O sósia do terrorista usa uniforme de gari, mas não
é varredor, e quer 'acabar com os políticos'
#COMENTÁRIO
O jeito engraçadinho de ser e de fazer qualquer coisa. Falta-nos seriedade no modo de agir, no modo de
ver as coisas. Quando não temos competência
e nos arriscamos a fazer parte de algo muito superior a nosso dia a dia,
fazemos-o de uma maneira que ao menos chame a atenção das outras pessoas,
gracinhas, piadinhas infantis e desmedidas, personificação de elementos nada representativos ao que está se
realizando, até isso erram.
O pior disso tudo, é que a população aplaude e aceita essa falácia, se
conectam com eles, reproduzem seus chulos linguajares
e seus caricatos trejeitos. Não
buscam qualquer informação que possa orientar nas decisões que devam ser
tomadas e ainda usam como desculpa a
falta de opções e o voto de protesto,
que está tão na moda, o negócio é protestar, não interessa porque ou contra
que.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Você acha certo que
fiquemos brincando com nossos votos?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
O comediante Batoré apareceu de gravata em 2010 e
não se elegeu; agora, explora o personagem
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LIGIA
MESQUITA - DE SÃO PAULO - 24/08/2014
"Pode anotar aí: o Bin Laden vai
ser o Tiririca desta eleição. Vou ter mais de 1 milhão de votos!"
Direto e absolutamente sem modéstia,
Manoel dos Santos Silva, 49, prevê seu futuro político na eleição deste ano, na
qual concorre a deputado federal pelo PEN (Partido Ecológico Nacional). Na TV,
aparece de turbante e barba comprida, na esperança de ficar mais parecido com o
terrorista morto pelos EUA. O Bin Laden do PEN era tão anônimo que nem o
presidente do partido que o acolheu sabe direito de onde é e o que faz. "É
um cara inteligente, que tem muita chance de ganhar. Um gari honesto, varre as
ruas em Osasco", diz Adilson Barroso. O candidato, porém, não é gari. Só
usa o uniforme (leia a entrevista abaixo), e vive na Brasilândia, em São Paulo.
Trata-se de um dos personagens que apareceram na primeira semana do horário
eleitoral gratuito, que também apresentou Dengue, Presidente THC, Jesus, Barack
Obama, covers de Gretchen, Pelé e Neymar e o candidato que lança um "raio
privatizador" sobre os comunistas. Todos estão dispostos a explorar a veia
cômica e a assumir a falta de propostas para tentar repetir o sucesso que
Tiririca teve nas urnas em 2010. Na última eleição, o palhaço foi à TV no
horário eleitoral para dizer que não sabia o que fazia um deputado federal.
Obteve mais de 1,3 milhão de votos, alcançando o posto de candidato mais votado
para a Câmara. Para o cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio
Vargas, esses candidatos chamam a atenção pelo inusitado, mas não provocam
impacto no sistema político. "Não acho que consigam se eleger. O próprio
Tiririca eu acho que terá menos votos", afirma. O PR, partido de Tiririca,
tem uma visão diferente e aposta novamente no humorista como puxador de votos
no Estado de São Paulo.
O humorista optou por parodiar o cantor
Roberto Carlos em sua propaganda deste ano, que ocupa todo o tempo da sigla nos
blocos da noite. "Pela votação que ele teve, é o mínimo [que podemos
fazer] deixá-lo com todo o horário", diz o secretário-geral do PR, senador
Antonio Carlos Rodrigues. A superexposição de Tiririca é invejada por seus
oponentes. O comediante Batoré (PRB-SP), vereador cassado em São Paulo por
infidelidade partidária, conta que tem quatro segundos na TV, contra um minuto
do adversário. Por causa disso, ele, que se candidatou a deputado em 2010 e
aparecia de terno na propaganda, agora foca na fama de seu personagem do
programa "A Praça É Nossa", do SBT. "Como não consigo dizer
minhas propostas, melhor falar como Batoré."
CARAS
CONHECIDAS
As celebridades também se agarram a
seus personagens para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados. É o caso do ator
Ricardo Macchi, 45, que passou os últimos anos reclamando de ser lembrado o
tempo todo como o cigano Igor de "Explode Coração" (1995), e que
agora se candidatou com o nome de seu personagem célebre. "Vocês passaram
20 anos falando que sou o eterno cigano Igor. Estou apenas fazendo o que me
pediram", afirma Macchi. Outro famoso que estreia na disputa eleitoral é o
cirurgião Dr. Rey (PSC-SP), do programa "Dr. Hollywood", que frisa
ter diploma de Harvard. "O Rey fala, sim, de Harvard porque a classe
política é analfabeta", afirma.
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