sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Por que a alergia é tão comum hoje em dia?


Pesquisadores acreditam que estilo de vida ocidental nos torna mais suscetíveis a alergias



#COMENTÁRIO

Na contramão da mídia medicinal que quer nos impingir técnicas e medicamentos para assepsias e eliminação de bactérias, criando-nos assim uma fobia de limpeza e dependência química, estes pesquisadores vêm até nós e dizem que nossa coleção de acarozinhos são muito, mas muito benéficos para nós, ao contrário do que se disse até hoje. Assustei-me com a quantidade de bichinhos em nosso corpo, média de dez para cada célula! Imagino aquelas recém-mãezinhas criadas em berço esplêndido dizendo ao filhinho descobrindo mundo: - “Não pise na grama fofinho, ela está cheia de bactérias...” Mal sabe que deveria incentivar a criança a se sujar, rolar na grama, no barro, suar, voltar um porquinho a seus braços... Não era assim antes? Sábia natureza! Nós é que somos suscetíveis aos comerciais da TV, ao papo do médico que ganha um trocado a mais por recomendar isto ou aquilo...

#Disse

Carlos Leonardo

Fonte: BBC News


#CONVITE

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Garoto de família britânica acompanhada pela reportagem da BBC sofre de asma severa em diversas alergias



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Do pólen ao látex, passando por poeira ou animais domésticos, quatro em cada dez pessoas são hoje consideradas alérgicas a algo.

Mas se a alergia não acometia as gerações de nossos avós, qual é a causa da doença que acomete centenas de milhares de pessoas todos os anos? Muitas teorias surgiram com o passar do tempo, mas agora cientistas acham que talvez tenham descoberto a origem das alergias. Cada um de nós é coberto da cabeça aos pés por bactérias. Pesquisadores acreditam que esses micro-organismos são a chave para entender por que estamos nos tornando mais alérgicos. As bactérias que revestem nossa pele, cobrem nossa boca e se multiplicam em nossas entranhas não só excedem em número as nossas próprias células (a proporção é de 10 bactérias para cada célula), como também têm papel fundamental no aprimoramento dos nossos sistemas imunológicos. Mudanças de estilo de vida estão influenciando esses organismos e, por consequência, as alergias. Para comprovar como essa teoria se aplica no mundo real, a reportagem da BBC usou um microscópio para analisar as vidas de duas famílias de alérgicos.
Em uma das famílias, Joe, de 8 anos, sofre de asma severa, rinite alérgica, dermatite, além de alergia a nozes, a animais domésticos e a ácaros e poeira. Em outra família, a lista de alergias que acomete Morgan parece infindável. Junto com um eczema severo e rinite alérgica, ele tem aversão a laticínios, nozes, soja, kiwi, abacate, banana, látex, gatos, cachorros e cavalos. As duas famílias concordaram em fornecer amostras bacterianas de sua pele, vísceras e até mesmo de suas casas na esperança de que isso possa oferecer pistas sobre a origem de seus problemas. Os resultados são surpreendentes. Como muitos de nós no Ocidente, as famílias tinham poucos tipos de bactéria vivendo dentro e sobre elas quando comparadas com indivíduos de tribos tradicionais em partes do mundo em desenvolvimento. Pesquisadores descobriram, por exemplo, que uma comunidade de caçadores tinha não só uma alta diversidade de bactérias, mas apenas um em cada 1,5 mil indivíduos dessa tribo sofria de alergia. No Reino Unido, por outro lado, a proporção é de uma para cada três pessoas. O estilo de vida no Ocidente parece estar mudando nossas bactérias e nossa suscetibilidade a alergias.

Mas de quem é a culpa?
É provável que existam vários culpados, mas o principal fator, segundo os especialistas, pode ser a maneira como estamos criando nossos filhos. Atualmente, um quarto dos bebês no Reino Unido nasce de cesarianas. Segundo um estudo conduzido na Noruega, no entanto, bebês nascidos por esse método têm 52% mais chance de sofrer asma do que aqueles nascidos de parto normal.

Ameaça dos antibióticos
Cientistas acreditam que a bactéria a que os bebês estão expostos no canal vaginal ajuda de certa forma a protegê-los de alergias, e o crescimento das cesáreas podem estar elevando o número de crianças alérgicas. Mas o "combate" às suas próprias bactérias parece continuar à medida que essas crianças crescem. Estima-se que o leite materno contenha cerca de 900 espécies de bactérias, o que explica possivelmente por que bebês alimentados por essa fonte energética são menos alérgicos. Uma das maiores ameaças às bactérias protetoras de alergias vem, contudo, dos antibióticos. A priori, esses medicamentos têm como objetivo nos proteger, mas frequentemente reduzem a quantidade desses seres em nosso organismo. Um estudo recente mostrou, por exemplo, que o uso de antibióticos na primeira fase da vida pode aumentar o risco de desenvolvimento de dermatites em até 40%. Não há dúvida de que as crianças hoje estão sendo expostas a menos bactérias do que no passado, e sofrendo, assim, mais alergias. Mas não é apenas a forma como as crianças nascem que impacta o número de bactérias presentes em seu corpo. O estilo de vida que elas adotam à medida que crescem também tem papel fundamental no desenvolvimento de alergias, de acordo pesquisadores.

'Velhos amigos'
Ao acompanhar as duas famílias por quase 24 horas, a reportagem da BBC descobriu que elas passavam, em média, 91% de seu tempo entre quatro paredes (casa, escola, trabalho) – uma tendência bastante comum no Reino Unido. Na medida em que nossas vidas estão se tornando cada vez mais sedentárias, perdemos uma vasta gama de bactérias que habitam em nossos jardins e pairam no ar. Assim, a maneira mais fácil de reduzir as chances de desenvolver alergias é sair de casa. Desde passear com o cachorro a caminhar a pé até a escola, pesquisas indicam que um pouco de ar puro traz benefícios incontestáveis para a saúde. Outro estudo constatou que quanto maior o contato com plantas e flores, maior é a quantidade de bactérias na pele, o que também reduz a propensão às alergias. Segundo o professor Graham Rook, da Universidade College London, essas bactérias são nossos "velhos amigos" e exercem papel fundamental para nossa saúde. "De certa forma, essa percepção de que os humanos são, de fato, ecossistemas e que dependemos tanto desses micro-organismos é provavelmente o mais importante avanço da medicina nos últimos cem anos", diz.

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