#COMENTÁRIO
Lendo esta reportagem postada na Folha
de São Paulo por sua repórter Patrícia C. Mello, volta-nos à mente que já
havíamos comentado sobre essa possibilidade
há uns tempos atrás. Considerando que no Brasil, as coisas tomam um vulto
enorme no início, quando o fato dá resultado na exposição à mídia e depois cai
no marasmo de sempre. As providências que deveriam ser tomadas, passam
a serem feitas aleatoriamente e sem qualquer qualidade.
Por essa brecha é que
passam tudo o que deveria ter sido travado. Prova disso tudo, é o que relata a repórter,
ela retornava do olho da contaminação
do ebola e transitou por muitos aeroportos sem qualquer molestação e desembarca
aqui no Brasil como se nada houvesse a se certificar, mesmo o passaporte apontando a origem da
viagem.
Aí vem o governo e nos diz com todas as
letras que estamos tomando providências para que a infecção não chegue ao Brasil. Dá para levar a sério?
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Você acredita que estamos tomando
providências de segurança?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Patrícia Campos Mello - 05/09/2014
Passei 10 dias em Serra Leoa, um dos países mais
afetados pela epidemia de ebola. Na volta, eu e o repórter fotográfico Avener
Prado enfrentamos o preconceito (bastante compreensível) das pessoas. Muitos
temiam que pudéssemos estar trazendo o vírus. Apesar da ampla cobertura na
imprensa, muitas pessoas ainda acreditam que o vírus pode ser transmitido pelo
ar, como a gripe. Não, ele só se transmite através de fluidos infectados, como
saliva, sangue, vômito, de um doente já sintomático. Por enquanto, a epidemia
está restrita a seis países africanos: Serra Leoa, Libéria, Guiné, Senegal,
Nigéria e República Democrática do Congo (um surto separado, de um vírus de uma
cepa diferente).
Mas será que existe risco de o vírus ebola chegar
ao Brasil?
Atrevo-me a dizer que existe, sim, risco, apesar de
ser baixo. O Ministério da Saúde vem noticiando que adotou uma série de medidas
para se preparar para uma possível a entrada do vírus no Brasil. Mas o fato é
que o Brasil (e vários outros países) não estão preparados. Nós embarcamos em
um voo saindo de Freetown, capital de Serra Leoa, no dia 20 de agosto. Lá no
aeroporto, mediram nossa temperatura três vezes e nós preenchemos um formulário
com perguntas sobre os principais sintomas do ebola: tínhamos febre? tivemos
diarreia ou vômitos? Algum sangramento?
Depois dessa primeira vistoria, entramos no avião
e, sete horas depois, chegamos em Bruxelas. Lá, na capital da União Europeia,
ninguém nos perguntou nada, tampouco mediu nossa temperatura. O carimbo no
passaporte mostrando que estávamos vindo do epicentro da epidemia aparentemente
não acendeu nenhuma luz vermelha.
De lá fomos para Londres. De novo, ninguém
perguntou nada, nem sacou o termômetro. No dia 22 finalmente chegamos ao
Brasil, pousando no aeroporto de Guarulhos. Mais uma vez, nenhuma pergunta nos
foi feita e ninguém mediu nossa temperatura. O "plano de prevenção"
se limitou a recados pelo alto falante do aeroporto, alertando para possíveis
sintomas do ebola.
Agora, sem ser alarmista, consideremos a seguinte
situação hipotética: eu entrei em contato direto com uma pessoa contaminada com
ebola e sintomática em Serra Leoa (o que não aconteceu, vale ressaltar). Quando
embarquei em Freetown no dia 20, ainda não tinha febre. Mas comecei a
apresentar sintomas em Londres. Como ninguém me perguntou nada, nem mediu minha
temperatura, embarquei tranquilamente para o Brasil. E, chegando em São Paulo, com
ebola e sintomática, entrei livremente. O Brasil recebe muitos imigrantes das
regiões afetadas, principalmente do Senegal. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) afirma que o risco de transmissão por viajante internacional é
considerado muito baixo. Mas custaria muito pouco para o governo brasileiro ao
menos monitorar a temperatura e questionar os passageiros chegando da África
Ocidental.
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