Criança chinesa passeia no setor de refrigerantes
de um supermercado na cidade de Nanquim, na região leste do país
#COMENTÁRIO
Coisas que nossos sapientes pais já
falavam a nós. Lembro-me era muito jovem e às vezes ficava chateado com meus
pais por não comprarem para mim aquele doce diferente, com embalagem bonita,
chamativa... E eles me diziam: -“Esse é o mesmo doce que sua avó faz, só que
ela faz com carinho, e você tanto gosta. Esse tem umas misturas estranhas para
durar na vitrine. Sabe-se lá quando foi feito.” E eu não aceitava isso, queria
tanto aquele doce com embrulho colorido... Hoje, já velho, consigo enxergar o
que queriam me dizer. Hoje como pouca coisa industrializada, prefiro as
naturais, medicamentos naturais, carnes frescas...
Não li o livro citado na reportagem,
mas tem um comentário bom sobre ele, talvez até o leia, não estou recomendando
nada. Só me lembrei da ligação de minha vida com o assunto abordado.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Folha
de São Paulo
#CONVITE
Você substitui
alimentos naturais por industrializados, também?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Queda do Muro de Berlim (1989), que uniu a Alemanha e ampliou a presença
do capitalismo
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DOUGLAS GAVRAS - DE SÃO
PAULO - 30/08/2014
Em 1989, ao presenciar a distribuição de garrafas
de Coca-Cola para alemães orientais, através de buracos no Muro de Berlim, o
repórter da "The Economist" Charles Wheelan saudou a ação como prova
de força da mão do mercado, que aproveitava o fato histórico da queda do muro
para fazer marketing.
"Mas será que deveríamos comemorar o aumento
de cáries e de diagnósticos de diabetes na Europa Oriental?", questiona
hoje o médico e pesquisador Peter A. Ubel. Cientista comportamental da
Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, ele é autor de "Loucura do
Livre Mercado", livro em que argumenta como as empresas exploram a
irracionalidade das pessoas em busca de vendas. Ao tentar desvendar de que
forma o subconsciente nos leva a agir contra nossos interesses, Ubel conclui
que a falta de regulação do mercado pode provocar grandes crises.
Para ele, essa falta de regras de mercado seria a
principal responsável pela epidemia de obesidade que ameaça o mundo, por
exemplo. Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostram que o número de
pessoas obesas dobrou desde os anos 1980. A obesidade, defende o autor só se
tornou uma epidemia quando a indústria de alimentos desenvolveu maneiras mais
eficientes de produzir comida a um custo menor.
"Nossas escolhas alimentares são bem menos
livres do que gostaríamos. O próprio fato de rotularmos um alimento como não saudável
pode torná-lo mais desejável."
LIBERDADE RELATIVA
Em seu livro, Ubel argumenta que a economia moderna
também estimula o endividamento - incentivando as pessoas a terem vários
cartões de crédito e a embarcarem em empréstimos que nunca conseguirão pagar.
Essa mesma liberdade de escolha oferecida pelo
mercado induziria o consumidor a optar sempre por alimentos industrializados - baratos
e calóricos -, atendendo uma demanda por praticidade criada pela vida moderna.
Para Ubel, a profusão de ofertas atraentes do
mercado confunde as pessoas, que se tornam incapazes de escapar das armadilhas
do consumismo e do endividamento.
"Em alguns supermercados, um antropólogo
observa as pessoas fazendo compras e medindo quanto tempo elas ficam em frente
a uma prateleira", argumenta.
"A verdade é que você acaba sabendo menos
sobre seus próprios hábitos de consumo do que os donos das lojas em que você
faz compras."
CAMINHO IRRACIONAL
Relacionar hábitos humanos aos seus desdobramentos
econômicos está na base da economia comportamental, teoria que analisa fatores
sociais, culturais e comportamentais para iluminar, entre outros temas, os
caminhos irracionais do consumo. A partir dos anos 1960, os psicólogos
israelenses Danny Kahneman e Amos Tversky foram destaque nessa abordagem de
investigar os motivos aparentemente irracionais que explicam como a sociedade
lida com a economia.
Ao cruzar dados estatísticos com histórias de
pessoas afetadas pela regulamentação branda, Ubel é enfático ao dizer que o
problema de deixar o mercado atuar livremente é não levar em conta a natureza
das pessoas.
"A liberdade é uma mercadoria preciosa, mas a
liberdade de escolha é acompanhada da liberdade de fazer escolhas
erradas", escreve.
Na obra, Ubel defende uma série de medidas públicas
que podem ser tomadas para evitar o paternalismo estatal sem cair na
desregulamentação, como subsídios a marcas que ofereçam alimentos saudáveis e a
busca de maneiras mais persuasivas de estimular práticas saudáveis.
Segundo ele, o governo deve intervir e regulamentar
empresas, que são recompensadas pela "exploração de fraquezas" - em
sua opinião, uma boa política só faz sentido se considerar a natureza humana e
suas limitações.
LOUCURA DO LIVRE MERCADO
AUTOR Peter A. Ubel
EDITORA Civilização Brasileira
TRADUÇÃO Rodrigo L. Sardenberg
PREÇO R$ 52 (280 págs.)
AVALIAÇÃO bom
EDITORA Civilização Brasileira
TRADUÇÃO Rodrigo L. Sardenberg
PREÇO R$ 52 (280 págs.)
AVALIAÇÃO bom
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