domingo, 24 de agosto de 2014

Candidatos anônimos recorrem a personagens para chamar atenção

O sósia do terrorista usa uniforme de gari, mas não é varredor, e quer 'acabar com os políticos'


#COMENTÁRIO

O jeito engraçadinho de ser e de fazer qualquer coisa. Falta-nos seriedade no modo de agir, no modo de ver as coisas. Quando não temos competência e nos arriscamos a fazer parte de algo muito superior a nosso dia a dia, fazemos-o de uma maneira que ao menos chame a atenção das outras pessoas, gracinhas, piadinhas infantis e desmedidas, personificação de elementos nada representativos ao que está se realizando, até isso erram.
O pior disso tudo, é que a população aplaude e aceita essa falácia, se conectam com eles, reproduzem seus chulos linguajares e seus caricatos trejeitos. Não buscam qualquer informação que possa orientar nas decisões que devam ser tomadas e ainda usam como desculpa a falta de opções e o voto de protesto, que está tão na moda, o negócio é protestar, não interessa porque ou contra que.

#Disse

Carlos Leonardo



#CONVITE

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O comediante Batoré apareceu de gravata em 2010 e não se elegeu; agora, explora o personagem





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LIGIA MESQUITA - DE SÃO PAULO - 24/08/2014  

"Pode anotar aí: o Bin Laden vai ser o Tiririca desta eleição. Vou ter mais de 1 milhão de votos!"
Direto e absolutamente sem modéstia, Manoel dos Santos Silva, 49, prevê seu futuro político na eleição deste ano, na qual concorre a deputado federal pelo PEN (Partido Ecológico Nacional). Na TV, aparece de turbante e barba comprida, na esperança de ficar mais parecido com o terrorista morto pelos EUA. O Bin Laden do PEN era tão anônimo que nem o presidente do partido que o acolheu sabe direito de onde é e o que faz. "É um cara inteligente, que tem muita chance de ganhar. Um gari honesto, varre as ruas em Osasco", diz Adilson Barroso. O candidato, porém, não é gari. Só usa o uniforme (leia a entrevista abaixo), e vive na Brasilândia, em São Paulo. Trata-se de um dos personagens que apareceram na primeira semana do horário eleitoral gratuito, que também apresentou Dengue, Presidente THC, Jesus, Barack Obama, covers de Gretchen, Pelé e Neymar e o candidato que lança um "raio privatizador" sobre os comunistas. Todos estão dispostos a explorar a veia cômica e a assumir a falta de propostas para tentar repetir o sucesso que Tiririca teve nas urnas em 2010. Na última eleição, o palhaço foi à TV no horário eleitoral para dizer que não sabia o que fazia um deputado federal. Obteve mais de 1,3 milhão de votos, alcançando o posto de candidato mais votado para a Câmara. Para o cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio Vargas, esses candidatos chamam a atenção pelo inusitado, mas não provocam impacto no sistema político. "Não acho que consigam se eleger. O próprio Tiririca eu acho que terá menos votos", afirma. O PR, partido de Tiririca, tem uma visão diferente e aposta novamente no humorista como puxador de votos no Estado de São Paulo.
O humorista optou por parodiar o cantor Roberto Carlos em sua propaganda deste ano, que ocupa todo o tempo da sigla nos blocos da noite. "Pela votação que ele teve, é o mínimo [que podemos fazer] deixá-lo com todo o horário", diz o secretário-geral do PR, senador Antonio Carlos Rodrigues. A superexposição de Tiririca é invejada por seus oponentes. O comediante Batoré (PRB-SP), vereador cassado em São Paulo por infidelidade partidária, conta que tem quatro segundos na TV, contra um minuto do adversário. Por causa disso, ele, que se candidatou a deputado em 2010 e aparecia de terno na propaganda, agora foca na fama de seu personagem do programa "A Praça É Nossa", do SBT. "Como não consigo dizer minhas propostas, melhor falar como Batoré."

CARAS CONHECIDAS
As celebridades também se agarram a seus personagens para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados. É o caso do ator Ricardo Macchi, 45, que passou os últimos anos reclamando de ser lembrado o tempo todo como o cigano Igor de "Explode Coração" (1995), e que agora se candidatou com o nome de seu personagem célebre. "Vocês passaram 20 anos falando que sou o eterno cigano Igor. Estou apenas fazendo o que me pediram", afirma Macchi. Outro famoso que estreia na disputa eleitoral é o cirurgião Dr. Rey (PSC-SP), do programa "Dr. Hollywood", que frisa ter diploma de Harvard. "O Rey fala, sim, de Harvard porque a classe política é analfabeta", afirma. 

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