliches em uma viagem, se aconchegaram na
cama de solteiro de baixo. "Nós sabíamos que quando um fosse, o outro
também iria", disse a filha do casal ao jornal local.
Mas é possível morrer em decorrência de coração
partido?
Uma pesquisa publicada no início deste ano no
periódico JAMA Internal Medicine indicou que, embora aconteça
raramente, o número de idosos que sofreram ataque cardíaco ou acidente vascular
cerebral (AVC) no mês seguinte ao da morte de um ente querido foi o dobro em
relação a um grupo de controle com idosos que não estavam de luto.
No grupo de luto, 50 pessoas entre 30.447 (0,16%)
tiveram problemas de saúde, em comparação com 67 (0,08%) entre 83.588 no grupo
de controle. "Muitas vezes usamos o termo 'coração partido' para falar
sobre a dor de perder alguém que amamos, e nosso estudo mostra que o luto pode
ter um efeito direto sobre a saúde do coração", disse à BBC um dos
autores, Sunil Shah, da Universidade de Londres.
Síndrome do coração partido
Existem referências sobre a "síndrome do
coração partido", conhecida formalmente como cardiomiopatia do estresse ou
cardiomiopatia Takotsubo. De acordo com a Fundação Britânica para o Coração,
trata-se de uma "condição temporária, na qual o músculo cardíaco de
repente se enfraquece ou entra em choque. O ventrículo esquerdo, uma das
câmaras do coração, muda de forma." O evento pode ser causada por um
choque. "Cerca de três quartos das pessoas com diagnóstico de
cardiomiopatia de Takotsubo sofreram estresse físico ou emocional significativo
antes de ficarem doentes", diz a Fundação. Essa tensão pode ser luto ou um
choque de outro tipo, como sustos em peças pregadas por colegas, ou medo de
falar em público. A hipótese é que a súbita liberação de hormônios - em particular,
a adrenalina - cause o choque do músculo cardíaco. É diferente de um infarto,
quando o coração para porque o fornecimento de sangue é interrompido, muitas
vezes por artérias obstruídas. Já a maioria dos pacientes que sofre de
cardiomiopatia "têm artérias coronárias bastante normais e não têm
bloqueios severos nem coágulos", diz o site da universidade americana
Johns Hopkins. Muitas pessoas simplesmente se recuperam; o estresse vai embora
e o coração volta à sua forma normal. Mas em alguns casos, como em idosos ou
naquelas que têm uma doença cardíaca, a mudança na forma do coração pode
provocar ataque cardíaco.
Perda
"Usamos o termo
'coração partido' para falar sobre a dor de perder um alguém, e nosso estudo
mostra que o luto pode ter um efeito direto sobre a saúde do coração". Sunil
Shah, Universidade de Londres.
Há evidências de que a morte após a hospitalização
de uma pessoa eleva o risco de morte do parceiro, de acordo com um estudo
publicado em 2006 no New England Journal of Medicine. Outra pesquisa,
publicada em 2011, sugere que, após a morte do companheiro, as chances de o
sobrevivente morrer durante os seis meses seguintes aumentam.
Os pesquisadores destacaram que um casamento em que
os parceiros se apoiem age como um "tampão", afastando o estresse. Os
parceiros também monitoram uns aos outros e incentivam comportamentos
saudáveis, lembrando-se mutuamente de tomar remédios, por exemplo, e cuidando
para que o outro não beba demais. A "síndrome do coração partido" tem
efeitos contrastantes. Há, naturalmente, a tristeza de uma família que perde,
de uma vez só, duas pessoas amadas. Mas há também, muitas vezes, o alívio de
saber que um casal profundamente apaixonado deixou a vida junto.
O poema de Edmund Williams, o octogenário do País
de Gales, para sua mulher Margaret falava sobre "dois amantes
entrelaçados" e uma viagem "até o fim do fim do tempo". Se
existe uma condição benevolente de coração, certamente cardiomiopatia de
Takotsubo é um dos diagnósticos. Mas "morrer de coração partido"
resume melhor a situação.
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