#COMENTÁRIO
Relatora das Nações Unidas para a questão da água,
Catarina de
Albuquerque
Somente alguém com uma visão estrangeira para poder ter um conceito
desses, salvo raríssimas exceções, nós brasileiros não temos essa visão
preventiva em nenhum segmento. Temos o hábito de colocar trancas logo após a porta ser arrombada,
de corrermos desesperadamente para consertar situações quase sempre imprevistas
por nós. E esse arranque para o início das providências é demorado, demanda de
muita conversa e autorizações que às vezes chegam a acontecer várias vezes até
ter seu início. Essas decisões não estão vinculadas a partidos políticos ou políticos isoladamente, mas ao comportamento,
à educação individual de qualquer brasileiro.
Em quaisquer áreas ou segmentos da sociedade que se apresente
problemas cruciais, inevitavelmente, veremos que houve falta de previsão, de antecipação e providências para que
aquele problema não ocorresse ou se impossível, fosse de menor monta.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Você acredita que é
só nosso modo de ser que faz-nos ser tão incautos?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
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LUCAS SAMPAIO - E
CAMPINAS - 31/08/2014
Relatora das Nações Unidas para a questão da água,
a portuguesa Catarina de Albuquerque, 44, afirma que a grave crise hídrica em
São Paulo é de responsabilidade do governo do Estado. "E não sou a única a
achar isso."
Ela visitou o Brasil em dezembro de 2013, a convite
do governo federal.
De volta ao país, ela falou com a Folha na semana
passada em Campinas, após participar de um debate sobre a crise da água em São
Paulo.
A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) nega que faltem
investimentos e atribui a crise à falta de chuvas nos últimos meses, que
classifica como "excepcional" e "inimaginável".
A seguir, trechos da entrevista à Folha.
*
Que lições devemos tirar desta crise?
Temos de nos planejar em tempos de abundância para
os tempos de escassez. E olhar para a água como um bem precioso e escasso,
indispensável à sobrevivência humana. Em Singapura, no Japão e na Suíça, a água
do esgoto, tratada, é misturada à água comum. É de excelente qualidade. Temos
de olhar o esgoto como recurso.
No caso de São Paulo, acha que faltou ao governo do
Estado adotar medidas e fazer os investimentos necessários?
Acho que sim, e não sou a única. Já falei com vários especialistas aqui no Brasil que dizem exatamente isso. Admito que uma parte da gravidade poderia não ser previsível, mas a seca, em si, era. Tinha de ter combatido as perdas de água. É inconcebível que estejam quase em 40%.
Acho que sim, e não sou a única. Já falei com vários especialistas aqui no Brasil que dizem exatamente isso. Admito que uma parte da gravidade poderia não ser previsível, mas a seca, em si, era. Tinha de ter combatido as perdas de água. É inconcebível que estejam quase em 40%.
A água deveria ser mais cara? Há modelos de
cobrança mais adequados do que o atual?
A prioridade tem de ser as pessoas. Quem usa a água
para outros fins tem mais poder que os mais pobres, que têm de ter esse direito
garantido. Em muitos países, a água é mais cara para a indústria, a agricultura
e o turismo, por exemplo. Deveria haver também um aumento exponencial do preço
em relação ao consumo, para garantir que quem consome mais pague muitíssimo
mais.
Que exemplos poderiam inspirar os governos?
Os EUA multam quem lava o carro em tempos de seca;
a Austrália diz aos agricultores que não há água para todos em situações de
emergência; e no Japão há sistemas de canalização paralela para reutilizar a
água.
Qual é a importância de grandes obras como a
transposição do rio São Francisco ou o sistema Cantareira?
Por várias razões, há uma atração pelas megaobras
nos investimentos feitos em água e esgoto, não só no Brasil. Mas elas, muitas
vezes, não beneficiam as pessoas que mais precisam de ajuda. Para isso são
necessárias intervenções de pequena escala, que são menos "sexy" de
anunciar.
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