#COMENTÁRIO
Independente dos objetivos, o fato de um movimento grevista ser considerado minoria
em sua classe, ele já perdeu sua validade uma vez que não representa os anseios
dessa classe.
Partindo-se dessa premissa, o que essa
garotada está fazendo junto à entidade USP é puro vandalismo. Segundo a
reportagem abaixo, professores e alunos estão contra esses atos representativos.
Ao que parece, esta minoria está atrapalhando o andamento da universidade,
criando balbúrdia e gerando atos hostis aos que querem participar
normalmente das aulas.
Está existindo uma confusão em termos de direitos de representatividade. Não estamos
excluindo o direito desses ativistas de protestarem,
o que estamos é posicionando-os na atividade, eles podem fazer o que quiserem e
aonde quiserem para reclamar seus
direitos se e somente, se não impingirem o direito de outros fazerem o que
quiserem, aonde quiserem. Isso é democracia, o seu direito é o mesmo do outro. Se eles estivessem fazendo toda essa
bagunça nos arredores da unidade, estariam dentro de seus direitos, uma vez que
invadiram o recinto e que impedem a livre
circulação e participação dos outros não
ativistas, merecem tratamento de baderneiros por parte da polícia.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Até onde vai o direito de greve?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
THAIS BILENKY - DE SÃO
PAULO - 04/09/2014
Salvo por um ou dois cartazes, a greve na USP passa
despercebida em boa parte das unidades. Por outro lado, em alguns departamentos
a paralisação impôs um clima de tensão e suspendeu a rotina acadêmica.
Para impedir professores de darem aula, estudantes
de ciências sociais recorrem ao chamado "cadeiraço", ação que
consiste em empilhar carteiras em frente às salas e nos corredores.
Também promovem "piquetes sonoros" – gritam
palavras de ordem, apontam "furas-greve" e esmurram portas e mesas. Há
alguns dias, uma professora foi obrigada a interromper a aula devido a um
"piquete sonoro". "Meu dever é proteger os alunos", disse
aos estudantes, temendo um enfrentamento entre aqueles que assistiam ao curso e
os grevistas. Nos corredores da Faculdade de Educação e dos departamentos de
Ciência Política e Filosofia, "cadeiraços" restam intocados por dias.
"Ninguém nem tenta tirar, porque vai gerar um atrito com os
estudantes", diz Othon Novaes, 22, um dos líderes da greve. "Parece
singelo, né? São só algumas cadeiras. Mas há um poder por trás.", comenta
um professor que não quis ser identificado devido ao clima "hostil"
por lá. Esse poder é aquele conferido em assembleia. Aprovada a greve
estudantil, o argumento do "interesse coletivo" é evocado toda vez
que alguém a "fura".
O professor de política Rogério Arantes esboçou uma
teoria sobre o "cadeiraço". Num documento endereçado a seus alunos,
notou um padrão constante nos movimentos grevistas de 2013 e 2014. As primeiras
assembleias, que decidiram pela greve, tiveram adesão expressiva. As seguintes,
que aprovariam o "cadeiraço", geraram dissidência e esvaziamento – é
o momento em que os "cadeiraços" se impõem como demonstração de
força, teorizou Arantes.
Alunos menos mobilizados começam a se sentir
afetados. Então voltam às assembleias na tentativa de retomar as aulas. Em
manifesto público assinado por docentes do Departamento de Ciência Política da
USP, "o cadeiraço é um instrumento de privatização do espaço público por
parte daqueles que querem impor seus interesses e visão sobre a
universidade". Professores da filosofia também elaboraram carta aberta e
promoveram um debate sobre o "cadeiraço". "Cada sala de aula
vazia por imposição de força aparece como a negação da universidade e, mais
especialmente, de uma faculdade que, orgulhando-se de sua condição de
célula-mater da universidade, tem a responsabilidade de pensá-la." Aluno
da filosofia, Vitor Fiori, 28, considera o "cadeiraço" necessário
para evitar o prejuízo de alunos que dependem do bandejão e da biblioteca para
manter as atividades da graduação. "Como esses serviços também estão
paralisados, não temos condição de continuar frequentando aulas." Othon
Novaes disse que "os que fizeram uma opção individualista não podem causar
ônus àqueles que fizeram uma opção pelo coletivo". "Se alguém fura o
movimento, o grevista se ferra e ele se dá bem."
Para ele, as greves estudantis surtiram efeitos
positivos, como o aumento do número de vagas na graduação e a contratação de
professores no departamento de letras, em 2003, e reposição de professores
aposentados na gestão de João Grandino Rodas (2010-2013). "Não faz o menor
sentido. Greve surte efeito quando trabalhadores suspendem a atividade como
condição para chamar os proprietários dos meios de produção para
negociar", diz José Álvaro Moisés, docente da ciência política e um dos
signatários do manifesto de seu departamento.
Alvo de "piquete sonoro" no início da
greve, Moisés terminou o curso com atividades on-line. "É absurdo. Esse
grupo minoritário de alunos está mandando na faculdade. É grave porque
interrompem atividades de ensino e de pesquisa."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qual a sua opinião sobre isso?