Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, é um dos exemplos da falta de saneamento
em locais de predominância negra
#COMENTÁRIO
O brasileiro tem por tradição nunca ser
o que se apresenta à sociedade. É muito comum ver estrangeiros reclamarem dessa
característica tão peculiar do brasileiro. Moldamos nossa personalidade às
condições existentes no momento. Ora somos brincalhões, ora somos sérios ao
extremo, ora somos religiosos em situações aflitivas e ora somos ateus
convictos, depende do momento que se apresente. Sobre essa égide é que
conseguimos esconder por toda uma vida o malfadado racismo. Vivendo e
convivendo em um País dito exacerbadamente religioso, em hipótese nenhuma
poderia conceber de admitir a existência de racismo em nossos meios.
A prova maior disso tudo, são as
próprias leis de proteção aos que sofrem o racismo, elas são segregadoras.
Quando você cria quotas de inserção para qualquer coisa ou qualquer raça, você
está indiretamente oficiando um ato segregador para aqueles.
Pouquíssimos têm conhecimento da
existência da Seppir, um órgão voltado ao atendimento e o desenvolvimento de
estratégias para melhorias das condições das raças segregadas. Pouco se fez por
esses brasileiros, dado a vários motivos, as dimensões continentais do Brasil
que cria situações diferentes em locais diferentes. Mas o mais agressivo a eles
é essa consciência religiosa que oculta, que camuflam as verdadeiras facetas de
cada indivíduo na sociedade. Não deveríamos segregar dando-lhes quotas, deveríamos
unir-mo-nos... Afinal, se religiosos, somos irmãos...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
Brasil
#CONVITE
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Crianças no complexo da Maré, no Rio de Janeiro
Ricardo Senra - BBC
Brasil - 12 de setembro, 2014
"O
Governo Brasileiro reconheceu e reconhece sua responsabilidade e criou a
Secretaria de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em
2003."
O comentário, enviado à BBC Brasil pela secretaria
com status de ministério, responde a um relatório divulgado nesta sexta-feira
pela ONU. O órgão mundial afirma que o racismo "permeia todas as áreas da
vida" no Brasil.
As Nações Unidas concluem que o país vive um
"mito de democracia racial" e que há "racismo
institucionalizado" e uma "ideologia de embranquecimento" na
sociedade brasileira.
Tanto a ONU quanto o governo, entretanto, também
destacam avanços nas políticas para afrodescendentes no Brasil.
Segundo o Planalto, a implementação de cotas
raciais na educação e no serviço público e a Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra foram medidas importantes no processo de reversão
deste problema histórico no país.
A ONU concorda e diz que os principais avanços
ocorreram durante o governo do ex-presidente Lula.
As críticas do relatório e o posterior "mea
culpa" são resultado da visita de um grupo de trabalho da ONU a Brasília,
Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, em dezembro do ano passado.
Os especialistas foram recebidos por representantes
do governo, do judiciário e de organizações da sociedade civil.
Desigualdade
O texto do relatório informa que "o racismo
permeia todas as áreas da vida no país" e que é difícil para os negros
discutir o tema, já que "o país vive um mito de democracia racial".
Segundo a ONU, o desemprego é 50% maior entre
afrodescendentes e a média salarial dos brancos, por sua vez, é o dobro do
salário dos negros.
Enquanto a expectativa de vida entre os negros não
passa de 66 anos, a dos brancos é seis anos maior. Mais da metade dos negros
não tem saneamento básico adequado no país - a média chega a 3 em cada 10
brancos.
As Nações Unidas reconhecem que o país conta com
"diversas instituições para a promoção da igualdade social" e
"diversos avanços expressivos foram feitos na legislação sobre a igualdade
racial", especialmente nos últimos dez anos.
"Os mecanismos de reprodução das desigualdades
raciais se atualizam no Brasil. O reconhecimento do papel estruturante do
racismo é o principal fator para que a atual gestão apoie decididamente ações
afirmativas para produzir as mudanças que, por longo tempo, foram impedidas de
acontecer na sociedade brasileira", disseram os porta-vozes do governo à
reportagem da BBC Brasil.
"Esses ganhos ainda são acompanhados pela
persistência das desigualdades raciais", afirma o governo federal. Segundo
o Planalto, as diferenças entre brancos e negros demandam "um renovado
esforço de articulação de iniciativas capazes de neutralizar seus efeitos
deletérios sobre as oportunidades de inclusão que se abrem no Brasil de
hoje".
"É um processo", diz a pasta.
'Ideologia de embranquecimento'
Entre os resultados da pesquisa, a ONU aponta que a
educação é uma das principais áreas de discriminação e uma das principais
fontes de desigualdade. "É importante que se desconstrua a ideologia de
embranquecimento que continua a afetar uma parcela significante da
sociedade", diz a ONU.
Segundo o órgão internacional, "políticos
conservadores desvalorizam ações afirmativas, políticas e leis"
direcionadas aos afrodescendentes - que têm menos acesso à saúde e educação,
menor expectativa de vida, menos cargos públicos e maior presença nas prisões.
O relatório critica as administrações estaduais e
municipais, onde "faltam recursos materiais e financeiros para que as
atividades possam ser conduzidas".
O órgão ainda destaca o trabalho de redução do
racismo institucional em Pernambuco, com trabalhos de sensibilização e
capacitação de policiais, e um grupo de trabalho contra o racismo criado pelo
Ministério Público pernambucano.
Segundo o órgão internacional, o foco nos policiais
é "importante para transformar a cultura de violência sob pretexto de
segurança nacional" - três negros morreram em cada quatro homicídios
cometidos no Brasil em 2010.
Justiça
A dificuldade de acesso à justiça pela população
negra é, para a ONU, um dos pontos-chave da discussão.
Segundo o órgão, como a sociedade ainda nega a
existência de práticas racistas, estas questões acabam não chegando ao
judiciário e, quando chegam, dificilmente são penalizadas. As Nações Unidas indicam
ainda que a polícia atue com critérios "baseados na cor da pele" dos
cidadãos.
"O papel da polícia é garantir a segurança
pública", diz o relatório. "Mas o racismo institucional, a
discriminação e a cultura de violência levam a práticas de tortura, chantagem,
extorsão e humilhação, em especial contra afro-brasileiros."
Ainda segundo o documento, "o direito à vida
sem violência não é garantido pelo Estado".
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