quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Sabesp perde 36% da água e trata 52% do esgoto em SP, diz instituto





#COMENTÁRIO

Já pude ver isso “in loco”, onde a tubulação de uma ligação residencial havia sido estourada. Passaram-se mais de doze horas entre a reclamação do proprietário e o atendimento da Sabesp. Poder-se-ia tratar de um fato isolado sem não fossem os comentários dos transeuntes que por ali passavam e comentavam casos semelhantes.
Hoje resido em uma cidade atendida por um sistema de autônomo de água e os problemas são os mesmos. O que está errado não é a rapidez ou não no atendimento, mas sim, a falta de manutenção das redes, a modernização das redes de atendimento através de galerias e não enterradas e conseqüentemente, a urgência no atendimento da emergência. Independente da atual carestia de água essas medidas deveriam ser tomadas a qualquer tempo, constantemente.
 
#Disse

Carlos Leonardo

Fonte: Globo.com 




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Isabela Leite - G1- São Paulo

A cidade de São Paulo perdeu 36,3% da água tratada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) em 2012, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Trata Brasil com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). A cada 10 litros tratados, mais de três não são consumidos ou usados de maneira regular. As perdas ocorrem por causa de vazamentos na distribuição, ligações clandestinas, roubos e falta de medição. A pesquisa ainda aponta que a capital paulista só trata 52,15% do esgoto da água consumida. Os dados são os mais recentes disponíveis no SNIS e colocam a capital paulista em 25º lugar no “Ranking do Saneamento Básico nas 100 Maiores Cidades do País”, divulgado pelo Trata Brasil. A metodologia foi desenvolvida pela empresa de consultoria GO Associados.
A Sabesp rebateu os dados afirmando que, se considerado apenas os vazamentos, a empresa tem índices melhores que o de países desenvolvidos. “Esse indicador era de 20,3% no início de 2014 e já caiu para 19,8% em junho/2014. Nos melhores sistemas do mundo, como Japão e Alemanha, as perdas físicas estão em torno de 8%. No Reino Unido são de 16%, na Filadélfia (EUA) são 25,6%, na França, 26%, e na Itália, 29%”, informou a companhia em nota.
Entretanto, a empresa não detalhou os dados, apontando se eles refletem a situação na cidade ou no estado. A companhia informou ainda que prevê aplicar R$ 6 bilhões, entre 2009 e 2020, para atingir índices de perdas de 16,7%. A empresa diz já ter aplicado R$ 1,45 bilhão e que conta com financiamento do Japão.

Vazamento em Santa Cecília
Os problemas apresentados pelo estudo são vivenciados diariamente por moradores da capital. Os funcionários de um salão de beleza na esquina da Alameda Eduardo Prado com a Rua Brigadeiro Galvão, em Santa Cecília, no Centro, dizem que convivem com um vazamento há meses. Nesse período, uma obra chegou a ser feita, mas não solucionou o problema. "Já faz mais de um mês que está assim. A gente economiza e vê essa água toda indo embora", afirmou a funcionária Rosimara da Cunha.
Maria do Livramento, proprietária de outro salão na região, teve que conviver com água acumulada na porta. "Vem folha, vem lama. Já chegou gente a cair aqui na minha frente. É a maior dificuldade até para entrar aqui no salão. Fica complicado para pessoas de idade para atravessarem", disse. "Eu não lavo o meu salão há quatro meses para não desperdiçar e vejo essa água limpinha aí na porta, desanima a gente."
Procurada pelo G1, a Sabesp não havia informado qual a situação do reparo até a publicação da reportagem. Neste ano, após o agravamento da crise de abastecimento, a Sabesp informou que diminui o tempo de reparos a vazamentos de 48 horas para um período entre 26 a 30 horas.
No começo do ano, mais de 700 pontos de vazamentos na rede de abastecimento na Grande São Paulo foram apontados por leitores ao longo de poucos mais de dois meses. Os dados compilados em um mapa do G1 serviram para apoiar concessionárias a economizar água no momento em que o Sistema Cantareira começava a entrar em crise.

