#COMENTÁRIO
Já pude ver isso “in loco”, onde a tubulação
de uma ligação residencial havia sido estourada. Passaram-se mais de doze horas
entre a reclamação do proprietário e
o atendimento da Sabesp. Poder-se-ia tratar de um fato isolado sem não fossem
os comentários dos transeuntes que por ali passavam e comentavam casos
semelhantes.
Hoje resido em uma cidade atendida por um sistema de autônomo de
água e os problemas são os mesmos. O que está errado não é a rapidez ou não no atendimento, mas sim, a falta de manutenção das redes, a modernização
das redes de atendimento através de galerias e não enterradas e conseqüentemente,
a urgência no atendimento da emergência. Independente da atual carestia de água essas medidas deveriam
ser tomadas a qualquer tempo, constantemente.
#Disse
Carlos Leonardo
Fonte: Globo.com
#CONVITE
Você se sente bem
atendido pelo sistema de água que é usuário?
Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).
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Isabela Leite - G1- São
Paulo
A cidade de São Paulo perdeu
36,3% da água tratada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) em
2012, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Trata
Brasil com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS). A cada 10 litros tratados, mais de três não são consumidos ou usados de
maneira regular. As perdas ocorrem por causa de vazamentos na distribuição,
ligações clandestinas, roubos e falta de medição. A pesquisa ainda aponta que a
capital paulista só trata 52,15% do esgoto da água consumida. Os dados são os
mais recentes disponíveis no SNIS e colocam a capital paulista em 25º lugar no
“Ranking do Saneamento Básico nas 100 Maiores Cidades do País”, divulgado pelo
Trata Brasil. A metodologia foi desenvolvida pela empresa de consultoria GO
Associados.
A Sabesp rebateu os dados
afirmando que, se considerado apenas os vazamentos, a empresa tem índices
melhores que o de países desenvolvidos. “Esse indicador era de 20,3% no início
de 2014 e já caiu para 19,8% em junho/2014. Nos melhores sistemas do mundo,
como Japão e Alemanha, as perdas físicas estão em torno de 8%. No Reino Unido
são de 16%, na Filadélfia (EUA) são 25,6%, na França, 26%, e na Itália, 29%”,
informou a companhia em nota.
Entretanto, a empresa não
detalhou os dados, apontando se eles refletem a situação na cidade ou no
estado. A companhia informou ainda que prevê aplicar R$ 6 bilhões, entre 2009 e
2020, para atingir índices de perdas de 16,7%. A empresa diz já ter aplicado R$
1,45 bilhão e que conta com financiamento do Japão.
Vazamento
em Santa Cecília
Os problemas apresentados
pelo estudo são vivenciados diariamente por moradores da capital. Os
funcionários de um salão de beleza na esquina da Alameda Eduardo Prado com a
Rua Brigadeiro Galvão, em Santa Cecília, no Centro, dizem que convivem com um
vazamento há meses. Nesse período, uma obra chegou a ser feita, mas não
solucionou o problema. "Já faz mais de um mês que está assim. A gente
economiza e vê essa água toda indo embora", afirmou a funcionária Rosimara
da Cunha.
Maria do Livramento,
proprietária de outro salão na região, teve que conviver com água acumulada na
porta. "Vem folha, vem lama. Já chegou gente a cair aqui na minha frente. É
a maior dificuldade até para entrar aqui no salão. Fica complicado para pessoas
de idade para atravessarem", disse. "Eu não lavo o meu salão há
quatro meses para não desperdiçar e vejo essa água limpinha aí na porta,
desanima a gente."
Procurada pelo G1, a Sabesp não havia informado qual
a situação do reparo até a publicação da reportagem. Neste ano, após o
agravamento da crise de abastecimento, a Sabesp informou que diminui o tempo de
reparos a vazamentos de 48 horas para um período entre 26 a 30 horas.
No começo do ano, mais de 700
pontos de vazamentos na rede de abastecimento na Grande São Paulo foram
apontados por leitores ao longo de poucos mais de dois meses. Os dados
compilados em um mapa do G1 serviram
para apoiar concessionárias a economizar água no momento em que o Sistema
Cantareira começava a entrar em crise.
Sem
evolução
O relatório do SNIS mostra
que, apesar de 99,1% da população paulistana ser atendida pela rede de
abastecimento, mais de um terço da água não é contabilizado como “entregue
oficialmente” aos clientes da Sabesp. As perdas totais de água - na
distribuição e faturamento - não tiveram melhoria expressiva nos últimos anos
no âmbito nacional. A Sabesp rebate afirmando que, desde 2004, as perdas
físicas caíram de 26,7% para 20,3%. A perda na distribuição ocorre quando a
água sai da concessionária, mas não é entregue por falhas físicas na rede. Já a
perda no faturamento ocorre quando a água é consumida, mas não é paga. Isso
ocorre, principalmente, por causa de ligações clandestinas e furtos na rede. A
situação é recorrente em áreas de ocupação que não foram regularizadas pelas
prefeituras, segundo a assessoria de imprensa da Sabesp.
