Material de descarte da Vale; mineradora faturou R$
95 milhões no ano passado com sucata
#COMENTÁRIO
Eis aí um segmento industrial muito, mas muito pouco explorado no Brasil. O
que sobra de resíduos industriais é um absurdo. As empresas vão estocando-os em
terrenos baldios anexos e depois revende a preços baixíssimos a empresas recicladoras que vendem seus produtos “in
natura” para outras indústrias produtoras.
O que não se faz é o reaproveitamento
dessa sucata através de parcerias com recicladoras em seus próprios campos produtivos. Afinal a empresa já havia comprado esse material
que compunha a peça que agora desgastou.
A um custo certamente menor a empresa pode de alguma maneira
reaproveitar esse material ou talvez reciclar
a mesma para reuso.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte:
Folha
de São Paulo
#CONVITE
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válida a reutilização de resíduos?
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PEDRO SOARES - DO RIO - 30/08/2014
Em tempos de baixo preço do minério de ferro e de
forte redução de custos, a Vale encontrou uma fonte de receita adicional na
sucata e nos resíduos, que antes só geravam despesa com depósitos ou com
transporte até aterros sanitários. Ainda que represente uma fração muito
pequena do faturamento global da companhia (R$ 106 bilhões em 2013), a venda de
sucata gerou R$ 95 milhões ao caixa da empresa no ano passado.
O resultado é 4,3% superior ao de 2012 (R$ 91,2
milhões) e 27,6% acima do de 2011 (R$ 74,5 milhões), ano no qual a companhia
adotou um programa de aproveitamento mais agressivo, dentro do projeto de corte
de custos.
Até então, a Vale gastava, em média, R$ 100 milhões
ao ano para armazenar rejeitos e obtinha, no máximo, R$ 70 milhões com a venda
de sucata - especialmente produtos de metal.
Outros resíduos como borracha (de esteiras de
transporte de minério) e madeira (de dormentes velhos das ferrovias) eram
descartados ou formavam pilhas estocadas há mais de 20 anos.
A Vale buscou, então, parceiros para criar produtos
a partir desses materiais.
"Nossa área era deficitária. Era um custo a
mais. A cobrança era: 'Como a Vale pode gastar R$ 100 milhões em
resíduos?'", disse Márcio Valente, gerente da área de resíduos da
mineradora.
O faturamento de 2013, diz, só não foi maior porque
o preço da sucata metálica caiu com a crise da siderurgia, que reutiliza o
material. Até 2011, menos de 70% dos rejeitos eram aproveitados dentro ou fora
da Vale. O percentual superou os 80% após o programa, que busca reciclar
correias transportadoras de minério de ferro, sucatas metálicas, óleo
lubrificante, pneus dos mega caminhões usados no transporte interno nas minas.
Do reaproveitamento, surge, por exemplo, biodiesel
feito a partir do óleo de cozinha usado em 21 restaurantes industriais da Vale.
Ou a reutilização de 10 mil toneladas de borracha (que tinha um custo para a
sua incineração) das esteiras que transportam o minério até os vagões dos trens
ou até portos da mineradora.
"Quase todo o material reaproveitado é da área
de logística", diz Valente.
Ronildo de Lima, 47, vive de coletar borracha desde
os 20 anos. Primeiro, fazia o revestimento de parachoques e placas de
caminhões. No máximo, conseguia faturar R$ 60 mil reais ao ano, com seu sócio.
A partir de 2011, quando a Vale firmou parceria com
sua Sucataria do Leste (de Governador Valadares, em Minas), o faturamento
cresceu para R$ 3 milhões ao ano.
Novos produtos foram criados, como cochos de
borracha para alimentação de gado, cercas de metal para currais (as esteiras
têm, assim como pneus, tiras de aço para dar sustentação à borracha), forros de
caminhões, entre outros produtos. "Comecei pegando pedaços de borracha no
lixo. Depois, foi melhorando e cheguei a ter cinco empregados. Hoje, são 41
diretos e mais 60 caminhoneiros que carregam a mercadoria. Antes, não tinha
equipamento para cortar borracha. Era tudo manual."
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