Chávez agora integra parte dos santuários venezuelanos
#COMENTÁRIO
É de ficar pasmo quando paramos para
ver até onde chega o ser humano. As reações
absurdas e a confusão mental que mistura política com religião.
Tudo isso fruto
de muitos anos de uma espécie de lavagem
cerebral imposta pela representatividade governamental. Um povo simples,
inculto, uma massa de manobra a
interesses outros. A representatividade megalomaníaca sobrepondo-se a heróis
nacionais e entidades religiosas,
dando um esplendor de santidade ao falecido representante político.
Simplesmente, absurdo tudo isso.
Porém, o mais preocupante é que existem
vestígios desses comportamentos em
terras brasileiras. Há uma parcela de brasileiros que cultuam e endeusam políticos mais ou menos na
mesma proporção de insanidade. Ainda
não houve um desabrochar dessa loucura,
mas as condições existentes e a força da mídia direcionada, podem levar a
acontecer por aqui essas mesmas idiocrasias.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
Brasil
#CONVITE
O que você acha dessa reação de um povo
para com seu político?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Como um 'Big Brother', olhos de Chávez estão por toda parte
Carlos Chirinos - Da BBC
Mundo
"Chávez
nosso que estás no céu, na terra, no mar e em nós, os delegados", rezava
María Estrella Uribe, delegada do Congresso do Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV).
Vestida com camisa vermelha, a delegada pelo estado
de Táchira proferiu a oração, inspirada pelo Pai Nosso da Igreja Católica, e
foi ovacionada em um seminário do partido. "Não nos deixe cair na tentação
do capitalismo, mas livra-nos do mal da oligarquia, do crime de
contrabando", termina o Chávez Nosso.
A reza imediatamente provocou uma polêmica nas
redes sociais. Ela é a mais recente estratégia dentro de um processo de
"beatificação civil" de Chávez, por meio do qual seus herdeiros
procuram converter o falecido presidente em uma figura que domine a dinâmica
política da Venezuela como um deus inquestionável. Enquanto isso, na Terra,
seus devotos defendem seu legado dos assédios do mal (a oligarquia, o Império,
o contrabando).
Fé no socialismo
Hugo Chávez chegou aos santuários sincretistas
populares da Venezuela muitos anos antes de sua morte. Figuras suas de gesso ou
de plástico para veneração há muito são vendidas em lojas esotéricas ao lado de
Simon Bolívar ou Negro Primeiro, outros civis da coleção de "santos"
venezuelanos. Durante o enterro do presidente, em março de 2013, uma senhora
chorosa abraçava uma dessas figuras de Chávez vestido com roupa camuflada de
paraquedista e boina vermelha e dizia, com a voz embargada: "É mentira,
ele não morreu, está vivo em meu coração e vai continuar a olhar por nós do
céu, como fez a partir de Miraflores", disse, em referência ao palácio
presidencial venezuelano.
Em pouco mais de um ano, o chavismo tem procurado
se tornar, além de proposta política, em uma espécie de plataforma quase
religiosa em que se milita com a fé socialista. A adoração ganhou força depois
que Chávez foi declarado "líder supremo" durante seu funeral, em
março de 2013, e fotos gigantes a cores do ex-líder invadiram espaços públicos
que rivalizam com as representações tradicionais de Simón Bolívar. No discurso
do presidente Nicolas Maduro e de seus ministros, onde antes havia referências
a Bolívar, hoje aparecem citações a Chávez, que desalojou o Pai da Nação na
retórica oficial. Até sua obra leva sua assinatura, como se vê nas laterais de
prédios de apartamentos de baixo custo que começaram a ser construídos no final
de seu mandato. A mesma assinatura pode ser tatuada na pele. E são muitos os
que querem ter o próprio comandante consigo, porque ainda acreditam nele e no
seu poder benéfico mesmo depois da morte. Poucas semanas depois do falecimento
de Chávez, uma série de desenhos animados transmitidos pela televisão oficial
venezuelana mostrou a ascensão do ex-presidente a um paraíso socialista, onde
foi recebido por Bolívar, Che Guevara, o chileno Salvador Allende, a argentina
Eva Perón e outros notáveis santos da esquerda latino-americana.
Passarinho
Quando, em março de 2013, o então presidente em
exercício Nicolas Maduro disse que viu seu chefe na forma de "um
passarinho", a primeira reação foi de incredulidade. Depois, Maduro foi
ridicularizado pela oposição. Porém, para muitos dos milhões de seguidores de
Chávez, o "passarinho" era portador da mensagem sobre a necessidade
de completar o trabalho inacabado do líder morto e de apoiar Maduro, seu
abençoado, na eleição daquele abril. Não significa que todos os chavistas militem
em crenças esotéricas, tenham em casa um altar sincretista onde rezem pelo
ex-militar ou que sigam dogmas políticos mágico-religiosos na hora de votar. Na
verdade, entre as eleições de outubro de 2012, que Chávez venceu, e nas de
abril, que Maduro venceu por um triz, houve inclusive um abandono significativo
do voto chavista.
Ainda assim, entre as classes populares, onde está
a maioria da base política do chavismo, são muitos os que acreditam que os
"milagres" que lhes melhoraram a vida - os programas sociais que
ajudaram a mitigar a pobreza venezuelana - podem seguir a partir do Além. Pode
haver uma estratégia de controle político entre os militantes do PSUV ao
promover este processo de beatificação de Chávez. Mas do ponto de vista dos
seguidores bolivarianos, confirmar que o líder foi e sempre será Chávez é uma
forma de lembrar os que assumiram o governo de sua responsabilidade com o
projeto original. No fim, Chávez não é só santo, mas uma espécie de Big Brother
que tudo vê, com seus olhos desenhados nas paredes do país, que parecem dizer:
"Continuarei vigiando vocês para todo o sempre".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qual a sua opinião sobre isso?