Pesquisadores acreditam que estilo de vida ocidental nos torna mais
suscetíveis a alergias
#COMENTÁRIO
Na contramão da mídia medicinal que
quer nos impingir técnicas e medicamentos para assepsias e eliminação de
bactérias, criando-nos assim uma fobia de limpeza e dependência química, estes
pesquisadores vêm até nós e dizem que nossa coleção de acarozinhos são muito,
mas muito benéficos para nós, ao contrário do que se disse até hoje. Assustei-me
com a quantidade de bichinhos em nosso corpo, média de dez para cada célula! Imagino
aquelas recém-mãezinhas criadas em berço esplêndido dizendo ao filhinho descobrindo
mundo: - “Não pise na grama fofinho, ela está cheia de bactérias...” Mal sabe
que deveria incentivar a criança a se sujar, rolar na grama, no barro, suar,
voltar um porquinho a seus braços... Não era assim antes? Sábia natureza! Nós é
que somos suscetíveis aos comerciais da TV, ao papo do médico que ganha um
trocado a mais por recomendar isto ou aquilo...
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: BBC
News
#CONVITE
Você deixaria seu
filho, seu netinho a brincar à vontade?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
Garoto de família britânica acompanhada pela reportagem da BBC sofre de
asma severa em diversas alergias
-----------------------------------------------------------
Do pólen
ao látex, passando por poeira ou animais domésticos, quatro em cada dez pessoas
são hoje consideradas alérgicas a algo.
Mas se a alergia não acometia as gerações de nossos
avós, qual é a causa da doença que acomete centenas de milhares de pessoas
todos os anos? Muitas teorias surgiram com o passar do tempo, mas agora
cientistas acham que talvez tenham descoberto a origem das alergias. Cada um de
nós é coberto da cabeça aos pés por bactérias. Pesquisadores acreditam que
esses micro-organismos são a chave para entender por que estamos nos tornando
mais alérgicos. As bactérias que revestem nossa pele, cobrem nossa boca e se
multiplicam em nossas entranhas não só excedem em número as nossas próprias
células (a proporção é de 10 bactérias para cada célula), como também têm papel
fundamental no aprimoramento dos nossos sistemas imunológicos. Mudanças de
estilo de vida estão influenciando esses organismos e, por consequência, as
alergias. Para comprovar como essa teoria se aplica no mundo real, a reportagem
da BBC usou um microscópio para analisar as vidas de duas famílias de
alérgicos.
Em uma das famílias, Joe, de 8 anos, sofre de asma
severa, rinite alérgica, dermatite, além de alergia a nozes, a animais
domésticos e a ácaros e poeira. Em outra família, a lista de alergias que
acomete Morgan parece infindável. Junto com um eczema severo e rinite alérgica,
ele tem aversão a laticínios, nozes, soja, kiwi, abacate, banana, látex, gatos,
cachorros e cavalos. As duas famílias concordaram em fornecer amostras
bacterianas de sua pele, vísceras e até mesmo de suas casas na esperança de que
isso possa oferecer pistas sobre a origem de seus problemas. Os resultados são surpreendentes.
Como muitos de nós no Ocidente, as famílias tinham poucos tipos de bactéria
vivendo dentro e sobre elas quando comparadas com indivíduos de tribos
tradicionais em partes do mundo em desenvolvimento. Pesquisadores descobriram,
por exemplo, que uma comunidade de caçadores tinha não só uma alta diversidade
de bactérias, mas apenas um em cada 1,5 mil indivíduos dessa tribo sofria de
alergia. No Reino Unido, por outro lado, a proporção é de uma para cada três
pessoas. O estilo de vida no Ocidente parece estar mudando nossas bactérias e
nossa suscetibilidade a alergias.
Mas de quem é a culpa?
É provável que existam vários culpados, mas o
principal fator, segundo os especialistas, pode ser a maneira como estamos
criando nossos filhos. Atualmente, um quarto dos bebês no Reino Unido nasce de
cesarianas. Segundo um estudo conduzido na Noruega, no entanto, bebês nascidos
por esse método têm 52% mais chance de sofrer asma do que aqueles nascidos de
parto normal.
Ameaça dos antibióticos
Cientistas acreditam que a bactéria a que os bebês
estão expostos no canal vaginal ajuda de certa forma a protegê-los de alergias,
e o crescimento das cesáreas podem estar elevando o número de crianças
alérgicas. Mas o "combate" às suas próprias bactérias parece
continuar à medida que essas crianças crescem. Estima-se que o leite materno
contenha cerca de 900 espécies de bactérias, o que explica possivelmente por
que bebês alimentados por essa fonte energética são menos alérgicos. Uma das
maiores ameaças às bactérias protetoras de alergias vem, contudo, dos
antibióticos. A priori, esses medicamentos têm como objetivo nos proteger, mas
frequentemente reduzem a quantidade desses seres em nosso organismo. Um estudo
recente mostrou, por exemplo, que o uso de antibióticos na primeira fase da
vida pode aumentar o risco de desenvolvimento de dermatites em até 40%. Não há
dúvida de que as crianças hoje estão sendo expostas a menos bactérias do que no
passado, e sofrendo, assim, mais alergias. Mas não é apenas a forma como as
crianças nascem que impacta o número de bactérias presentes em seu corpo. O
estilo de vida que elas adotam à medida que crescem também tem papel
fundamental no desenvolvimento de alergias, de acordo pesquisadores.
'Velhos amigos'
Ao acompanhar as duas famílias por quase 24 horas,
a reportagem da BBC descobriu que elas passavam, em média, 91% de seu tempo
entre quatro paredes (casa, escola, trabalho) – uma tendência bastante comum no
Reino Unido. Na medida em que nossas vidas estão se tornando cada vez mais
sedentárias, perdemos uma vasta gama de bactérias que habitam em nossos jardins
e pairam no ar. Assim, a maneira mais fácil de reduzir as chances de desenvolver
alergias é sair de casa. Desde passear com o cachorro a caminhar a pé até a
escola, pesquisas indicam que um pouco de ar puro traz benefícios
incontestáveis para a saúde. Outro estudo constatou que quanto maior o contato
com plantas e flores, maior é a quantidade de bactérias na pele, o que também
reduz a propensão às alergias. Segundo o professor Graham Rook, da Universidade
College London, essas bactérias são nossos "velhos amigos" e exercem
papel fundamental para nossa saúde. "De certa forma, essa percepção de que
os humanos são, de fato, ecossistemas e que dependemos tanto desses
micro-organismos é provavelmente o mais importante avanço da medicina nos
últimos cem anos", diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qual a sua opinião sobre isso?