Cotidiano
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Acampamento montado ao lado da Anatel em Recife
#COMENTÁRIO
Uma cena destas é possível em algum
outro lugar do mundo? Só neste Brasil contrastante de diversidade enorme de
modos e pensamentos é que é possível ver pessoas se sujeitarem a passar
desconforto sem se preocuparem com a exposição de uma visão pobre da vida que
levam.
Essa disponibilidade por pouca coisa é que
é muito explorada pelos empresários. Certamente R$600,00 pode representar um
dinheiro caído do céu para elas, mas elas não avaliam o custo benefício para o
contratante, não conseguem enxergar que são extorquidas. O custo hora é
irrelevante, é insignificante para o benefício que trará ao contratante. Chega
a ser injusto.
Mas se analisarmos friamente, pessoas
passam a vida à espera de uma oportunidade dessas para levantar um dinheirinho,
não se preocupam em construir algo sólido para sua vida e dos seus. Que dizer
então quando elas se sujeitam a esse tipo de coisas, conscientemente, sem
qualquer sentimento de incapacidade de luta, sem vergonha...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Como ver isso? Que fazer por essas
pessoas?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
DANIEL CARVALHO - DO RECIFE
- 20/09/2014
Um grupo de famílias desempregadas da periferia do
Recife foi recrutado para guardar lugar numa fila em frente ao escritório da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) do Recife.
Acampadas desde o dia 12 passado numa rua da zona
sul, elas ficarão lá até o início da semana que vem, em barracas e sobre
papelões espalhados pelo chão.
O inusitado é que essas cerca de 50 pessoas não
estão na fila à espera de um show ou de uma senha para atendimento em hospital
público.
Elas foram contratadas por retransmissoras,
empresas que apenas transmitem o conteúdo produzido pelas emissoras de
televisão.
Essas empresa, geralmente com sede em pequenos
municípios, são de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe e agora buscam
autorização para atuar. Segundo o Ministério das Comunicações, algumas
funcionam hoje sem essa permissão.
E elas somente serão recebidas no escritório da
Anatel do Recife se pegarem uma senha na segunda-feira (22).
Por isso contrataram esses "guardadores de
lugar".
"O pessoal aqui [acampado] não sabe que TV
está representando", afirma João Sales, que afirmou ter sido contratado
por uma assessoria de imprensa de São Paulo para recrutar os acampados e
garantir o funcionamento dessa fila.
Ele afirmou não ser capaz de identificar a empresa
que o contratou.
Nos seis primeiros dias, as famílias ficaram dia e
noite instaladas em 15 barracas de camping, nos quais o papelão faz as vezes de
colchão. Desde quinta (18), após acordo com a prefeitura, as barracas só podem
ser armadas das 22h às 5h.
Durante o dia, cadeiras de plástico com toalhas e
roupas guardam o lugar. A prefeitura diz não haver problema na ocupação, pois
pedestres podem transitar pelo local.
No acampamento organizado com cones e faixa de
segurança, poucos aceitaram dar entrevista. Quando a dona de casa Ana Lúcia
Ferreira, 55, conversava com a Folha na tarde de quinta, foi alertada por um
adolescente a não mais prosseguir.
Todos os acampados recebem cinco refeições diárias
em quentinhas de alumínio, e há um banheiro químico e uma casa de apoio alugada
para que tomem banho. Um pequeno gerador foi instalado sob uma mesa de plástico
para recarregar celulares.
Cada um tem a promessa de receber R$ 600 pelo
plantão. Mas o dinheiro só chegará na semana que vem.
"Tu acha que, se a gente já tivesse recebido,
ainda estaria aqui?", questionou a dona de casa Maria da Silva, 76.
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