Sem evolução
O relatório do SNIS mostra que, apesar de 99,1% da população paulistana ser atendida pela rede de abastecimento, mais de um terço da água não é contabilizado como “entregue oficialmente” aos clientes da Sabesp. As perdas totais de água - na distribuição e faturamento - não tiveram melhoria expressiva nos últimos anos no âmbito nacional. A Sabesp rebate afirmando que, desde 2004, as perdas físicas caíram de 26,7% para 20,3%. A perda na distribuição ocorre quando a água sai da concessionária, mas não é entregue por falhas físicas na rede. Já a perda no faturamento ocorre quando a água é consumida, mas não é paga. Isso ocorre, principalmente, por causa de ligações clandestinas e furtos na rede. A situação é recorrente em áreas de ocupação que não foram regularizadas pelas prefeituras, segundo a assessoria de imprensa da Sabesp.
Das 100 maiores cidades do país, 90% não tiveram evolução na redução das perdas ou somente melhoraram seus índices em 10% entre 2011 e 2012. A média das cidades brasileiras na perda de água (faturamento e distribuição) foi de 36,9% em 2012.
A situação é a mesma na cidade de São Paulo, com 11.376.685 habitantes no ano da medição. O menor índice de perdas totais registrado pelo SNIS na capital paulista desde 2003 foi 35% em 2005. O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento não recebeu os dados referente às perdas em 2003 e 2004.
Os vazamentos são alvo de constante reclamação dos moradores. Em alguns casos, o problema chega a ser solucionado, mas volta  acontecer pouco tempo depois, como na Rua Doutor Almeida Lima, na Mooca, Zona Leste. Segundo o autônomo Rodrigo Ribeiro dos Santos, o mesmo vazamento já foi reparado diversas vezes, mas continua causando transtornos. “É inacreditável. Já tem uns seis meses que está assim. A Sabesp também foi lá várias vezes, mas eles não cobriram o cano, que já voltou a vazar”, disse o autônomo.
Para ele, a água economizada com medidas caseiras acaba sendo desperdiçada na rua. “Sabe, nós não lavamos o carro, tomamos banhos rápidos, escovamos os dentes de torneira fechada e vê esse vazamento... É coisa de chocar."
O mesmo ocorre na Rua Maria Silvina Tavares, no Morro do Índio, na Zona Sul de São Paulo. A dona de casa Adeilza Martins, de 33 anos, relatou diversos vazamentos por lá. “Tem uns dois ou três e acaba saindo um monte de água. Já faz pelo menos uns quatro meses. Eles [funcionários da Sabesp] vêm aqui, olham, escrevem para outra equipe vir, quebram a rua, dizem que não é o vazamento certo e vão embora”, afirmou.
A moradora tem reaproveitando a água para reduzir o consumo, mas se diz desestimulada ao se deparar com o desperdício na rua. “Eu estou lavando roupa com as sobras de água de outra roupa. Eu estou economizando. A gente vê a situação e fica triste. A gente tem filho pequeno e tem hora que não tem água na torneira. E a água fica aí vazando, não é justo.”

Retorno baixo do esperado
O tratamento de esgoto é outro serviço com evolução lenta na capital paulista, segundo especialistas ouvidos pelo G1. “Temos dois anos de defasagem nos dados, mas ainda há um volume muito grande de esgoto a ser tratado”, afirmou o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. A cidade de São Paulo, segundo ele, é a que mais investe na rede de água como um todo, mas o retorno ainda está abaixo do esperado.
“É um indicador [o de tratamento de esgoto] que tem avançado pouco e preocupa, ainda mais em uma crise hídrica como a que estamos passando. Seria um sonho poder usar a água dos rios para o abastecimento da população, mas essa água não é limpa. E isso não é só em São Paulo, mas em várias cidades que lançam o esgoto direto nos rios”,  completou.
A Sabesp diz que, desde 1995, desenvolve projeto de saneamento que considera o "maior" em andamento no país. "A Sabesp elevou o índice de coleta de esgoto nas cidades atendidas da Grande SP de 62% para 84%", informou. Entretanto, a empresa não detalhou a situação na cidade de São Paulo. "Em todas as 364 cidades atendidas pela companhia, a coleta está em 84% e o tratamento, em 78%", disse a empresa.

Arrecadação x investimentos
O Instituto Trata Brasil defende que, para que os serviços de saneamento sejam expandidos e modernizados, é importante que uma parte relevante da arrecadação das companhias seja reinvestida no sistema. Entre 2008 e 2012, a cidade de São Paulo investiu R$ 5,4 bilhões e arrecadou R$ 17,8 bilhões, segundo o SNIS.
O contrato entre a prefeitura e a Sabesp define que a companhia deve investir 13% da receita bruta, com exceção da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS-Pasep).
A fiscalização da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) é feita após análise pelo Comitê Gestor (formado por integrantes da prefeitura e do governo do estado) de relatório de investimentos enviado pela Sabesp. O documento é enviado para a agência verificar se há descumprimento e informar a companhia e ao Comitê para que os acertos sejam feitos.

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