terça-feira, 16 de setembro de 2014

Por causa do ebola, africanos no Acre dizem ser haitianos

Grupo de senegaleses em abrigo no Acre; eles esperam visto para trabalhar no país


#COMENTÁRIO

Apesar de sermos muito receptivos, temos que levar em consideração o risco de estarmos deixando entrar em nosso país esse pessoal africano sem uma triagem mais acurada.
Isso não é segregação, não é exclusão, não é maldade alguma é apenas precaução por uma contaminação possível. A ideia não é levar a situação ao extremo de não admissão de pessoas oriundas daquela região, mas sim tentar identificar um possível contaminado entre eles e isola-lo para tratamento.
Para que isso seja possível, o Estado tem urgentemente que assumir efetivamente o controle dessa situação embaraçosa e perigosa, tem que deixar de fazer as coisas acontecerem mais ou menos, para “inglês ver”

#Disse

Carlos Leonardo


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#CONVITE

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PATRÍCIA BRITTO - ENVIADA ESPECIAL A RIO BRANCO - 15/09/2014 

Diante do receio de ter a entrada no Brasil recusada devido à preocupação com o vírus ebola, imigrantes do Senegal têm se identificado como haitianos na fronteira do Acre com Bolívia e Peru, dizem senegaleses à Folha.
O surto de ebola provocou mais de 2.000 mortes em países da África Ocidental neste ano, principalmente na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria. No Senegal, foi confirmado apenas um caso. Mas imigrantes do país alojados em um abrigo em Rio Branco mantido pelo governo do Acre afirmam que agentes da Polícia Federal têm dificultado a entrada dos africanos no Brasil. A Polícia Federal foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem. Na quarta (10), após matéria do jornal "O Globo" afirmar que africanos estavam sendo barrados na fronteira, a instituição disse em nota que não há orientação de restringir acesso de imigrantes do continente ao Brasil. "Dissemos que somos haitianos. Se dissermos que somos do Senegal, volta todo mundo", disse à Folha um jovem de 29 anos que pediu para não ser identificado. Segundo ele, a pele negra e o sotaque francês, semelhante ao creole falado por haitianos, ajudam a confundir as nacionalidades. O jovem diz que pretende ir para Passo Fundo (RS), trabalhar no setor têxtil. Ele afirmou que, ao passar pela PF na fronteira de Assis Brasil (a 340 km de Rio Branco) com Bolívia e Peru, os senegaleses dizem que são haitianos e que perderam os documentos durante a viagem.
Assim, conseguem entrar no país e seguem para o abrigo na capital acriana.

ROTA
O coordenador da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Ruscelino Barbosa, que administra o alojamento em Rio Branco, diz que o Estado conseguiu identificar "três ou quatro" casos de senegaleses que fingiram ser haitianos. Segundo ele, quando são descobertos, a PF é avisada. "Eles são orientados a dizer que perderam os documentos. Como muitos são extorquidos na viagem, a Polícia Federal autoriza que eles sigam para o abrigo. Quando chegam lá, os documentos 'aparecem' e eles fazem o processo de pedir visto normalmente", disse o coordenador. Segundo ele, não há nenhuma suspeita de ebola no abrigo até o momento. O Acre pediu ao governo federal reforço de equipe para prevenir a entrada do ebola no país, mas, até quinta-feira (11), a rotina no abrigo de imigrantes em Rio Branco não havia mudado.

Não há avaliação médica dos recém-chegados.
Os senegaleses chegam ao Brasil pela mesma rota usada pelos haitianos, passando por Equador e Peru, em viagens intermediadas por coiotes. Até o Equador, a viagem é feita de avião a partir de Dacar, capital do Senegal, com escala em Madri (Espanha). Segundo o infectologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP, é muito pouco provável que o ebola esteja sendo transmitido no Senegal, país que teve só um caso confirmado da doença e dois suspeitos. "É cedo para pensar em barrar os senegaleses, não há epidemia fora de controle naquele país", diz. "Um caso só numa população de milhões é muito pouco para estabelecer uma barreira sanitária." 


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