Das 100 maiores cidades do
país, 90% não tiveram evolução na redução das perdas ou somente melhoraram seus
índices em 10% entre 2011 e 2012. A média das cidades brasileiras na perda de
água (faturamento e distribuição) foi de 36,9% em 2012.
A situação é a mesma na
cidade de São Paulo, com 11.376.685 habitantes no ano da medição. O menor
índice de perdas totais registrado pelo SNIS na capital paulista desde 2003 foi
35% em 2005. O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento não recebeu os
dados referente às perdas em 2003 e 2004.
Os vazamentos são alvo de
constante reclamação dos moradores. Em alguns casos, o problema chega a ser
solucionado, mas volta acontecer pouco
tempo depois, como na Rua Doutor Almeida Lima, na Mooca, Zona Leste. Segundo o
autônomo Rodrigo Ribeiro dos Santos, o mesmo vazamento já foi reparado diversas
vezes, mas continua causando transtornos. “É inacreditável. Já tem uns seis
meses que está assim. A Sabesp também foi lá várias vezes, mas eles não
cobriram o cano, que já voltou a vazar”, disse o autônomo.
Para ele, a água economizada
com medidas caseiras acaba sendo desperdiçada na rua. “Sabe, nós não lavamos o
carro, tomamos banhos rápidos, escovamos os dentes de torneira fechada e vê
esse vazamento... É coisa de chocar."
O mesmo ocorre na Rua Maria
Silvina Tavares, no Morro do Índio, na Zona Sul de São Paulo. A dona de casa
Adeilza Martins, de 33 anos, relatou diversos vazamentos por lá. “Tem uns dois
ou três e acaba saindo um monte de água. Já faz pelo menos uns quatro meses.
Eles [funcionários da Sabesp] vêm aqui, olham, escrevem para outra equipe vir,
quebram a rua, dizem que não é o vazamento certo e vão embora”, afirmou.
A moradora tem reaproveitando
a água para reduzir o consumo, mas se diz desestimulada ao se deparar com o
desperdício na rua. “Eu estou lavando roupa com as sobras de água de outra
roupa. Eu estou economizando. A gente vê a situação e fica triste. A gente tem
filho pequeno e tem hora que não tem água na torneira. E a água fica aí
vazando, não é justo.”
Retorno
baixo do esperado
O tratamento de esgoto é
outro serviço com evolução lenta na capital paulista, segundo especialistas
ouvidos pelo G1. “Temos
dois anos de defasagem nos dados, mas ainda há um volume muito grande de esgoto
a ser tratado”, afirmou o presidente executivo do Instituto Trata Brasil,
Édison Carlos. A cidade de São Paulo, segundo ele, é a que mais investe na rede
de água como um todo, mas o retorno ainda está abaixo do esperado.
“É um indicador [o de
tratamento de esgoto] que tem avançado pouco e preocupa, ainda mais em uma
crise hídrica como a que estamos passando. Seria um sonho poder usar a água dos
rios para o abastecimento da população, mas essa água não é limpa. E isso não é
só em São Paulo, mas em várias cidades que lançam o esgoto direto nos
rios”, completou.
A Sabesp diz que, desde 1995,
desenvolve projeto de saneamento que considera o "maior" em andamento
no país. "A Sabesp elevou o índice de coleta de esgoto nas cidades
atendidas da Grande SP de 62% para 84%", informou. Entretanto, a empresa
não detalhou a situação na cidade de São Paulo. "Em todas as 364 cidades
atendidas pela companhia, a coleta está em 84% e o tratamento, em 78%",
disse a empresa.
Arrecadação
x investimentos
O Instituto Trata Brasil
defende que, para que os serviços de saneamento sejam expandidos e
modernizados, é importante que uma parte relevante da arrecadação das
companhias seja reinvestida no sistema. Entre 2008 e 2012, a cidade de São
Paulo investiu R$ 5,4 bilhões e arrecadou R$ 17,8 bilhões, segundo o SNIS.
O contrato entre a prefeitura
e a Sabesp define que a companhia deve investir 13% da receita bruta, com
exceção da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e
Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PIS-Pasep).
A fiscalização da Agência
Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) é feita após
análise pelo Comitê Gestor (formado por integrantes da prefeitura e do governo
do estado) de relatório de investimentos enviado pela Sabesp. O documento é
enviado para a agência verificar se há descumprimento e informar a companhia e
ao Comitê para que os acertos sejam feitos.
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